Domingo, 30 de Maio de 2010
SOLENIDADE
DA
A Trindade é o termo empregado para significar a doutrina central da religião Cristã: a verdade que na unidade do Altíssimo, há Três Pessoas, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, estas Três Pessoas sendo verdadeiramente distintas uma da outra.
A Santíssima Trindade
O PAI
I "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"
232 Os cristãos são batizados "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). Antes disso eles respondem "Creio" à tríplice pergunta que os manda confessar sua fé no Pai, no Filho e no Espírito: "Fides omnium christianorum in Trinitate consistit" ("A fé de todos os cristãos consiste na Trindade") (S. Cesáreo de Arlés, symb.).
233 Os cristãos são batizados "em nome" do Pai e do Filho e do Espírito Santo e não "nos nomes" destes três (cf. Profissão de fé do Papa Vigilio em 552: DS 415), pois só existe um Deus, o Pai todo-poderoso, seu Filho único e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade.
234 O misterio da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo, é, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na "hierarquia das verdade de fé" (DCG 43). "Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos meios pelos quais Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia, consigo e une a si os homens que se afastam do pecado" (DCG 47).
235 Neste parágrafo se exporá brevemente de que modo é revelado o mistério da Santíssima Trindade (I), de que maneira a Igreja formulou a doutrina da fé sobre este mistério (II), e, finalmente, de que modo, através das missões divinas do Filho e do Espírito Santo, Deus Pai realiza seu "desígnio benevolente” de criação, de redenção, e de santificação (III).
236 Os Padres da Igreja distinguem entre a "Theologia" e a "Oikonomia", designando com o primeiro termo o mistériod a vida íntima do Deus-Trindade, com o segundo todas as obras de Deus através das quais ele se revela e comunica sua vida. É através da "Oikonomia" que nos é revelada a "Theologia"; mas, inversamente, é a "Theologia", que ilumina toda a "Oikonomia". As obras de Deus revelam quem ele é em si mesmo; e inversamente, o mistério do seu Ser íntimom ilumina a compreensão de todas as suas obras. Acontece o mesmo, analogicamente, entre as pessoas humanas. A pessoa mostra-se no seu agir, e quanto melhor conhecemos uma pessoa, tanto melhor compreendemos o seu agir.
237 A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um dos “mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto" (Cc. Vaticano I: DS 3015. Deus, certamente, deixou marcas de seu ser trinitário em sua obra de Criação e em sua Revelação ao long do Antigo Testamento. Mas a intimidade de seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura a razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.
II A revelação de Deus como Trindade
O Pai revelado pelo Filho
238 A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada como "pai dos deuses e dos homens". Em Israel, Deus é chamado de Pai enquanto Criador do mundo (Cf. Dt 32,6; Ml 2,10). Deu é Pai, mais ainda, em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4,22). É também chamado de Pai do rei de Israel (cf. 2 S 7,14). Muito particularmente ele é "o Pai dos pobres", do órfão e da viúva, que estão sob sua proteção de amor (cf. Sal 68,6).
239 o designar a Deus com o nome de “Pai", a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é origem primeira de tudo e autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos. Esta ternura paterna de Deus pode também ser expressa pela imagem da maternidade (cf. Is 66,13; Sl 131,2) que indica mais a imanência de Deus, a intimidade entre Deus e a sua criatura. A linguagem da fé inspira-se assim na experiência humana dos pais (genitores), que são de certo modoos primeiros representantes de Deus para o homem. Mas esta experiência humana ensina também que os pais humanos são falíveis e que podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém então lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende tampém à paternidade e à maternidade humanas (cf. Sl 27,10), embora seja a sua origem e a medida (cf. Ef 3,14; Is 49,15): Ninguém é pai como Deus o é.
240 Jesus revelou que Deus é "Pai" num sentido inaudito: não o é somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em relação a seu Filho único, que reciprocamente só é Filho em relação a seu pai “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,27).
241 É por isso que os apóstolos confessam Jesus como "o Verbo” que “ no início estava junto de Deus” e que “é Deus" (Jo 1,1), como "a imagem do Deus invisível" (Cl 1,15), como "o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser" Hb 1,3).
242 Na esteira deles, seguindo a Tradição apostólica, a Igreja, no ano de 325, no primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, confessou que o Filho é "consubstancial" ao Pai, isto é, um só Deus com Ele. O segundo Concílio Ecumênico, reunido em Constantinopla em 381, conservou esta expressão na sua formulação do Credo de Nicéia e confessou "o Filho Único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai" (DS 150).
O Pai e o Filho revelados pelo Espírito
243 Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de "outro Paráclito" (Defensor), o Espírito Santo. Em ação desde a criação (cf. Gn 1,2), depois de ter outroral "falado pelos profetas" (Credo de Nicéia-Constantinopla), ele estará agora junto dos discípulos e neles (cf. Jo 14,17), a fim de ensiná-los (cf. Jo 14,16) e conduzi-los “à verdade inteira” (Jo 16,13). O Espírito Santo é revelado assim como uma outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai.
244 A origem eterna do Espirito revela-se na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos Apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois que este tiver voltado para junto do Pai (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,14). O envio da pessoa do Espírito após a gloficação de Jesus (cf. Jo 7,39), revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade.
245 A fé apostólica no tocante ao Espírito foi confessada pelo segundo concílio ecumênico em 381 em Constantinopla: "Cremos no Espírito Santo, que é Senhor e que dá a vida, que procede do Pai" (DS 150). Com isto a Igreja reconhece o Pai como "a fonte e a origem de toda a divindade" (Cc. de Toledo VI, ano 638: DS 490). Ma a origem eterna do Espírito Santo não deixa de estar vinculada à do Filho: "O Espírito Santo, que é a Terceira Pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza... Contudo, não se diz que Ele é somente o Espírito do Pai, mas ao mesmo tempo o espírito do Pai e do Filho" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 527). O Credo da Igreja, do Concílio de Constantinopla (ano 381) confessa: "Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a mesma glória" (DS 150).
246 A tradição latina do Credo confessa que o Espírito "procede do Pai e do Filho (Filioque)". O Concílio de Florença, em 1438, explicita: "O Espírito Santo tem sua essência e seu ser subsistente ao mesmo tempo do Pai e do Filho e procede eternamente de Ambos como de um só Pincípio e por uma única expiração...E uma vez que tudo o que é do Pai, o Pai mesmo o deu ao seu Filho Único ao gerá-lo, excetuando o seu ser de Pai, esta própria processão do Espírito Santo a partir do Filho, ele a tem eternamente de Seu Pai que o gerou eternamente" (DS 1300-1301).
247 A afirmação do filioque não figurava no símbolo professado em 381 em Constantinopla. Mas com base em uma antiga tradição latina e alexandrina, o Papa S. Leão o havia já confessado dogmaticamente em 447 (cf. DS 284) antes que Roma conhecesse e recebesse, em 451, no concílio de Calcedônia, o símbolo de 381. O uso desta fórmula no Credo foi admitido pouco a pouco na liturgia latina (entre os séculos VIII e XI). Todavia, a introdução do Filioque no Símbolo de niceno-constantinopolitano pela liturgia latina constitui, ainda hoje, um ponto de discórdia em relação às igrejas ortodoxas.
248 A tradição oriental põe primeiramente em relevo o caráter de origem primeira do Pai em relação ao Espírito. Ao confessar o Espírito como "procedente do Pai" (Jo 15,26), ela afirma que o Espírito procede do Pai pelo Filho (cf. AG 2). A tradição ocidental põe primeiramente em relevo a comunhão consubstancial entre o Pai e o Filho afirmando que o Espírito Procede do Pai e do Filho (Filioque). Ela o afirma "de forma legítima e racional" (Cc. de Florença, 1439: DS 1302), pois a a ordem eterna das pessoas divinas na sua comunhão consubstancial implica não só que o Pai seja a origem primeira do Espírito enquanto "princípio sem princípio" (DS 1331), mas também, enquanto Pai do Filho Único, que seja com ele "o único princípio do qual procede o Espírito Santo" (Cc. de Lyon II, 1274: DS 850). Esta legítima complementaridade, se não fo radicalizada, não afeta a identidade da fé na realidade do mesmo mistério confessado.
III A Santíssima Trindade na doutrina da fé
A formação do dogma trinitário
249 A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé vida da Igreja, principalmente através do Batismo. Ela encontra a sua expressão na regra da fé batismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos escritos apostólicos, como na seguinte saudação, retomada na liturgia eucarística: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2 Co 13,13; cf. 1 Cor 12,4-6; Ef 4,4-6).
