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quarta-feira, 12 de maio de 2010

ESPECIAL: Treze de Maio / Dia de Nossa Senhora de Fátima... / Fotos dos Pastorinhos / Beatificação da Irmã Lúcia / A Vida Mística de Francisco e Jacinta / Síntese: As Aparições de Nossa Senhora / Festa Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta / Oração dos Beatos Fco. e Jacinta / Biografia da Irmã Lúcia / Qual o Terceiro Segredo de Fátima (Prof. Aquino, Canção Nova) / O Terceiro Segredo de Fátima (Texto Original e Comentários feitos pelo Vaticano) / Orações que o Anjo ensinou aos Pastorinhos / O Papa de Fátima ...


ESPECIAL - 13 de Maio:
Dia de Nossa Senhora de Fátima, nossa querida Mãe!

 Pastorinhos Jacinta, Francisco e Lúcia.
Jacinta e Francisco

___________Irmã Lúcia _______ 



Corpo da Irmã Lúcia
____________
Beatificação da Irmã Lúcia
Dois anos depois da morte da Irmã Lúcia, D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, revelou à «Família Cristã» que vai solicitar em breve junto do Vaticano a antecipação do prazo do processo de beatificação.
"Antes do Verão esse pedido será feito. Calculo que terei nessa ocasião todos os elementos de que preciso", referiu à edição portuguesa da revista deste mês de Fevereiro.
O prelado assinala, contudo, que "só o faremos quando tivermos preparado devidamente um dossier que justifique o pedido de dispensa".
"Um 'não' que nos venha de Roma comprometerá o futuro do processo. Eu sei que o Santo Padre é muito observador das regras, quer que elas se cumpram", alerta.
Segundo o Direito Canónico, são necessários cinco anos após a morte para a abertura de um processo de canonização. É possível, no entanto, fazer um pedido de dispensa ao Papa para se iniciar o processo, como aconteceu excepcionalmente nos casos de João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá.
A Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, no dia 13 de Fevereiro de 2005, aos 97 anos. Depois das Aparições de 1917, das quais foi a principal mensageira, a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado entrou para a vida de consagração religiosa em 1925 e professou como Doroteia na cidade de Tuy, em Espanha, no ano de 1928. Fez votos perpétuos no dia 13 de Outubro de 1934.
Tornou-se Carmelita em Coimbra, no Carmelo de S. Teresa, no dia 25 de Março de 1948, onde permaneceu até à sua morte.
A Vidente foi sepultada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, como era seu desejo, durante um ano antes de ir para a basílica do Santuário de Fátima.
À «Família Cristã», o vice-postulador da causa de canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta informa que tem no seu escritório "160 quilos de papel com pedidos de vários países para se iniciar o processo de beatificação da Irmã Lúcia".
Há quem fale em milagres por intercessão da última vidente de Fátima: "Várias pessoas, que acompanharam pela televisão o momento da trasladação, depois de fazerem orações à Irmã Lúcia, relataram graças", conta o Pe.Luís Kondor.
O sacerdote, apesar de não poder revelar o teor dessas graças, adianta que se trata, "geralmente, de curas".
Qualquer processo de canonização exige a chamada "fama de santidade", o que no caso da Irmã Lúcia é fácil de comprovar.

Irmã Lúcia recebeu alento de João Paulo II um dia antes de morrer


.- O Bispo de Coimbra, Dom. Albino Cleto, informou através da agência católica portuguesa Ecclesia que Irmã Lúcia, a última vidente das aparições marianas de Fátima falecida neste domingo, recebeu uma mensagem do Papa João Paulo II um dia antes de morrer.
Segundo o Prelado –que esteve ao lado da religiosa até os últimos momentos junto às outras irmãs, o médico e a enfermeira–, Irmã Lúcia recebeu a mensagem que o Santo Padre lhe enviou por fax no sábado e na qual pediu orar para que pudesse “viver este momento de dor, sofrimento e oferenda com o espírito da Páscoa”.
Irmã Lúcia de Jesus, cujo nome de batismo foi Lúcia dos Santos, era a última sobrevivente dos três pastores a quem apareceu a Virgem Maria em Fátima, Portugal, em 13 de maio de 1917.
A religiosa, falecida aos 97 anos, será enterrada neste mesmo convento carmelita em que viveu. Em um ano, seus restos serão levados ao Santuário de Fátima.
Túmulos dos Beatos Jacinta e Francisco

