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terça-feira, 20 de janeiro de 2015




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HOJE, 20/01, A IGREJA CELEBRA O MÁRTIR SÃO SEBASTIÃO.



Fé em São Sebastião segue renovada nos 450 anos do Rio

Católicos e devotos de religiões afro-brasileiras festejam data.
Estácio de Sá, fundador da cidade, era devoto do santo.

Cristina BoeckelDo G1 Rio
A Cidade Maravilhosa traz em sua origem a imagem de um jovem que teve o corpo cravejado por flechas. Foi com a alcunha de seu padroeiro que a terra de encantos mil, ao ser fundada, foi batizada São Sebastião do Rio de Janeiro. Em homenagem aos 450 anos do Rio e ao dia do seu patrono, comemorado em 20 de janeiro, o G1 ouviu religiosos para saber o que mantém renovada a fé do carioca no santo, cuja devoção é herança portuguesa. Segundo eles, o espírito guerreiro seria o elo de identificação do povo com o beato.

Para o frei Cassiano Gonçalves, as pessoas que nasceram ou que adotaram o Rio como lugar para morar se identificam com São Sebastião no dia a dia. “O povo carioca é um povo guerreiro, que enfrenta a vida, que não tem medo. Essa força vem de Deus, mas o modelo do santo, que enfrentou as batalhas e testemunhou sua fé é identificado pelos cariocas. Esta coragem de enfrentar a dor, o desalento e as perseguições. Acho que o povo carioca, independentemente de sua denominação religiosa, se identifica com esta força, essa vontade de ir adiante”, disse.
Mártir cristão
Sebastião nasceu na França em meados do século II. Com a família, ele se mudou para a Itália e passou a integrar a guarda do Império Romano. Convertido ao Cristianismo e ferrenho defensor de sua fé, despertou a ira do imperador Diocleciano, que empreendeu sangrenta perseguição aos cristãos.
Ao afirmar diante do imperador ser temente a Cristo, o jovem soldado foi amarrado em um tronco e atacado com flechas pelos arqueiros da guarda. Dado como morto, teve o corpo abandonado no local de seu primeiro martírio. Foi salvo por uma mulher, reconhecida pela Igreja Católica como Santa Irene. Ela percebeu que ele estava vivo ao recolher o corpo para prepará-lo para o enterro.
O povo carioca é um povo guerreiro, que enfrenta a vida, que não tem medo. Essa força vem de Deus, mas o modelo do santo, que enfrenta as batalhas e testemunhou sua fé é identificado com os cariocas"
Frei Cassiano Gonçalves,
frade capuchinho
Recuperado, Sebastião se apresentou diante do imperador e novamente reafirmou a sua fé. Diocleciano determinou a sumária execução do servo, então proclamado traidor. Espancado até a morte, o beato teve o corpo jogado em uma vala. Atualmente, seus restos mortais estão enterrados na catacumba que leva seu nome, em Roma.

Devoção em Portugal
A devoção a São Sebastião se difundiu entre os cristãos, que atribuem a ele milagres de cura e de proteção em batalhas. Ela foi trazida para o Brasil com as primeiras expedições portuguesas por influência do rei Dom Sebastião de Avis, nascido em 20 de janeiro e batizado em homenagem ao santo.
Estácio de Sá, fundador do Rio de Janeiro, era um dos devotos de São Sebastião. Ele mandou construir uma capela em homenagem ao santo tão logo aportou na Baía da Guanabara. Ela foi erguida onde hoje é a Praia Vermelha. Dois anos após a fundação do Rio, em 1567, a capela serviu como túmulo ao próprio Estácio.
Comparação da imagem de São Sebastião após o restauro com uma das aparências anteriores da estátua. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)Comparação da imagem de São Sebastião após o restauro com uma das aparências anteriores (Foto: Cristina Boeckel/ G1)
Lutar está na gênese do carioca, diz Cardeal
Para o cardeal Dom Orani Tempesta, a luta faz parte da alma dos moradores do Rio. “São Sebastião é alguém que foi firme, que mesmo com a perda do cargo de soldado, com a tentativa de martirizá-lo com flechas, não conseguiram derrotá-lo. Ele é um forte. É uma história de esperança e acho que o carioca é bem isso. Os cariocas enfrentam as dificuldades, sabem conviver com os problemas e não desanimam. É algo que está na sua gênese, como aquilo que São Sebastião viveu”.

O cardeal do Rio explica que o santo passa uma mensagem para os cariocas nunca desistirem de seus sonhos. “São Sebastião leva às pessoas uma palavra de paz e de esperança para que, assim como ele, possamos ter confiança e não desanimar com os problemas”.

Representação na umbanda
São Sebastião também possui representação nas religiões afro-brasileiras. Filiada à Federação de Umbanda, Candomblé e demais Cultos Afro-Brasileiros (FBU), a pesquisadora da cultura negra Dayse Freitas conta que o santo tem importância como orixá.

“São Sebastião é muito importante para a cidade e para o candomblé e a umbanda. No Rio, ele é Oxóssi e representa fartura, prosperidade e riqueza. Como ele vive na mata, está relacionado ao bem estar da saúde, a uma vida natural, e à preservação da natureza”, conta Dayse.

Programação
Imagens do santo podem ser vistas em várias capelas e igrejas dedicadas ao santo na cidade. Porém, a primeira estátua de São Sebastião trazida para o Brasil fica na Paróquia de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, na Tijuca, Zona Norte. A igreja, localizada na Rua Haddock Lobo, 266, terá missas de hora em hora nesta terça-feira (20) a partir das 5h. A missa das 10h será celebrada pelo cardeal Dom Orani Tempesta. Às 16h, acontece a tradicional procissãom que sairá da paróquia em direção à Catedral Metropolitana, no Centro, onde acontecerá o Auto de São Sebastião. A imagem histórica, que foi restaurada, será conduzida durante o cortejo.

Além das homenagens ao santo, a igreja oferece atrações para quem gosta de história. Os frades capuchinhos são responsáveis por guardar algumas das mais importantes lembranças da fundação do Rio: a pedra fundamental da fundação da cidade, o túmulo que guarda os restos mortais de Estácio de Sá, que fica diante do altar principal, e a imagem de São Sebastião que teria sido trazida pelo fundador da cidade.
Como o G1 mostrou com exclusividade na véspera do Natal, a imagem passou por uma restauração e está mais próxima daquela que teria sido trazida na esquadra de Estácio de Sá. Exames comprovaram que a imagem é do século XVI. A exibição da imagem, que foi restaurada com a ajuda de ofertas de fiéis e dos frades capuchinhos, é um dos pontos altos da festa.
“A restauração foi como cavar a história. Ela tinha cerca de dez camadas de tinta. Cada qual com a sua peculiaridade. Algumas não condiziam com a peça, mas outras traziam registros de sua época. A ideia é que cada cidadão possa conhecer esta história. Faz parte da nossa gênese e é relembrar suas raízes”, afirma o frei Cassiano Gonçalves, que participou do projeto de recuperação da imagem ao lado da restauradora Graça Costa.
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