250 No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais explicitamente a sua fé trinitária, tanto para aprofundar a sua própria compreensão da fé, quanto para defendê-la contra erros que a estavam deformando. Isso foi obra dos Concílios antigos, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e apoiados pelo senso da fé do povo cristão.
251 Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de desenvolver uma terminologia própria recorrendo a noções de origem filosófica: "substância", "pessoa" ou "hipóstase", "relação", etc. Ao fazer isto, não submeteu a fé a uma sabedoria humana senão que imprimiu um sentido novo, inaudito, a esses termos, chamados a significar a partir daí também um Mistério inefável, que "supera infinitamente tudo o que nós podemos compreender dentro do limite humano" (Paulo VI, SPF 2).
252 A Igreja utiliza o termo "substância" (traduzido também, às vezes, por "essência" ou por "natureza") para designar o ser divino em sua unidade; o termo "pessoa" ou "hipóstase" para designar o Padre, o Filho e o Espírito Santo na sua distinção real entre si, e o termo "relação" para designar o fato de a distinção entre eles residir na referência de uns aos outros.
O dogma da Santíssima Trindade
253 A Trindade é Una. Não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: "a Trindade consubstancial" (Cc. Constantinopla II, ano 553: DS 421). As pessoas divinas não se dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à natureza” (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 530). "Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina" (Cc. de Latrão IV, ano 1215: DS 804).
254 As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário" (Fides Damasi: DS 71). "Pai", "Filho”, Espírito Santo" não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 530). São distintos entre si pelas suas relações de origem: "É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede" (Cc. Latrão IV, ano 1215: DS 804). A Unidade divina é Trina.
255 As pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras; "Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três pessoas considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 528). Pois "todo é uno (neles) lá onde não se encontra a opsição de relação" (Cc. de Florença, ano 1442: DS 1330). "Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho" (Cc. de Florença 1442: DS 1331).
256 Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno, denominado também "o Teólogo", confia o seguinte resumo da fé trinitária:
Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todo os males e desprezar todos os prazeres; refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela.
Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de uma maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (0r. 40,41: PG 36,417).
IV As obras divinas e as missões trinitárias
257 "O lux beata Trinitas et principalis Unitas!" ("Ó luz, Trindade bendita. Ó primordial Unidade!") (LH, hino de vésperas) Deus é beatitude eterna, vida imortal, luz sem ocaso. Deus é amor: Pai, Filho e Espírito Santo. Livremente Deus quer comunicar a glória da sua vida bem-aventurada. Este é o "desígnio” de benevolência (Ef 1,9) que ele concebeu desde antes da criação do mundo no seu Filho bem-amado, "predestinando-nos à adoção filial neste" (Ef 1,4-5), isto é, "a reproduzir a imagem de seu Filho" (Rm 8,29) graças ao "Espírito de adoção filial" (Rm 8,15). Esta decisão prévia é uma "graça concedida antes de todos os séculos" (2 Tm 1,9-10), proveniente diretamente do amor trinitário. Ele se desdobra na obra da criação, em toda a história da salvação após a queda, nas missões do Filho e do Espírito, prolongadas pela missão da Igreja (cf. AG 2-9).
258 Toda a economia divina é a obra comum das três pessoas divinas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma natureza, assim também não tem senão uma única e mesma operação (cf. Cc.
de Constantinopla, ano 553: DS 421). "O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio" (Cc. de Florença, ano 1442: DS 1331). Contudo, cada pessoa divina opera a obra comum segundo a sua propriedade pessoal. Assim a Igreja confessa, na linha do Novo Testamento (cf. 1 Co 8,6): "Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo para quem são todas as coisas, um Espírito Santo em quem são todas as coisas (Cc. de Constantinopla II: DS 421). São, sobretudo as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as propriedades das pessoas divinas.
259 Obra ao mesmo tempo comum e pessoal, toda a Economia divina dá a conhecer tanto a propriedade das pessoas divinas como a sua única natureza. Outrossim, toda a vida cristã é comunhão com cada uma das pessoas divinas, sem de modo algum separá-las. Quem rende glória ao Pai o faz pelo Filho no Espírito Santo; quem segue a Cristo, o faz porque o Pai o atrai (cf. Jo 6,44) e o Espírito o impulsiona (cf. Rm 8,14).
260 O fim último de toda a Economia divina é a entrada das criaturas na unidade perfeita da Santíssima Trindade (cf. Jo 17,21-23). Mas desde já somos chamados a ser habitados pela Santíssima Trindade: "Se alguém me ama –diz o Senhor- guardará a minha Palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele, e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23).
Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para firmar-me em Vós, imóvel e pacífico, como se a minha alma já estivesse na eternidade: que nada consiga perturbar a minha paz nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma. Fazei dela o vosso céu, vossa amada morada e o lugar do vosso repouso. Que nela eu nunca vos deixe só, mas que eu esteja aí, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adorante, toda entregue à vossa ação criadora (Oração da Beata Isabel da Trindade).
Resumo
261 O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus no-lo pode dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo.
262 A Encarnação do Filho de Deus revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial ao Pai, isto é, que ele é o no Pai e com o Pai o mesmo Deus único.
263 A missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho (cf. Jo 14,26) e pelo Filho "de junto do Pai" (Jo 15,26), revela que o Espírito é com ele o mesmo Deus único. "Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado".
264 "O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação e pela doação eterna deste último ao filho, do Pai e do Filho em comunhão" (S. Agostinho, Trin. 15,26,47).
265 Pela graça do Batismo "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aquí na terra na obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna (cf. Pablo VI, SPF 9).
266 "A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade e a Trinidade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância; pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna la majestade" (Symbolum "Quicumque").
267 Inseparáveis naquilo que são, as pessoas divinas sãoa também inseparáveis naquilo que fazem. Mas na única operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.
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Duas páginas proféticas de extraordinária beleza e intensidade introduzem um delicado solilóquio de Deus com os seus "filhos degenerados" (cf. Dt 32, 5). Nele Deus manifesta a sua constante e amorosa presença no enredo da história humana. Em Jeremias, o Senhor exclama: "Sou como um pai para Israel... Porventura, não é ele o Meu filho querido, ternamente amado por Mim? Todas as vezes que falo contra ele, mais viva se Me torna a sua lembrança. O Meu coração comove-se ao pensar nele. Terei compaixão dele" (31, 9.20). A outra estupenda confissão de Deus lê-se em Oseias: "Quando Israel era ainda menino, Eu o amei e chamei do Egipto o Meu filho... Eu ensinava Efraim a andar, trazia-o nos Meus braços, mas não reconheceram que era Eu Quem cuidava deles. Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para eles como a espuma que acariciava as suas faces, e dei-lhes alimento... O Meu coração dá voltas dentro de Mim, comove-se a Minha compaixão" (11, 1.3-4.8).
O Pai revelado pelo Filho
238 A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada como "pai dos deuses e dos homens". Em Israel, Deus é chamado de Pai enquanto Criador do mundo (Cf. Dt 32,6; Ml 2,10). Deu é Pai, mais ainda, em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4,22). É também chamado de Pai do rei de Israel (cf. 2 S 7,14). Muito particularmente ele é "o Pai dos pobres", do órfão e da viúva, que estão sob sua proteção de amor (cf. Sal 68,6).
239 o designar a Deus com o nome de “Pai", a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é origem primeira de tudo e autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos. Esta ternura paterna de Deus pode também ser expressa pela imagem da maternidade (cf. Is 66,13; Sl 131,2) que indica mais a imanência de Deus, a intimidade entre Deus e a sua criatura. A linguagem da fé inspira-se assim na experiência humana dos pais (genitores), que são de certo modoos primeiros representantes de Deus para o homem. Mas esta experiência humana ensina também que os pais humanos são falíveis e que podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém então lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende tampém à paternidade e à maternidade humanas (cf. Sl 27,10), embora seja a sua origem e a medida (cf. Ef 3,14; Is 49,15): Ninguém é pai como Deus o é.
240 Jesus revelou que Deus é "Pai" num sentido inaudito: não o é somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em relação a seu Filho único, que reciprocamente só é Filho em relação a seu pai “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,27).
241 É por isso que os apóstolos confessam Jesus como "o Verbo” que “ no início estava junto de Deus” e que “é Deus" (Jo 1,1), como "a imagem do Deus invisível" (Cl 1,15), como "o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser" Hb 1,3).
242 Na esteira deles, seguindo a Tradição apostólica, a Igreja, no ano de 325, no primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, confessou que o Filho é "consubstancial" ao Pai, isto é, um só Deus com Ele. O segundo Concílio Ecumênico, reunido em Constantinopla em 381, conservou esta expressão na sua formulação do Credo de Nicéia e confessou "o Filho Único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai" (DS 150).