Casa do Beato Francisco e Jacinta





A Vida Mística de  Francisco e Jacinta de Fátima
Dom Lourenço Fleichman  OSB
Lúcia, Jacinta e Francisco eram, antes de 1916, crianças católicas do vilarejo de Aljustrel, na diocese de Leiria, Portugal. Brincavam como todas as crianças, gostavam de jogos e de dançar animados, enquanto pastoreavam as ovelhas da família. Viviam um catolicismo verdadeiro, porém como muitas crianças, limitavam-se ao mínimo necessário. Lúcia conta que às vezes, para que o terço passasse mais depressa, em vez de rezar as orações completas, limitavam-se a dizer: Pai Nosso, Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria.... Ora, para que estas alminhas, inocentes e comuns, pudessem ter a honra de ver Nossa Senhora, um anjo lhes aparecerá por três vezes, fazendo dessas crianças verdadeiras almas de oração.
Vamos acompanhar a transformação.
Estamos em 1916.
Na primavera deste ano (março ou abril), Lúcia, Jacinta e Francisco estavam na Loca do Cabeço pastoreando as ovelhas quando viram um ser luminoso vindo em sua direção. Ele tinha os traços de um rapaz de 14 a 15 anos. O anjo lhes disse:
«Não tenham medo. Rezem comigo».
E num gesto de grande familiaridade e simplicidade, pôs-se ao lado das crianças e prostrando-se com o rosto por terra disse esta oração:
«Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e Vos não amam.
Orai assim; os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas» (2ª Memória).
E o anjo desapareceu.
Esta primeira aparição do anjo foi como uma aproximação do sobrenatural na vida das crianças. Servirá para familiariza-las com os seres e os costumes do céu: a adoração, os atos de fé, esperança e caridade, a reparação e o nome de Deus, deste Deus atento às suas súplicas. A própria Lúcia, na 4ª Memória, dirá que «Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que o ouvimos pronunciar».
Nossos pastorinhos, doravante alunos do céu, sentirão imediatamente o peso da presença da vida sobrenatural. Passarão vários dias num estado de abatimento físico, de recolhimento, de um silêncio difícil de ser rompido e principalmente de paz interior.



































«Acontece, porém, ainda depois de passado, ficar a vontade tão embebida e o entendimento tão absorto, que assim permanecem o dia todo e até vários dias...Quando volta a si, está com tão imensos lucros e tem em tão pouco as coisas da terra que todas lhe parecem cisco em comparação do que viu. Daí em diante vive muito penada, e tudo o que lhe costumava causar prazer não lhe infunde a menor consolação.» - Sta Tereza d'Avila, Castelo Interior, Sextas Moradas, cap. IV e V
Tinham dificuldade de brincar, de falar e até mesmo de se mover. Daí em diante eles passarão várias horas em oração, prostrados como o amigo do céu, repetindo: Meu Deus eu creio, adoro, espero e vos amo.... Só muitos dias depois que este estado de alma diminuirá pouco a pouco.
Eis como nos conta Lúcia, na 4ª Memória:
«A atmosfera do sobrenatural, que nos envolveu era tão intensa que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera, que só muito lentamente foi desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou em falar, nem em recomendar segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima, que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos talvez também maior impressão por ser a primeira assim manifesta».
A segunda aparição foi no verão deste mesmo ano (julho ou agosto). Será a segunda lição de vida sobrenatural, centrada sobre o espírito de sacrifício. Após lhes dizer para rezar muito, o anjo acrescenta:
– Os Corações Santíssimos de Jesus  e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. E acrescenta: Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
– Como nos havemos de sacrificar? pergunta Lucia.
– De tudo o que puderes oferecei a Deus sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria a Paz....sobretudo aceitai e suportai com submissão os sofrimento que o Senhor vos enviar. (2ª Memória)
Eis, então, que Deus pede a Lúcia e seus companheiros muito mais do que na primeira vez. É normal que eles tenham perguntado ao anjo como se sacrificar. Para crianças daquela idade a palavra sacrifício tem um sentido limitado, infantil. Deus queria que eles fossem além. Por isso o anjo lhes ensina a se sacrificar, e traz para eles algumas noções até então ignoradas: ato de reparação pelos pecados, súplica pela conversão dos pecadores, aceitação das cruzes que Deus nos envia.
Que impressão causou esta nova lição do anjo, em suas almas? Lúcia nos conta:
«Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus; como nos amava e queria ser amado; o valor do sacrifício, e como ele lhe era agradável; como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento começamos a oferecer ao Senhor tudo o que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado». (4ª Memória)
Vemos neste texto a origem da grande mortificação das três crianças. Ela não nasceu de uma vontade mórbida qualquer, de um fanatismo fabricado pela imaginação; ela não lhes foi inspirada por nenhum sacerdote exagerado. A luz divina que invadiu suas almas as levou com mansidão e naturalidade a um conhecimento tal da vida divina, do olhar de Deus sobre nós, que eles não conseguiriam mais viver sem este espírito e prática do sacrifício reparador.
É de se notar que os efeitos da primeira aparição limitam-se a um estado de alma por certa presença do sobrenatural. Nesta, trata-se de um verdadeiro conhecimento de Deus e de seu relacionamento com suas almas.

































Por aí se vê que é impossível proceder da imaginação. Também não pode ser obra do demônio, pois não tem ele poder para apresentar coisas que tanta operação e paz e sossego e aproveitamento produzem na alma. Especialmente três são os frutos que deixa em subido grau.
Primeiro: conhecimento da grandeza de Deus, a qual se nos dá a entender na medida das luzes maiores que temos sobre Ele.
Segundo:  conhecimento próprio e humildade, ao ver como criatura tão baixa em comparação do Criador de tantas grandezas, ousou ofendê-lo; até mesmo não sabe como se atreve a por nele os olhos.
Terceiro: baixo apreço de todas as coisas da terra, com exceção das que lhe podem ser úteis para serviço de tão grande Deus. - Sta Tereza d'Avila, Castelo Interior, Sextas Moradas, cap. V
A terceira aparição do Anjo levará a formação espiritual das crianças a um ponto altíssimo, onde a própria comunhão eucarística marcará a Caridade que Deus lhes comunica.
Estavam eles numa gruta de difícil acesso, para rezar escondidos. Estavam assim, prostrados, repetindo a oração do Anjo: "Meu Deus eu creio, adoro...etc."
«Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós bilha uma luz desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vemos o Anjo, tendo na mão esquerda um cálice, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de sangue dentro do cálice. O Anjo deixa suspenso no ar o cálice, ajoelha junto de nós e faz-nos repetir três vezes:
         Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois levanta-se, toma em suas mãos o cálice e a Hóstia. Dá-me a Sagrada Hóstia a mim, e o Sangue do cálice dividiu-O pela Jacinta e o Francisco, dizendo ao mesmo tempo: – Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos! Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus. E prostrando-se de novo em terra, repetiu conosco outras três vezes a mesma oração e desapareceu. Nós permanecemos  na mesma atitude, repetindo sempre as mesmas palavras, e quando nos erguemos vimos que era noite, e por isso horas de virmos para casa» (2ª Memória)
Na quarta Memória, Lúcia dá detalhes sobre as conseqüências desta última aparição do Anjo:
«A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por  esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico que nos prostrava também era grande».
Um pouco antes ela escrevia: «Na terceira aparição a presença do sobrenatural foi ainda muitíssimo mais intensa. Por vários dias nem mesmo o Francisco se atrevia a falar. Depois dizia: Gosto muito de ver o Anjo; mas o pior é que depois não somos capazes de nada! Eu nem andar podia! Não sei o que tinha».
Era tanto o abatimento espiritual e corporal, era tal o  êxtase dessas crianças, que nem viram a noite chegar: «Apesar de tudo, foi ele (Francisco) que se deu conta das proximidades da noite. Foi quem disso nos advertiu e quem pensou em conduzir o rebanho para casa».
Procurei citar toda a passagem das Memórias de Lúcia devido ao seu caráter eminentemente sobrenatural. É muito difícil ler estas palavras e dizer que tudo foi invenção. Os detalhes de vida espiritual são muito fortes. Já estavam as crianças levadas espiritualmente à oração constante e mortificada. O Anjo lhes ensina uma oração nova, onde destacamos:
-          a adoração à Santíssima Trindade
-          o oferecimento de Jesus  na Sagrada Hóstia como reparação
-          o Imaculado Coração de Maria medianeira de todas as graças, participando dos méritos do Sagrado Coração.
Lúcia conta que recebeu uma verdadeira hóstia. Jacinta recebe o Preciosíssimo Sangue sabendo que é a comunhão. Já Francisco não percebe de imediato que está comungando.
Só passados alguns dias, quando conseguem falar novamente, é que o menino pergunta:
«O Anjo, a ti deu-te a Sagrada Comunhão; mas a mim e à Jacinta, que foi o que ele nos deu?!
 Foi também a Sagrada Comunhão! respondeu a Jacinta numa alegria indizível. Não vês que era o Sangue que caía da Hóstia?!
E Francisco diz então estas palavras, que são a prova da veracidade das graças com as quais Deus enchia estas almas infantis:
«–Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!
E prostrando-se por terra, permaneceu por largo tempo, com sua irmã, repetindo a oração do Anjo: Santíssima Trindade...etc.».
