O Pai e o Filho revelados pelo Espírito
243 Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de "outro Paráclito" (Defensor), o Espírito Santo. Em ação desde a criação (cf. Gn 1,2), depois de ter outroral "falado pelos profetas" (Credo de Nicéia-Constantinopla), ele estará agora junto dos discípulos e neles (cf. Jo 14,17), a fim de ensiná-los (cf. Jo 14,16) e conduzi-los “à verdade inteira” (Jo 16,13). O Espírito Santo é revelado assim como uma outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai.
244 A origem eterna do Espirito revela-se na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos Apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois que este tiver voltado para junto do Pai (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,14). O envio da pessoa do Espírito após a gloficação de Jesus (cf. Jo 7,39), revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade.
245 A fé apostólica no tocante ao Espírito foi confessada pelo segundo concílio ecumênico em 381 em Constantinopla: "Cremos no Espírito Santo, que é Senhor e que dá a vida, que procede do Pai" (DS 150). Com isto a Igreja reconhece o Pai como "a fonte e a origem de toda a divindade" (Cc. de Toledo VI, ano 638: DS 490). Ma a origem eterna do Espírito Santo não deixa de estar vinculada à do Filho: "O Espírito Santo, que é a Terceira Pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza... Contudo, não se diz que Ele é somente o Espírito do Pai, mas ao mesmo tempo o espírito do Pai e do Filho" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 527). O Credo da Igreja, do Concílio de Constantinopla (ano 381) confessa: "Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a mesma glória" (DS 150).
246 A tradição latina do Credo confessa que o Espírito "procede do Pai e do Filho (Filioque)". O Concílio de Florença, em 1438, explicita: "O Espírito Santo tem sua essência e seu ser subsistente ao mesmo tempo do Pai e do Filho e procede eternamente de Ambos como de um só Pincípio e por uma única expiração...E uma vez que tudo o que é do Pai, o Pai mesmo o deu ao seu Filho Único ao gerá-lo, excetuando o seu ser de Pai, esta própria processão do Espírito Santo a partir do Filho, ele a tem eternamente de Seu Pai que o gerou eternamente" (DS 1300-1301).
247 A afirmação do filioque não figurava no símbolo professado em 381 em Constantinopla. Mas com base em uma antiga tradição latina e alexandrina, o Papa S. Leão o havia já confessado dogmaticamente em 447 (cf. DS 284) antes que Roma conhecesse e recebesse, em 451, no concílio de Calcedônia, o símbolo de 381. O uso desta fórmula no Credo foi admitido pouco a pouco na liturgia latina (entre os séculos VIII e XI). Todavia, a introdução do Filioque no Símbolo de niceno-constantinopolitano pela liturgia latina constitui, ainda hoje, um ponto de discórdia em relação às igrejas ortodoxas.
248 A tradição oriental põe primeiramente em relevo o caráter de origem primeira do Pai em relação ao Espírito. Ao confessar o Espírito como "procedente do Pai" (Jo 15,26), ela afirma que o Espírito procede do Pai pelo Filho (cf. AG 2). A tradição ocidental põe primeiramente em relevo a comunhão consubstancial entre o Pai e o Filho afirmando que o Espírito Procede do Pai e do Filho (Filioque). Ela o afirma "de forma legítima e racional" (Cc. de Florença, 1439: DS 1302), pois a a ordem eterna das pessoas divinas na sua comunhão consubstancial implica não só que o Pai seja a origem primeira do Espírito enquanto "princípio sem princípio" (DS 1331), mas também, enquanto Pai do Filho Único, que seja com ele "o único princípio do qual procede o Espírito Santo" (Cc. de Lyon II, 1274: DS 850). Esta legítima complementaridade, se não fo radicalizada, não afeta a identidade da fé na realidade do mesmo mistério confessado.
III A Santíssima Trindade na doutrina da fé
A formação do dogma trinitário
249 A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé vida da Igreja, principalmente através do Batismo. Ela encontra a sua expressão na regra da fé batismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos escritos apostólicos, como na seguinte saudação, retomada na liturgia eucarística: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2 Co 13,13; cf. 1 Cor 12,4-6; Ef 4,4-6).
250 No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais explicitamente a sua fé trinitária, tanto para aprofundar a sua própria compreensão da fé, quanto para defendê-la contra erros que a estavam deformando. Isso foi obra dos Concílios antigos, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e apoiados pelo senso da fé do povo cristão.
251 Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de desenvolver uma terminologia própria recorrendo a noções de origem filosófica: "substância", "pessoa" ou "hipóstase", "relação", etc. Ao fazer isto, não submeteu a fé a uma sabedoria humana senão que imprimiu um sentido novo, inaudito, a esses termos, chamados a significar a partir daí também um Mistério inefável, que "supera infinitamente tudo o que nós podemos compreender dentro do limite humano" (Paulo VI, SPF 2).
252 A Igreja utiliza o termo "substância" (traduzido também, às vezes, por "essência" ou por "natureza") para designar o ser divino em sua unidade; o termo "pessoa" ou "hipóstase" para designar o Padre, o Filho e o Espírito Santo na sua distinção real entre si, e o termo "relação" para designar o fato de a distinção entre eles residir na referência de uns aos outros.
O dogma da Santíssima Trindade
253 A Trindade é Una. Não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: "a Trindade consubstancial" (Cc. Constantinopla II, ano 553: DS 421). As pessoas divinas não se dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à natureza” (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 530). "Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina" (Cc. de Latrão IV, ano 1215: DS 804).
254 As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário" (Fides Damasi: DS 71). "Pai", "Filho”, Espírito Santo" não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 530). São distintos entre si pelas suas relações de origem: "É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede" (Cc. Latrão IV, ano 1215: DS 804). A Unidade divina é Trina.
255 As pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras; "Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três pessoas considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 528). Pois "todo é uno (neles) lá onde não se encontra a opsição de relação" (Cc. de Florença, ano 1442: DS 1330). "Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho" (Cc. de Florença 1442: DS 1331).
256 Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno, denominado também "o Teólogo", confia o seguinte resumo da fé trinitária:
Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todo os males e desprezar todos os prazeres; refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela.
Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de uma maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (0r. 40,41: PG 36,417).
IV As obras divinas e as missões trinitárias
257 "O lux beata Trinitas et principalis Unitas!" ("Ó luz, Trindade bendita. Ó primordial Unidade!") (LH, hino de vésperas) Deus é beatitude eterna, vida imortal, luz sem ocaso. Deus é amor: Pai, Filho e Espírito Santo. Livremente Deus quer comunicar a glória da sua vida bem-aventurada. Este é o "desígnio” de benevolência (Ef 1,9) que ele concebeu desde antes da criação do mundo no seu Filho bem-amado, "predestinando-nos à adoção filial neste" (Ef 1,4-5), isto é, "a reproduzir a imagem de seu Filho" (Rm 8,29) graças ao "Espírito de adoção filial" (Rm 8,15). Esta decisão prévia é uma "graça concedida antes de todos os séculos" (2 Tm 1,9-10), proveniente diretamente do amor trinitário. Ele se desdobra na obra da criação, em toda a história da salvação após a queda, nas missões do Filho e do Espírito, prolongadas pela missão da Igreja (cf. AG 2-9).
258 Toda a economia divina é a obra comum das três pessoas divinas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma natureza, assim também não tem senão uma única e mesma operação (cf. Cc.
de Constantinopla, ano 553: DS 421). "O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio" (Cc. de Florença, ano 1442: DS 1331). Contudo, cada pessoa divina opera a obra comum segundo a sua propriedade pessoal. Assim a Igreja confessa, na linha do Novo Testamento (cf. 1 Co 8,6): "Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo para quem são todas as coisas, um Espírito Santo em quem são todas as coisas (Cc. de Constantinopla II: DS 421). São, sobretudo as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as propriedades das pessoas divinas.
259 Obra ao mesmo tempo comum e pessoal, toda a Economia divina dá a conhecer tanto a propriedade das pessoas divinas como a sua única natureza. Outrossim, toda a vida cristã é comunhão com cada uma das pessoas divinas, sem de modo algum separá-las. Quem rende glória ao Pai o faz pelo Filho no Espírito Santo; quem segue a Cristo, o faz porque o Pai o atrai (cf. Jo 6,44) e o Espírito o impulsiona (cf. Rm 8,14).
260 O fim último de toda a Economia divina é a entrada das criaturas na unidade perfeita da Santíssima Trindade (cf. Jo 17,21-23). Mas desde já somos chamados a ser habitados pela Santíssima Trindade: "Se alguém me ama –diz o Senhor- guardará a minha Palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele, e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23).
Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para firmar-me em Vós, imóvel e pacífico, como se a minha alma já estivesse na eternidade: que nada consiga perturbar a minha paz nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma. Fazei dela o vosso céu, vossa amada morada e o lugar do vosso repouso. Que nela eu nunca vos deixe só, mas que eu esteja aí, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adorante, toda entregue à vossa ação criadora (Oração da Beata Isabel da Trindade).
Resumo
261 O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus no-lo pode dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo.
262 A Encarnação do Filho de Deus revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial ao Pai, isto é, que ele é o no Pai e com o Pai o mesmo Deus único.
263 A missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho (cf. Jo 14,26) e pelo Filho "de junto do Pai" (Jo 15,26), revela que o Espírito é com ele o mesmo Deus único. "Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado".
264 "O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação e pela doação eterna deste último ao filho, do Pai e do Filho em comunhão" (S. Agostinho, Trin. 15,26,47).
265 Pela graça do Batismo "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aquí na terra na obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna (cf. Pablo VI, SPF 9).
266 "A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade e a Trinidade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância; pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna la majestade" (Symbolum "Quicumque").
267 Inseparáveis naquilo que são, as pessoas divinas sãoa também inseparáveis naquilo que fazem. Mas na única operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.
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Oração de Adoração à Santíssima Trindade
Adoração ao Pai Eterno.
Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória.
Oração
Nós vos adoramos, ó Pai eterno, com toda a corte celestial, por nosso Deus e Senhor, e vos damos infinitas graças em nome da Santíssima Virgem, vossa Filha muito amada, por todos os dons e privilégios com que a adornastes, especialmente por aquele poder com que a enaltecestes em sua gloriosa Assunção aos céus.
Pai Nosso, Ave Maria e Glória.
Adoração ao Eterno Filho.
Oração
Nós vos adoramos, ó eterno Filho, com toda a corte celestial por nosso Deus, Senhor e Redentor, e vos damos graças infinitas em nome da Santíssima Virgem, vossa mãe muito amada, por todos os dons e privilégios com que a adornastes, especialmente por aquela suma sabedoria com que a ilustrastes em sua gloriosa Assunção ao céu.
Nós vos adoramos, ó eterno Filho, com toda a corte celestial por nosso Deus, Senhor e Redentor, e vos damos graças infinitas em nome da Santíssima Virgem, vossa mãe muito amada, por todos os dons e privilégios com que a adornastes, especialmente por aquela suma sabedoria com que a ilustrastes em sua gloriosa Assunção ao céu.
Adoração ao Espírito Santo.
Pai nosso, Ave Maria e Glória
Oração
Nós vos adoramos, Espírito Santo paráclito, por meu Deus e Senhor, e vos damos infinitas graças com toda a corte celestial em nome da santíssima Virgem, vossa amadíssima Esposa por todos os dons e privilégios com que a adornastes, especialmente por aquela perfeitíssima e divina caridade com que inflamastes seu santíssimo e puríssimo coração no ato de sua gloriosíssima Assunção ao céu; e humildemente vos suplicamos em nome de vossa Imaculada Esposa, nos dê a graça de perdoar todos os gravíssimos pecados que cometemos desde o primeiro instante em que pecamos; até o presente, dos quais nos arrependemos infinitamente, com propósito de morrer antes que voltar a ofender vossa divina Majestade; e pelos altíssimos méritos e eficacíssima proteção de vossa amantíssima Esposa vos suplicamos nos conceda o preciosíssimo dom de vossa graça e divino amor, dando-nos aquelas luzes particulares com a quais vossa eterna Providência predeterminou nos salvar e conduzir-nos a si.
Oração à Santíssima Virgem
Vos reconheço e venero, ó Virgem santíssima, Rainha do céu, Senhora e Padroeira do universo, como a Filha do eterno Pai, Mãe de seu diletíssimo Filho, e Esposa amantíssima do Espírito Santo; e prostrado aos pés de vossa grande Majestade com a maior humildade vos suplico por aquela divina caridade; da qual fostes sumamente cheia em vossa Assunção ao céu, que me obtenha a singular graça e misericórdia de colocar sob vossa seguríssima e fidelíssima proteção, e de reciber no número daqueles felicíssimos e afortunados servos que levais esculpidos em vosso peito virginal.
Dignai-vos, ó Mãe e Senhora minha clementíssima, aceitar meu miserável coração, minha memória, minha vontade, e demais potências e sentidos meus interiores e exteriores; aceitai meus olhos, meus ouvidos, minha boca, minhas mãos e meus pés, governai-os conforme o beneplácito de vosso Filho, a fim de que com todos seus movimentos tenha intenção de tributar-vos glória infinita. E por aquela sabedoria com que vos iluminou vosso amantísimo Filho, rogo e suplico me alcanceis luz e claridade para conhecer bem a mim mesmo, meu nada e particularmente meus pecados, para odiá-los e detestá-los sempre, e alcançai-me também luz para conhecer as armadilhas do inimigo infernal e seus combates ocultos e manifestos. Especialmente, piedosísisma Mãe, vos suplico a graça… (mencionar)
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A glória da Trindade na história
(João Paulo II)
Caríssimos Irmãos e Irmãs:
1. Como ouvistes dos leitores, este nosso encontro foi aberto pelo "Grande Hallel", o Salmo 136[135], que é uma solene litania para solista e coro: ela eleva-se ao hesed de Deus, isto é, ao seu amor fiel que se revela nos eventos da história da salvação, em particular na libertação da escravidão do Egipto e no dom da terra prometida. O Credo do Israel de Deus (cf. Dt 26, 5-9; Js 24, 1-13) proclama as acções divinas no interior da história humana: o Senhor não é um imperador impassível, aureolado de luz e relegado aos céus dourados; Ele observa a miséria do seu povo no Egipto, escuta o seu clamor e desce para o libertar (cf. Êx 3, 7-8).
2. Pois bem, agora procuraremos ilustrar esta presença de Deus na história, à luz da revelação trinitária que, embora seja realizada plenamente no Novo Testamento, já é de algum modo antecipada e oculta no Antigo. Iniciaremos, pois, com o Pai, cujas características já se podem divisar na acção de Deus que intervém na história como pai amoroso e solícito para os justos que a Ele clamam. Ele é "pai dos órfãos e defensor das viúvas" (Sl 68, 6); é pai também em relação ao povo rebelde e pecador.
Duas páginas proféticas de extraordinária beleza e intensidade introduzem um delicado solilóquio de Deus com os seus "filhos degenerados" (cf. Dt 32, 5). Nele Deus manifesta a sua constante e amorosa presença no enredo da história humana. Em Jeremias, o Senhor exclama: "Sou como um pai para Israel... Porventura, não é ele o Meu filho querido, ternamente amado por Mim? Todas as vezes que falo contra ele, mais viva se Me torna a sua lembrança. O Meu coração comove-se ao pensar nele. Terei compaixão dele" (31, 9.20). A outra estupenda confissão de Deus lê-se em Oseias: "Quando Israel era ainda menino, Eu o amei e chamei do Egipto o Meu filho... Eu ensinava Efraim a andar, trazia-o nos Meus braços, mas não reconheceram que era Eu Quem cuidava deles. Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para eles como a espuma que acariciava as suas faces, e dei-lhes alimento... O Meu coração dá voltas dentro de Mim, comove-se a Minha compaixão" (11, 1.3-4.8).
3. Destes trechos bíblicos devemos tirar a conclusão de que Deus Pai de modo algum é indiferente em relação às nossas vicissitudes. Antes, Ele chega a enviar o Filho primogénito precisamente ao coração da história, como afirma o próprio Cristo no diálogo nocturno com Nicodemos: "Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3, 16-17). O Filho insere-se no interior do tempo e do espaço como o centro vivo e vivificante que dá sentido definitivo ao fluir da história, salvando-a da dispersão e da banalidade. Em particular para a cruz de Cristo, fonte de salvação e de vida eterna, converge toda a humanidade com as suas alegrias e as suas lágrimas, com a sua conturbada vicissitude de bem e mal: "E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim" (Jo 12, 32). Com uma frase fulgurante, a Carta aos Hebreus proclamará a perene presença de Cristo na história: "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre!" (13, 8).