Aqui se lhe comunicam todas três Pessoas, e lhe falam, e lhe dão a compreender aquelas palavras do Senhor no Evangelho, quando disse que viria Ele com o Pai e o Espírito Santo a morarem na alma que o ama e guarda os seus mandamentos... E cada dia se admira mais esta alma, porque lhe parece que as Pessoas Divinas nunca mais se apartaram dela; antes, notoriamente vê que, do modo sobredito, as tem em seu interior, no mais íntimo, num abismo muito fundo; e não sabe dizer como é, porque não tem letras, mas sente em si esta divina companhia.  - Sta Tereza d'Avila, Castelo Interior, Sétimas Moradas, cap. I
É no exemplo vivo desta criança que aprendemos o que muitos espirituais nos ensinam com palavras humanas e que nos torna difícil a compreensão do que seja a Santa Comunhão. Que extraordinária ação de graças fazem estas crianças, dias depois de receberem a comunhão, milagrosamente, das mãos de um Anjo, elevadas a um júbilo sobrenatural ao compreenderem que era Jesus escondido que os visitara.
A lição estava dada, a formação espiritual alcançara um grau em que já era possível que elas entendessem profundamente as graças que a Mãe do Céu viria lhes dar.
A história da vida de oração, da vida interior deles, apenas começava. E se foi com razão que disseram que o grande milagre de Lourdes foi a alma de Santa Bernadete, podemos dizer o mesmo destas três crianças, ou pelo menos das duas menores, visto que Lúcia ainda vive.
As aparições de Nossa Senhora
Chegamos ao dia 13 de maio de 1917
Comecemos pela descrição que Lúcia nos faz na sua 4ª Memória. Transcrevo-a toda para os que nunca a leram. As crianças viram um reflexo de luz no céu, como um relâmpago, e com medo de uma chuva, vão tocando as ovelhas em direção à casa, quando vêem um segundo clarão e, logo depois, uma senhora sobre uma carrasqueira «Vestida de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio d'água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente...estávamos tão perto que ficávamos dento da luz que a cercava ou que ela espargia. Talvez a metro e meio de distância, mais ou menos». Esta proximidade com a luz  que dela saía tem sua importância pelo que virá.
«– Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
– De onde é vossemecê? perguntei.
– Sou do Céu.
– E o que é que Vossemecê me quer?
– Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
– E eu também vou para o Céu? – Sim, vais.
– E a Jacinta?  – Também.
– E o Francisco? – Também, mas tem que rezar muitos Terços.»
Depois desta introdução, que segue com perguntas sobre as amigas de Lúcia já falecidas, Nossa Senhora dirá o que realmente quer das crianças, dizendo coisas parecidas com as palavras do Anjo, já conhecidas dos três. Não vemos aqui Nossa Senhora ensinando-os a rezar ou as crianças perguntando do que se trata. Tudo é claro e rápido:
– «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos.
– Ide pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Dentro do nosso estudo das graças místicas das três crianças, temos os seguintes elementos nesta primeira aparição:
-          elas se encontram dentro da luz que emana da Virgem.
-          Nossa Senhora lhes pede sofrimentos e eles aceitam já sabendo do que se trata.
-          Ela confirma que sofrerão muito e terão o socorro especial da graça de Deus.
O que segue, é a conseqüência disso:
«Foi ao pronunciar as últimas palavras que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos.»
Estando dentro da luz que emana de Nossa Senhora elas vêem, das palmas das mãos da Senhora, brotar mais luz ainda. E essa nova luz penetra no íntimo de suas almas, dando-lhes  um conhecimento que uma simples criança não poderia ter: conhecimento de si mesmos em Deus que era aquela luz. Ora, isso é o que acontecerá conosco no céu. Durante alguns instantes, que não foram demorados, mas também não foram muito rápido, elas estiveram no céu. O que mais impressiona é que elas não tenham morrido de amor, passando do êxtase para a glória. O fato é que a terra, naquele momento desapareceu para eles:
«Então, por um impulso íntimo, também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: "Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento". Passados os primeiros momentos Nossa Senhora acrescentou: Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra».
Nossa Senhora não repetiu para eles a oração. Ela brota da iluminação em que estão mergulhados. A Santíssima Trindade já era deles conhecida pela oração do Anjo, assim como o amor por Jesus escondido no Santíssimo Sacramento. Ambos lhes foram comunicados na terceira aparição do Anjo, quando as crianças comungam de suas mãos.
É preciso compreender que o que há de mais rico e elevado nesta aparição de Nossa Senhora está escondido no coração das crianças: «Omnis glóriae filiae Regis ab intus – toda a glória da filha do Rei vem do interior» (Sl.44). E a Virgem Maria permanece ali, no silêncio das colinas de Fátima, rodeada por três inocentes criancinhas, mergulhadas num êxtase de amor. Quanto tempo ficou ali a Mãe de Deus? Ninguém sabe.
Na verdade, o que Nossa Senhora comunicou às almas das crianças naquele momento foi algo diferente das aparições do Anjo: «A aparição de Nossa Senhora veio de novo a concentrar-nos no sobrenatural, mas mais suavemente. Em vez daquele aniquilamento na Divina presença, que prostrava mesmo fisicamente, deixou-nos uma paz e alegria expansiva que nos não impedia falar, em seguida, de quanto se tinha passado.» (4ª Memória).
E, de fato, os três falavam entre si com facilidade sobre o grande acontecimento. Jacinta será mesmo indiscreta, contando em casa o acontecido, o que será motivo de muito sofrimento e humilhações para os três.
«...foi ela que, não podendo conter em si tanto gozo, quebrou o nosso contrato de não dizer nada a ninguém. Quando, nesta mesma tarde, absorvidos pela surpresa, permanecíamos pensativos, a Jacinta, de vez em quando, exclamava com entusiasmo: Ai! que Senhora tão bonita!» (1ª Memória)
E Francisco também expansivo:
«Oh! Minha Nossa Senhora, terços rezo todos quantos Vós quiserdes!» E ainda: «Gostei muito de ver o Anjo; mas gostei ainda mais de Nossa Senhora. Do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus! Mas Ele está tão triste por causa de tantos pecados. Nós nunca havemos de fazer nenhum.»
A vida dos pastores se transforma e seria muito longo nós comentarmos todas as impressionantes mortificações que eles farão, pela conversão dos pecadores, para que as almas não se percam no inferno, para consolar o Bom Deus já tão ofendido.
No entanto devemos marcar a vocação própria dos dois menores: Jacinta fica muito impressionada com o inferno, antes mesmo de terem a visão da terceira aparição; a pequenina pensa com freqüência nos pobres pecadores que sofrerão para sempre ali.
Francisco, o mais interior dos três, isola-se em oração, rezando o Terço, pensando sempre em consolar a Deus.
Mas as graças não param na primeira aparição. Suas almas ainda têm mais a aprender sobre Deus e sobre elas mesmas. E a lição de vida mística continuará na segunda aparição.
A Segunda Aparição: 13 de junho de 1917.
Tanto pelas palavras de Nossa Senhora quanto pela visão da luz que se irradia novamente de suas mãos, esta segunda aparição nos mostra a missão de cada uma delas e a  importantíssima revelação da devoção ao Imaculado Coração de Maria:
Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu.
  Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá m ais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração.
  Fico cá sozinha? perguntei com pena.
  Não filha. E tu sofres muito?! Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio, e o caminho que te conduzirá até Deus.
Foi no momento em que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco parecia estarem na parte dessa luz que se elevava para o Céu, e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação.» (4ª Memória)
Esta visão sublime e tão importante foi como um segredo que eles conseguiram guardar, pois tratava-se da vida deles. Só em 1941, ao redigir estas Quartas Memórias, é que irmã Lúcia revelará ao mundo esta luz.
Porém, o modo como Deus se serviu de seus inocentes amiguinhos para revelar ao mundo o Imaculado Coração de sua Mãe Santíssima é outra marca da grandeza dos acontecimentos de Fátima.
«Parece-me que neste dia, este reflexo teve por fim principal infundir em nós um conhecimento e amor especial para com o Coração Imaculado de Maria, assim como das outras duas vezes o teve, me parece, a respeito de Deus e do mistério da Santíssima Trindade.» (3ª Memória).
Vemos assim que não foi por causa da visão do Coração na palma da mão que os corações das crianças passaram a ter grande amor pelo Imaculado Coração, mas sim pela luz divina que lhes foi comunicada, com o conhecimento infuso da realidade de fé que se escondia por detrás daquela visão extraordinária. Devoção real, sólida, profunda, sem nada de sentimental. «Desde esse dia sentimos no coração um amor mais ardente pelo Coração Imaculado de Maria.A Jacinta dizia-me de vez em quando: "Aquela Senhora disse que o Seu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus. Não gostas tanto? Eu gosto tanto do seu Coração. É tão bom!» E antes de ir para o hospital ela insistia com Lúcia para não ter medo de, chegada a hora, dizer ao mundo que Deus queria a devoção ao Imaculado Coração de Maria.
Não sei se as longas citações das Memórias de Irmã Lúcia nos desvia das considerações de ordem espiritual, no sentido da vida mística das crianças. Mas tudo o que foi citado mostra as principais etapas e acontecimentos que foram formando e elevando as suas almas.
Assim é que, entre a segunda e a terceira aparição aconteceu um fato de grande importância para o que estamos a tratar. Lúcia passa por uma grande noite da Fé. Ela, cheia de dúvidas, achando que tudo aquilo pode ser do demônio, e os seus priminhos chorando e sofrendo por ver a prima naquele estado. Grandes purificações para grandes almas. Todos os esforços foram vãos para convencer a mais velha, que só foi ao encontro por ter sido arrancada de sua casa por um impulso mais forte do que ela, indo encontrar os dois pequenos chorando de joelhos em sua casa. E Francisco dirá depois como se comporta os santos diante das grandes decisões: «Credo! Aquela noite não dormi nada; passei-a toda a chorar e a rezar para que Nossa Senhora te fizesse ir!» (4ª Memória)
Eles estavam, enfim, prontos para a grande revelação que Nossa Senhora queria lhes fazer.
A Terceira Aparição: 13 de julho de 1917.
A narrativa da terceira aparição nos afastaria do nosso assunto. Lembremos apenas que ela é o centro do conjunto de aparições e de fatos sobrenaturais que as três crianças assistiram:
- a visão do inferno para onde vão as almas dos pecadores
- o Imaculado Coração de Maria como remédio para salvar a humanidade desse inferno
- a Rússia, castigo para esse mundo pecador
- a terceira parte do segredo, que segundo testemunho de altas personalidades da Igreja, que a leram, fala da terrível crise de fé que assola o mundo e a Igreja desde o último Concílio.
O que mais nos interessa aqui é a impressão que lhes ficou da visão do inferno e das profecias ditas por Nossa Senhora: «Na terceira aparição, o Francisco pareceu ser o que menos se impressionou com a vista do Inferno, embora lhe causasse também uma sensação bastante grande. O que mais o impressionava ou absorvia era Deus, a Santíssima Trindade, nessa luz imensa que nos penetrava no mais íntimo da alma. Depois dizia: "Nós estávamos a arder naquela luz, que é Deus e não nos queimávamos! Como é Deus!...não se pode dizer! Isto sim, que a gente nunca pode dizer! Mas que pena Ele estar tão triste! Se eu O pudesse consolar!...» (4ª Memória)
Esta elevada e bela afirmação vem se juntar a todas as outras que já fizemos da vida de Francisco Marto, onde sua alma de criança e de santo se desenha com tanta clareza, inundada desta graça de vida mística, de vida perdida em Deus.
Jacinta, ela, viverá até o fim com esta visão do inferno diante de si, como um aguilhão que lhe dará sempre mais forças para sofrer: «A vista do Inferno tinha-a horrorizado  a tal ponto que todas as penitências e mortificações lhe pareciam nada, para conseguir livrar de lá algumas almas... Algumas pessoas, mesmo piedosas, não querem falar às crianças do Inferno, para não as assustar; mas Deus não hesitou em mostrá-lo a três e uma de seis anos apenas, e que Ele sabia se havia de horrorizar a ponto de, quase me atrevia a dizer, de susto se definhar.