4. Para descobrir sob o fluxo dos eventos esta presença secreta e eficaz, para intuir o Reino de Deus que já está no meio de nós (cf. Lc 17, 21), é necessário ir para além da superfície das datas e dos acontecimentos históricos. Aqui entra em acção o Espírito Santo. Embora o Antigo Testamento ainda não apresente uma revelação explícita da sua pessoa, podem bem "apropriar-se" a Ele certas iniciativas salvíficas. É Ele que move os juízes de Israel (cf. Jz 3, 10), David (cf. 1 Sm 16, 13), o rei-Messias (cf. Is 11, 1-2; 42, 1), mas sobretudo é Ele que efunde nos profetas, os quais têm a missão de revelar a glória divina oculta na história, o desígnio do Senhor subjacente às nossas vicissitudes. O profeta Isaías apresenta uma página de grande eficácia, que será retomada por Cristo no seu discurso programático na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu; enviou-Me a levar a boa nova aos que sofrem, a curar os de coração despedaçado, a anunciar a libertação aos prisioneiros; a proclamar um ano de graças da parte do Senhor" (61, 1-2; Lc 4, 18-19).
5. O Espírito de Deus não só revela o sentido da história, mas imprime força para colaborar no projecto divino que nela se cumpre. À luz do Pai, do Filho e do Espírito a história cessa de ser uma sucessão de eventos que se dissolvem no abismo da morte, mas torna-se um terreno fecundado pela semente da eternidade, um caminho que leva àquela meta sublime em que "Deus será tudo em todos" (1 Cor 15, 28). O Jubileu, que evoca "o ano de misericórdia" anunciado por Isaías e inaugurado por Cristo, quer ser a epifania desta semente e desta glória, para que todos esperem, sustentados pela presença e ajuda de Deus, um mundo novo, mais autenticamente cristão e humano.
Cada um de nós então, ao balbuciar alguma coisa do mistério da Trindade operante na nossa história, faça sua a admiração adorante de São Gregório de Nazianzo, teólogo e poeta, quando canta: "Glória a Deus Pai e ao Filho, Rei do universo. Glória ao Espírito, digno de louvor e inteiramente santo. A Trindade é um só Deus que criou e preenche todas as coisas... vivificando tudo com o seu Espírito, a fim de que toda a criatura cante ao seu sábio Criador, causa única do viver e do perdurar. Mais do que qualquer outra, a criatura racional sempre o celebre como grande Rei e Pai bom" (Poemas dogmáticos, XXI, Hymnus alias: PG 37, 510-511).
JOÃO PAULO II
Quarta-feira 9 de Fevereiro de 2000
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Liturgia da Santa Missa
Santíssima Trindade
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------------------------------------------------------------------ Explicação do Evangelho
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Liturgia da Santa Missa
Santíssima Trindade
Primeira leitura (Provérbios 8,22-31)
Domingo, 30 de Maio de 2010
Santíssima Trindade
Santíssima Trindade
Leitura do Livro dos Provérbios.
Assim fala a Sabedoria de Deus: 22“O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; 23desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra. 24Fui gerada quando não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, 25antes que fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada.
26Ele ainda não havia feito as terras e os campos, nem os primeiros vestígios de terra do mundo.
27Quando preparava os céus, ali estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, 28quando firmava as nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, 29quando fixava ao mar os seus limites — de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas — e lançava os fundamentos da terra, 30eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, 31brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Assim fala a Sabedoria de Deus: 22“O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; 23desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra. 24Fui gerada quando não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, 25antes que fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada.
26Ele ainda não havia feito as terras e os campos, nem os primeiros vestígios de terra do mundo.
27Quando preparava os céus, ali estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, 28quando firmava as nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, 29quando fixava ao mar os seus limites — de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas — e lançava os fundamentos da terra, 30eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, 31brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
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Salmo (Salmos 8)
Domingo, 30 de Maio de 2010
Santíssima Trindade
Santíssima Trindade
— Ó Senhor, nosso Deus, / como é grande vosso nome /por todo o universo!
— Ó Senhor, nosso Deus, /como é grande vosso nome /por todo o universo!
— Contemplando estes céus que plasmastes/ e formastes com dedos de artista;/ vendo a lua e estrelas brilhantes, perguntamos: /”Senhor, que é o homem,/ para dele assim vos lembrardes/ e o tratardes com tanto carinho?”
— Pouco abaixo de Deus o fizestes,/ coroando-o de glória e esplendor;/ vós lhe destes poder sobre tudo,/ vossas obras aos pés lhe pusestes:
— as ovelhas, os bois, os rebanhos,/ todo o gado e as feras da mata;/ passarinhos e peixes dos mares,/ todo ser que se move nas águas.
— Ó Senhor, nosso Deus, /como é grande vosso nome /por todo o universo!
— Contemplando estes céus que plasmastes/ e formastes com dedos de artista;/ vendo a lua e estrelas brilhantes, perguntamos: /”Senhor, que é o homem,/ para dele assim vos lembrardes/ e o tratardes com tanto carinho?”
— Pouco abaixo de Deus o fizestes,/ coroando-o de glória e esplendor;/ vós lhe destes poder sobre tudo,/ vossas obras aos pés lhe pusestes:
— as ovelhas, os bois, os rebanhos,/ todo o gado e as feras da mata;/ passarinhos e peixes dos mares,/ todo ser que se move nas águas.
Segunda leitura (Romanos 5,1-5)
Domingo, 30 de Maio de 2010
Santíssima Trindade
Santíssima Trindade
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos: 1Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 2Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus.
3E não só isso, pois nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, 4a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; 5e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Irmãos: 1Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 2Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus.
3E não só isso, pois nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, 4a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; 5e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
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Evangelho (João 16,12-15)
Domingo, 30 de Maio de 2010
Santíssima Trindade
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós!
— Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora.
13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.
14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
1ª Opção de Leitura e reflexão
Hoje a Igreja comemora uma grande festa, que nos enche de alegria. Comemoramos hoje a unidade. Celebramos a Festa da Santíssima Trindade: Deus, que é Pai, que é Filho, e que é Espírito Santo.
O dia de hoje nos recorda aquele primeiro catecismo, de perguntas e respostas, do tempo de catequese. Lembra-nos daquela pergunta que a catequista nos fazia: "O Pai é Deus? O Filho é Deus? O Espírito Santo é Deus?"
A resposta era dada de forma cantada. Mal acabava de perguntar e respondíamos com toda força -Siiim! -e novamente a catequista perguntava - então são três deuses? - Nãão! - gritávamos - são três pessoas distintas, mas um só Deus.
As três pessoas da Santíssima Trindade são um só Deus, porque todas três têm uma só e a mesma natureza divina. Não é fácil entender essa verdade que está muito acima da nossa inteligência. Porém, muito mais importante do que tentar entender, é aceitar e amar a Trindade Divina.
Para tentar explicar o mistério da Santíssima Trindade, alguns catequistas a comparam a um bolo. Os três ingredientes básicos; a farinha, o ovo e o fermento têm características diferentes, porém juntos, formam uma mistura homogênea.
É impossível separá-los e um complementa o outro. Talvez esse exemplo ajude, mas crer na Ssma Trindade não é uma questão de culinária, de matemática e nem de lógica, é uma questão de fé.
Jesus, o Filho, fala que tem ainda muitas coisas para dizer aos discípulos, e que eles não seriam capazes de entender, pois ainda não haviam recebido o Espírito Santo. Diz também que, tudo que Deus Pai possui é seu, e que o Espírito da Verdade os ensinará a entenderem tudo isso.
Temos aqui a presença da Santíssima Trindade. Um só Deus em três pessoas. Deus que é Pai, que é Filho e, Deus que é Espírito Santo. Um mistério profundo, inexplicável. A razão não consegue entendê-lo, mas a fé, esta sim, pode aceitá-lo; porque a fé é um dom de Deus.
Ao Pai, se atribui de modo especial a obra da criação; ao Filho é atribuída a redenção; e ao Espírito Santo, a renovação da vida. É o amor que une o Pai ao Filho. As três Pessoas divinas estão presentes em tudo. É consolador sabermos que Deus não é egoísta, nem solitário. É um Deus comunidade de amor, é família, são três pessoas unidas no amor.
Assim também somos nós. Quando vivemos a união e o amor fraterno, a partilha e a solidariedade. Quando realmente vivemos tudo isso na família, no ambiente de trabalho, na comunidade, seja onde for, estamos dando testemunho da presença do Deus Trindade.
Portanto, tudo o que fizermos na vida, vamos fazê-lo em nome da Ssma Trindade. Sempre que fazemos o sinal da cruz, é o nosso Deus, uno e trino que estamos invocando. Vamos sempre fazer o sinal do cristão com muita convicção. Fazer o sinal da cruz em público, ao passar em frente a uma igreja na rua ou no ônibus, é uma forma de evangelizar, é uma demonstração de fé e coragem.
Vamos nos aproximar do Deus Trino e como Maria santíssima, viver em nós a plenitude da presença das três pessoas. Maria, humildemente, deixou o coração se sobrepor à razão. Acreditou e aceitou o pedido do seu Pai, desposou o Espírito Santo e tornou-se a mãe do Filho. Veja que boa notícia: O batismo fez de nós Templos de Deus e morada da Santíssima Trindade.
Com muita alegria vamos encerrar este nosso momento de fé, dando glórias ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, amém!!!
(fonte: www.miliciadaimaculada.org.br - autor: Jorge Lorente)
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2ª Opção de Leitura e reflexão
Santíssima Trindade: um só Deus em três Pessoas*
Postado por: padrepacheco
Para muitas pessoas, a pregação da Igreja a respeito da Trindade é obscurantismo. Para ofender a inteligência dizendo que Deus é ao mesmo tempo um em três?
Deus é um só, sempre o mesmo e fiel, mas Ele abre o seu interior em Jesus de Nazaré, um ser pessoal, livre e autônomo. Deus se dá a conhecer no modo como Jesus, livremente e por decisão própria, nos amou e nos ensinou, sendo para nós palavra de Deus, muito mais do que a sabedoria tão elogiada no Antigo Testamento (1ª leitura). E depois que Jesus cumpriu sua missão, perpetua-se para nós a “palavra”que ele tem sido, numa outra realidade pessoal, o Espírito de Deus, a inspiração que, vinda de Deus e de Jesus, invade o nosso coração, a ponto de nos tornar semelhantes a Jesus (2ª leitura). Tanto em Jesus como no Espírito Santo, quem age é Deus mesmo, embora sejam personagens distintas.
Riqueza inesgotável que a Igreja nos aponta para que saibamos onde Deus abre seu íntimo para nós: No seu Filho Jesus e no Espírito de Jesus que nos anima. Lá encontramos Deus, e o encontramos não como bloco de granito, fechado, mas como pessoas que se relacionam, tendo cada uma sua própria atuação: o Pai que nos ama e nos chama à vida; o Filho Jesus, que fala do Pai para nós e mostra como é o Pai, sendo bom e fiel até o dom da própria vida na morte da cruz; e o Espírito Santo, que doutro jeito ainda, fica sempre conosco. O Espírito atualiza em nós a memória da vida e das palavras de Jesus e anima a sua Igreja. E estão unidas todas as três Pessoas e formam uma unidade naquilo que Deus essencialmente é: amor.
Essas reflexões não visam “compreender”a Trindade como compreende que 1+1=2! Visam a abrir o mistério de Deus, que é maior que nossa cabeça. Santo Agostinho ao ver uma criança na praia colocar água do mar num poço de areia, caçoou ela, dizendo que o mar nunca ia caber aí. E a criança respondeu: “Assim também não vai caber na tua cabeça o mistério da Santíssima Trindade”. Pois bem, se não conseguimos colocar o mistério do amor de Deus em nossa cabeça, coloquemos nossa cabeça e nossa vida toda dentro desse mistério.
Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.
FINAL DO MÊS DE MAIO DE 2010, MÊS DE MARIA, NOSSA QUERIDA MÃE!!!!
A Origem da oração mariana
Salve Rainha
A Salve Rainha é uma das orações mais populares entre os católicos. De tão repetida, é rezada às vezes, de forma maquinal, sem que se sinta da profunda emoção que a percorre do princípio ao fim. Por isso, para recuperar toda sua vibração original, pode ser útil analisar, uma por uma, as estremecidas palavras que a conformam.
Quem compôs esta prece tinha uma experiência muito viva das misérias da vida humana. Nesta prece “bradamos” como “degredados”, “suspiramos gemendo e chorando”, vemos o mundo como “um vale de lágrimas”, como um “desterro”... Entretanto, essa melancólica visão da vida acaba dissolvendo-se num sentimento de doce esperança que a ultrapassa e domina. Com efeito, se ao considerar a condição humana, o autor da prece só vê motivos de tristeza, ao fixar sua atenção naquela a quem a dirige, mostra-se animado por um horizonte de expectativas reconfortantes e consoladoras, pois ela, a Virgem Maria, é “mãe de misericórdia”... “vida, doçura, esperança”... “advogada” de “olhos misericordiosos”...
Captaremos melhor o estado de ânimo de que brotou esta comovente oração se lembrarmos de quem a compôs e em que circunstâncias. Ela é atribuída ao monge Herman Contrat que a teria escrito por volta de 1.050, no mosteiro de Reichenan, na Alemanha. Eram tempos terríveis aqueles na Europa central: sucessivas calamidades naturais, destruindo as colheitas, epidemias, miséria, fome e morte por toda parte... e, como não se bastasse, a ameaça contínua dos povos bárbaros do Leste que invadiam os povoados, saqueando e matando, destruindo tudo, inclusive igrejas e conventos... Frei Contrat tinha consciência da infortunada época em que vivia, mas tinha outras razões, além das agruras da vida de seus contemporâneos, para a aflição e o desconsolo. E não podia fechar os olhos para elas, pois as carregava no seu corpo: ele nascera raquítico e deforme; adulto, mal conseguia andar e escrevia com dificuldade, de mirrados que eram os dedos das suas mãos...
Foi no fundo de todas as misérias, as próprias e as alheias, que a alma de Frei Contrat elevou à Rainha dos céus essa maravilhosa prece, carregada de sofrimento e esperança, que é a “Salve Rainha”. Mas, se foi capaz de fazê-lo foi porque, no mais íntimo de seu ser cintilava, sobre a paisagem desolada do mundo, a figura esplendorosa e amável da Mãe de Jesus... Contam que, no dia do seu nascimento, ao constatarem o raquitismo e mal formação do bebê, seus pais caíram em prantos. Sua mãe Miltreed, mulher muito piedosa, ergueu-se então do leito e, lá mesmo, consagrou o menino à Mãe de Deus. Consagrado a Ela, foi educado no amor e na confiança em relação à Ela. E foi com essa bagagem na alma que anos mais tarde foi levado (de liteira, pois continuava sendo um deficiente físico) até o mosteiro de Reichenan, onde com o tempo chegou a ser mestre dos noviços, pois o que tinha de inapto seu corpo, tinha de perspicaz seu espírito.
Quando veio a ser conhecida pelos fiéis a “Salve Rainha” teve um sucesso enorme e logo era rezada e cantada por toda parte. Um século mais tarde, ela foi cantada também na catedral de Espira, por ocasião de um encontro de personalidades importantes, entre elas, a do imperador Conrado e a do famoso São Bernardo, conhecido como o “cantor da Virgem Maria”, pelos incendidos louvores que lhe dedicava nos seus sermões e escritos (ele foi um dos primeiros a chamá-la de “Nossa Senhora”). Dizem que foi nesse dia e lugar que, ao concluir o canto da “Salve Rainha” (cujas últimas palavras eram “mostrai-nos Jesus, o bendito fruto do vosso ventre”), no silêncio que se seguiu, ouviu-se a voz potente de São Bernardo que, num arrebato de entusiasmo pelo mãe do Senhor, gritou, sozinho, no meio da catedral: “ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria”... E a partir dessa data estas palavras foram incorporadas à “Salve Rainha” original.
Nos quase mil anos que se passou desde que Herman Contrat compôs a “Salve Rainha” uma multidão incontável de fiéis tem se identificado como os sentimentos que ela expressa, vivendo desde sua aflição a doce esperança que inspira sempre a figura amável e amada da Mãe do nosso Salvador.
Fonte: O Dia do Senhor, 30º Dom – Tempo Comum – 26 Out 2003 – Ano 5 – no 49 (AnoB)
Da Enciclopédia católica
Este texto é um artigo. Ele não se constitui em doutrina oficial católica, mas contém opiniões e interpretações particulares.