Com freqüência se sentava no chão ou nalguma pedra e pensativa começava a dizer: "O inferno, o inferno! Que pena eu tenho das almas que vão para o inferno! E as pessoas lá, vivas, a arder como a lenha no fogo! E meio trêmula ajoelhava, de mãos postas, a rezar a oração que Nossa Senhora nos havia ensinado: "Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do Inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem".» (3ª Memória)
Muitas graças extraordinárias são descritas por Lúcia sobre seus primos. A visão que Francisco tem de um demônio, como o que eles viram na visão do inferno, a visão que Jacinta tem do Papa, bi-locação, as profecias sobre as modas que ofenderão a Deus. Um pouco antes de sua morte, Nossa Senhora aparece para ela e lhe pergunta se ela aceita continuar a salvar as almas do inferno. Todas elas são confirmações, conseqüências da elevação a um alto grau de santidade operada pelo aprendizado do Céu, desde as aparições do Anjo até a morte das duas crianças. Mas voltemos ao dia 13 de julho:
Quando Nossa Senhora chega sobre a azinheira, Lúcia fica muda, em êxtase, diante dessa luz intensa, da qual ela tinha duvidado. Foi Jacinta que a alertou: fale pois ela já está falando com você. Lúcia, sempre discreta sobre as graças recebidas por ela própria ficará sempre com saudades do céu, e quando ela manifestava isso a eles, Jacinta lhe lembrava que o Imaculado Coração de Maria seria o seu refúgio. Sua missão quase profética de anunciar a revelação do Imaculado Coração de Maria parece, aliás, ter começado ainda no dia da última aparição. Eis o que nos conta o Dr. Carlos Mendes:
«Quando o sol voltou ao normal, tomei Lúcia nos meus braços para leva-la até o caminho. Meus ombros foram assim o primeiro púlpito de onde ela pregou a mensagem que acabara de lhe confiar Nossa Senhora do Rosário. Com grande entusiasmo e Fé ela gritava: "Façam penitência, façam penitência! Nossa Senhora quer que façais penitência. Se fizerdes penitência a guerra acabará". Ela parecia inspirada. Era impressionante ouvi-la. Sua voz tinha entoações como a voz de um grande profeta
A Continuação
Depois da morte de Francisco e Jacinta, Lúcia continuará recebendo muitas graças e procurando desempenhar seu papel de testemunha da vontade de Nossa Senhora. No dia 10 de dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e ao lado, suspenso numa nuvem luminosa, um Menino. Nossa Senhora pôs sua mão no ombro da religiosa e mostrou-lhe na palma da outra mão, seu Coração cercado de espinhos. Disse o Menino: "Tem pena do coração de tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar."
E Nossa Senhora pede, então, que irmã Lúcia espalhe pelo mundo a devoção dos 5 Primeiros sábados do mês. A todos os que se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de desagravar ao Imaculado Coração de Maria, a boa Mãe do Céu promete assistir na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação. E mais tarde Nossa Senhora explicará porque pediu 5 sábados: porque são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
-          blasfêmias contra a Imaculada Conceição
-          contra sua Virgindade
-          contra a Maternidade divina, e recusa de recebe-la como Mãe
-          os que procuram infundir nos corações das crianças a indiferença, o desprezo e até  o ódio para com esta Imaculada Mãe.
-          os que a ultrajam em suas sagradas imagens.
Os grandes mistérios revelados e vividos pelas criancinhas de Fátima continuam, portanto, diante de nós, diante do mundo indiferente. Cabe a cada um de nós tomar a iniciativa de se entregar ao amor desta incomparável Mãe, que trouxe o Céu até a terra, nas terras de Portugal, para a nossa salvação. Que os bem-aventurados Francisco e Jacinta de Fátima intercedam por nós, para que nós estejamos à altura deste amor Maternal que Nossa Senhora quer nos comunicar. Rezemos o Terço todos os dias.
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O anjo de Portugal e as Orações que ele ensinou aos Pastorinhos