Prof. Juan Antonio Zumalde - Paróquia N. Sra do Carmo – Itaquera - Diocese de São Miguel Paulista
O NASCIMENTO DE MARIA
No Novo Testamento não encontramos nada a respeito da família, do nascimento e dos primeiros anos de vida da doce Virgem Maria. Porém, os primeiros cristãos guardaram algumas lembranças em livros que não são considerados sagrados, mas que nos ajudam a ter uma idéia da primeira fase da vida da mãe do Senhor. A Igreja guardou com carinho o nome dos pais de maria:- JOAQUIM e ANA. Maria nasceu como resultado de um milagre, pois seus pais já tinham idade avançada e não podiam mais ter filhos. Uma das maiores curiosidades de todos os devotos de maria é saber como se deu o seu santo nascimento. Não é possível, determinar a data exata desse acontecimento, entretanto podemos chegar a um resultado aproximado. Quando Jesus nasceu, Maria teria entre 14 e 16 anos, a idade para as meninas judias casarem. Aceitando esta linha de raciocínio, surge outro dado importante: 15 e 20 anos antes do nascimento de Jesus, o rei Herodes estava entretido com a reconstrução do Grande Templo de Jerusalém. Por uma coincidência divina, Maria nasce nessa mesma época, em um lugar bem próximo do Templo, na casa de Joaquim e Ana, seus pais. O lugar era próximo da Porta das ovelhas, onde estava o poço de Bethesda. Aí existia uma gruta cultuada já no início do cristianismo como o lugar onde a mãe de Jesus nasceu. A gruta mais tarde se tornou a cripta de uma igreja dedicada a Santa Ana. A cem metros do templo construído pelas mãos dos homens, Deus prepara outro templo superior, onde a sua presença se manifestaria em plenitude. Para os judeus o Templo era o lugar por excelência onde habitava a glória de Deus. Maria, por estar gerando em seu ventre o Filho do Altíssimo, passa a ser um Templo superior ao de Herodes. Ela se transforma no eterno Templo de Deus. E por quê ? Sabemos pela história que o templo herodiano teve um tempo limitado: por volta do ano 70 d.C., as tropas romanas o incendiaram, e ele foi completamente destruído. O seu tempo de existência foi inferior a 90 anos. Maria foi crescendo junto com as paredes do templo humano, mas jamais viu a destuição de seu corpo. Chegada a sua hora de partir desta vida, entra no sono eterno, e seu corpo é elevado ao céu para habitar ao lado do seu amado Filho Jesus Cristo. E não podia ser diferente, afinal ela trouxe em seu ventre o Salvador de todos os homens. Obs. Existem diversas hipóteses sobre o local do nascimento da Virgem Maria: para alguns , ela teria nascido em Nazaré, onde hoje está a Basílica da Anunciação; outros apontam para a cidade de Séforis, capital da Galiléia no tempo de Herodes; e por fim, Jerusalém, onde hoje é a Igreja de Santa Ana, próxima do antipo Templo destruído pelos romanos. |
Extraído do Livro: Maria a mensageira do céu - Pe. Alberto Gambarini - Ágape
O NOME DE MARIA
O significado do nome de Maria tem atraído a atenção desde o início do cristianismo. neste nome está indicado o lugar da mãe de Jesus na história da salvação. São Pedro Canísio escreveu: "Se existe entre os mortais algum nome tão belo, cheio de graça, que mereça ser escrito, lido, louvado, pintado e esculpido é o de maria, já que é digno de estar sempre diante dos olhos, nos ouvidos e nas mentes de todos os homens e de ser pronunciado em particular e publicamente com imensa reverência". No Antigo Testamento este nome foi dado somente à irmã de Moisés e Aarão (cf. Ex 2,4; 15,20; Nm 12,1-5). Já no Novo Testamento encontramos diversas mulheres com este nome: Maria Madalena ( cf. Lc 8,2-3), Maria de Betânia ( cf. Lc 10,38-42), Maria, mãe de Tiago ( cf. Mt 27, 56-61), Maria, mãe de João ( At 12,12). Para uma boa parte dos estudiosos, o nome Maria é de origem semítica. Segundo alguns, em hebraico Myriam, segundo outros Miryam, composto de Mir ( estrela ) e yam ( mar ). Assim gostava São Bernardo de chamar Maria, para indicar que, como uma estrela, ela irradiou a luz da humanidade: Jesus. E também ensinava ser Maria a estrela a iluminar o barco da nossa vida para não naufragar nas tempestades. A esse respeito afirmou: "Se estás sendo agitado pelas ondas da soberba, da impureza, das calúnias ou da ambição... olha para a estrela, invoca a Maria". Existem também aqueles que derivam o nome de Maria de Miriam e mariam, e significaria Senhora, Formosa, Mar amargo, Amada do Senhor... Este nome significa muitas coisas para nos dar a entender que a Virgem possui todas as virtudes e perfeições. |
Extraído do Livro Maria, a mensageira do Céu - Pe. Alberto Gambarini - Ágape
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A VIRGINDADE PERPÉTUA DE MARIA
O tema da virgindade perpétua de Maria acompanha o cristianismo desde a sua origem. Entre os inúmeros argumentos apresentados destaca-se o fato de Maria ser a mãe do Filho de Deus. Um exemplo dessa defesa encontramos na carta do papa Sirício ( 384-398) a Anísio, bispo de Tessalônica. Este bispo havia chamado a atenção a Bonoso, bispo de Ilíria, por afirmar que Nossa Senhora havia tido outros filhos: "É natural que tenha sentido horror ao ouvir dizer que do ventre de Maria, do qual nasceu Cristo segundo a carne, tenham nascido outros filhos. Jesus Cristo não teria escolhido nascer de uma virgem se soubesse que ela se contaminaria por meio da união com um homem, manchando o lugar onde Ele havia repousado, a corte do Rei Eterno. Esta afirmação nada mais é do que a aceitação da falsa doutrina judia, segundo a qual Cristo não nasceu de uma virgem". A definição dogmática da virgindade de maria aconteceu no terceiro Concílio de latrão, de 649, pelo papa Martinho I : "Se alguém não confessa de acordo com os santos Padres, propriamente e segundo a verdade, como Mãe de Deus, a santa, sempre virgem e imaculada maria, por haver concebido, nos últimos tempos, do Espírito Santo e sem concruso viril gerado incorruptivelmente o mesmo Verbo de Deus, especial e verdadeiramente, permanecendo indestruída, ainda depois do parto, sua virgindade, seja condenado". Por meio desta verdade aprendemos que maria foi virgem antes, durante e depois de dar à luz Jesus Cristo. Quanto à questão da virgindade de maria antes e durante a concepção, a Bíblia é muito clara: "Jacó gerou José, esposo de maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo... Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo" (Mt 1,16.18). A virgindade depois do parto não significa de modo algum a diminuição do valor da vida conjugal, mas deve ser entendida em virtude do desejo forte de maria em dedicar-se totalmente a este Filho. Surge um dúvida a respeito dos possíveis irmãos de jesus. Quando os evangelhos falam dos irmãos de Jesus ( Mt 12, 46-50; Mc 3,31-35; Lc 8, 19-21), estão fazendo referência ao uso bíblico da palavra irmão. Tal palavra não era usada somente para irmãoes de sangue, mas para primos e outros parentes. A evidência de Jesus não ter outros irmãos tem sua confirmação derradeira na cruz, onde Jesus, em vez de confiar sua mãe a algum possível irmão, a entregou aos cuidados do discípulo amado ( cf. Jo 19, 26-27). | |
Extraído do Lívro: Maria a mensageira do céu - Pe. Alberto Gambarini - Ágape
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NA ESCOLA DE MARIA,
MULHER « EUCARÍSTICA »
MULHER « EUCARÍSTICA »
À primeira vista, o Evangelho nada diz a tal respeito. A narração da instituição, na noite de Quinta-feira Santa, não fala de Maria. Mas sabe-se que Ela estava presente no meio dos Apóstolos, quando, « unidos pelo mesmo sentimento, se entregavam assiduamente à oração » (Act 1, 14), na primeira comunidade que se reuniu depois da Ascensão à espera do Pentecostes. E não podia certamente deixar de estar presente, nas celebrações eucarísticas, no meio dos fiéis da primeira geração cristã, que eram assíduos à « fracção do pão » (Act 2, 42).
Para além da sua participação no banquete eucarístico, pode-se delinear a relação de Maria com a Eucaristia indirectamente a partir da sua atitude interior. Maria é mulher « eucarística » na totalidade da sua vida. A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo.
Mysterium fidei! Se a Eucaristia é um mistério de fé que excede tanto a nossa inteligência que nos obriga ao mais puro abandono à palavra de Deus, ninguém melhor do que Maria pode servir-nos de apoio e guia nesta atitude de abandono. Todas as vezes que repetimos o gesto de Cristo na Última Ceia dando cumprimento ao seu mandato: « Fazei isto em memória de Mim », ao mesmo tempo acolhemos o convite que Maria nos faz para obedecermos a seu Filho sem hesitação: « Fazei o que Ele vos disser » (Jo 2, 5). Com a solicitude materna manifestada nas bodas de Caná, Ela parece dizer-nos: « Não hesiteis, confiai na palavra do meu Filho. Se Ele pôde mudar a água em vinho, também é capaz de fazer do pão e do vinho o seu corpo e sangue, entregando aos crentes, neste mistério, o memorial vivo da sua Páscoa e tornando-se assim “pão de vida” ».
De certo modo, Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. A Eucaristia, ao mesmo tempo que evoca a paixão e a ressurreição, coloca-se no prolongamento da encarnação. E Maria, na anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada crente quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor.
Existe, pois, uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amen que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. A Maria foi-Lhe pedido para acreditar que Aquele que Ela concebia « por obra do Espírito Santo » era o « Filho de Deus » (cf. Lc 1, 30-35). Dando continuidade à fé da Virgem Santa, no mistério eucarístico é-nos pedido para crer que aquele mesmo Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria, Se torna presente nos sinais do pão e do vinho com todo o seu ser humano-divino.
« Feliz d'Aquela que acreditou » (Lc 1, 45): Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E, na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de « sacrário » – o primeiro « sacrário » da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que « irradiando » a sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e O estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?
Ao longo de toda a sua existência ao lado de Cristo, e não apenas no Calvário, Maria viveu a dimensão sacrificial da Eucaristia. Quando levou o menino Jesus ao templo de Jerusalém, « para O apresentar ao Senhor » (Lc 2, 22), ouviu o velho Simeão anunciar que aquele Menino seria « sinal de contradição » e que uma « espada » havia de trespassar também a alma d'Ela (cf. Lc 2, 34-35). Assim foi vaticinado o drama do Filho crucificado e de algum modo prefigurado o « stabat Mater » aos pés da Cruz. Preparando-Se dia a dia para o Calvário, Maria vive uma espécie de « Eucaristia antecipada », dir-se-ia uma « comunhão espiritual » de desejo e oferta, que terá o seu cumprimento na união com o Filho durante a Paixão, e manifestar-se-á depois, no período pós-pascal, na sua participação na celebração eucarística, presidida pelos Apóstolos, como « memorial » da Paixão.
Impossível imaginar os sentimentos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e restantes apóstolos as palavras da Última Ceia: « Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós » (Lc 22, 19). Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre! Receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher de novo no seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o d'Ela e reviver o que tinha pessoalmente experimentado junto da Cruz.
« Fazei isto em memória de Mim » (Lc 22, 19). No « memorial » do Calvário, está presente tudo o que Cristo realizou na sua paixão e morte. Por isso, não pode faltar o que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor. De facto, entrega-Lhe o discípulo predilecto e, nele, entrega cada um de nós: « Eis aí o teu filho ». E de igual modo diz a cada um de nós também: « Eis aí a tua mãe » (cf. Jo 19, 26-27).
Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom. Significa levar connosco – a exemplo de João – Aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe. Significa ao mesmo tempo assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia. Maria está presente, com a Igreja e como Mãe da Igreja, em cada uma das celebrações eucarísticas. Se Igreja e Eucaristia são um binómio indivisível, o mesmo é preciso afirmar do binómio Maria e Eucaristia. Por isso mesmo, desde a antiguidade é unânime nas Igrejas do Oriente e do Ocidente a recordação de Maria na celebração eucarística.
Na Eucaristia, a Igreja une-se plenamente a Cristo e ao seu sacrifício, com o mesmo espírito de Maria. Tal verdade pode-se aprofundar relendo o Magnificat em perspectiva eucarística. De facto, como o cântico de Maria, também a Eucaristia é primariamente louvor e acção de graças. Quando exclama: « A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador », Maria traz no seu ventre Jesus. Louva o Pai « por » Jesus, mas louva-O também « em » Jesus e « com » Jesus. É nisto precisamente que consiste a verdadeira « atitude eucarística ».
Ao mesmo tempo Maria recorda as maravilhas operadas por Deus ao longo da história da salvação, segundo a promessa feita aos nossos pais (cf. Lc 1, 55), anunciando a maravilha mais sublime de todas: a encarnação redentora. Enfim, no Magnificat está presente a tensão escatológica da Eucaristia. Cada vez que o Filho de Deus Se torna presente entre nós na « pobreza » dos sinais sacramentais, pão e vinho, é lançado no mundo o germe daquela história nova, que verá os poderosos « derrubados dos seus tronos » e « exaltados os humildes » (cf. Lc 1, 52). Maria canta aquele « novo céu » e aquela « nova terra », cuja antecipação e em certa medida a « síntese » programática se encontram na Eucaristia. Se o Magnificat exprime a espiritualidade de Maria, nada melhor do que esta espiritualidade nos pode ajudar a viver o mistério eucarístico. Recebemos o dom da Eucaristia, para que a nossa vida, à semelhança da de Maria, seja toda ela um magnificat!
ROSÁRIO
Rezar o rosário ou o terço, com suas várias repetições e contemplações, nos leva a encontrar nosso centro, nos remete diretamente ao eixo de nossa própria essência.
Rezando o rosário você é capaz de encontrar a totalidade e a harmonia, compondo um poderoso círculo de força e fé, ligando-o ao seu eixo e centro, equilibrando-se e fortificando-o.
O que é o Rosário ? Rosário é uma oração popular para todos os momentos que pode ser rezada ao longo do dia. Durante a oração do rosário são contemplados os quinze mistérios da vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo, relacionando toda essa trajetória com a Virgem Santíssima. No início do século XII, difundiu-se no Ocidente o costume de usar como oração a saudação de Gabriel a Maria, unindo a de Isabel ( Lucas 1,28-42). Naquela época, os monges que não sabiam ler os 150 salmos da Bíblia deveriam rezar 150 Pai-Nosso a cada dia. |
OFERECIMENTO Eu vos ofereço Senhor Jesus, este Terço que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa redenção e peço pela interseção de Maria Santíssima as virtudes necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as indulgências anexas a esta devoção. |
CREIO Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, Criador do Céu e da Terra, e em Jesus Cristo seu único filho Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Poncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à Mansão dos Mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na Vida Eterna. Amém |
PAI NOSSO Pai Nosso, que estais no Céu, Santificado seja o Vosso Nome, Venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na Terra como no Céu. O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido e não nos deixeis cair emtentação mas livrais-nos do mal, Amém. |
AVE MARIA Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é Convosco, Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Teu Ventre: JESUS. Santa Maria mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém |
CINCO MISTÉRIOS GOSOSOS Os cinco primeiro mistérios contemplados são chamados de Mistérios Gozosos ou Mistérios da Alegria e são rezados às segundas e sábados 1º Mistério:- contemplamos a anunciação do arcanjo Gabriel a Nossa Senhora 2º Mistério:- contemplamos a visita de Nossa Senhora à prima Isabel. 3º Mistério:- contemplamos o nascimento de Jesus na gruta de Belém. 4º Mistério:- contemplamos a apresentação de Jesus no templo e a purificação de Nossa Senhora. 5º Mistério:- contemplamos o Menino Jesus perdido e encontrado no templo dos doutores. | CINCO MISTÉRIOS DOLOROSOS Os cinco mistérios seguintes são os Dolorosos,rezados às terças e sextas-feiras. 1º Mistério:- contemplamos a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. 2º Mistério:- contemplamos a flagelação de Jesus. 3º Mistério:- contemplamos a coroação de Jesus com espinhos. 4º Mistério:- contemplamos Jesus carregando a cruz até o Monte Calvário. 5º Mistério:- contemplamos a crucificação e a morte de Jesus Cristo na Cruz. | |
CINCO MISTÉRIOS GLORIOSOS Os mistérios Gloriosos são rezados às quartas e domingos. 1º Mistério:- contemplamos a ressurreição de Jesus Cristo, Nosso Senhor. 2º Mistério:- contemplamos a ascenção de Jesus Cristo aos céus. 3º Mistério:- contemplamos a vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os apóstolos. 4º Mistério:- contemplamos a assunção de Nossa Senhora aos céus. 5º Mistério:- contemplamos a coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu e da Terra. | CINCO MISTÉRIOS LUMINOSOS Os cinco mistérios seguintes são os Luminosos,rezado às quinta-feiras. 1º Mistério:- contemplamos o Batismo no Rio Jordão 2º Mistério:- contemplamos a auto-revelação de Jesus nas Bodas de Caná 3º Mistério:- contemplamos Jesus anunciando o Reino de Deus com o convite à conversão 4º Mistério:- contemplamos a Transfiguração de Jesus 5º Mistério:- contemplamos a instituição da Eucaristia |
AGRADECIMENTOS Infinitas graças vos damos Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de Vossas Mãos liberais. Dignai-vos agora e para sempre, tomar-nos debaixo do Vosso Poderoso Amparo e, em Vosso Louvor, Vos Saudamos com uma Salve Rainha. |
SALVE RAINHA Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa salve, a Vós bradamos os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia pois Advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nos volvei, e depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, Bendito Fruto do Vosso Ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém. |
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