O maravilhoso encontro com a Mãe de Deus não fora a primeira visita que os três pastorinhos receberam do Céu. A fim de prepará-los para aceitar e divulgar a Mensagem de Fátima, a Providência Divina lhes enviara no ano anterior o Anjo de Portugal, para manifestar os desígnios de misericórdia de Jesus e Maria sobre eles.
Foi quando se abrigavam de uma chuva fina na Loca do Cabeço, pequena gruta situada numa propriedade do padrinho de Lúcia, que o Anjo lhes apareceu claramente pela primeira vez. À medida que ele se aproximava, os meninos iam distinguindo sua fisionomia: era a de um jovem de 15 anos, parecendo feito de neve, muito formoso e mais reluzente que um cristal atravessado pelos raios do sol. Surpreendidos diante de tanta beleza sobrenatural, não conseguiam pronunciar palavra.
Ao chegar junto dos pastorinhos, o mensageiro celeste lhes disse:
ANJO DE PORTUGAL_1.jpg- Não temais, sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
Ajoelhou-se e se curvou até tocar o chão com a fronte. Os três meninos fizeram o mesmo e repetiram as palavras que lhe ouviam pronunciar:
- Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Após ter recitado esta oração três vezes, o Anjo levantou-se e disse-lhes que rezassem sempre, porque Nosso Senhor e Nossa Senhora estavam atentos às suas orações. E desapareceu.
Algumas semanas depois, quando os pastorinhos brincavam junto ao poço no quintal da casa de Lúcia, o Anjo surpreendeu-os novamente.
- O que fazeis? - perguntou. - Rezai, rezai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofen¬dido, e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.
Dizendo isto, desapareceu.
Mais tarde, por volta de outubro de 1916, novamente na Loca do Cabeço, deu-se a última aparição do Anjo. Depois de terem tomado a merenda, as crianças se puseram a rezar, com o rosto em terra, repetindo a oração que dele haviam aprendido. De repente, perceberam uma luz desconhecida a brilhar sobre eles. Ergueram-se e viram o Anjo, que trazia na mão esquerda um cá­lice, sobre o qual, com a direita, segurava uma Hóstia. Desta caíam algumas gotas de Sangue dentro do cálice.
Deixando a Hóstia e o cálice suspensos no ar, o Anjo se colocou junto às crianças, curvou-se também e lhes ensinou outra oração ainda mais bela:
- Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.ANJO DE PORTUGAL_2..jpg
Levantando-se, o Anjo tomou na mão a Hóstia e a deu a Lúcia. Francisco e Jacinta se perguntavam se receberiam também a Hóstia, pois ainda não tinham feito a Primeira Comunhão. O Anjo avançou até eles e deu-lhes a beber do cálice, dizendo:
- Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos! Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
Depois, ajoelhou-se e repetiu a mesma oração três vezes: "Santíssima Trindade...", etc. E desapareceu.
Nunca mais o veriam. Porém, haviam ficado profundamente impressionados pelas palavras dele. A partir de então, passaram a rezar mais e a fazer constantes sacrifícios em reparação a Deus e pela conversão dos pecadores.
E assim foi que suas almas inocentes, alguns meses depois, encontravam-se preparadas para o bendito e inesquecível momento em que contemplariam, na Cova da Iria, uma Senhora mais brilhante que o sol.
(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria - Monsenhor João Clá)




Festa Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto



O programa estabelecido para a celebração da Festa Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto; comemorada hoje, 20 de Fevereiro, no dia de aniversário da morte da Beata Jacinta Marto (13 de Fev. de 1922); foi alterado devido ao mau tempo que se fez sentir esta manhã em Fátima. Muita chuva, vento e frio impossibilitaram as crianças de Fátima de participarem nas celebrações. 


Contudo, numa Festa Litúrgica habitualmente vocacionada à participação dos mais novos, as crianças presentes na Basílica foram convidadas, no final da Eucaristia, a ir para junto do altar, para uma bênção especial. Em toda a Missa se rezou pelas crianças, para que “todas sejam bem recebidas”, para que tenham “alegria de viver e coragem”, como afirmou D. Serafim Ferreira e Silva.


Inicialmente prevista para a Capelinha das Aparições e com a participação de cerca de 1200 crianças das escolas de Fátima, a Eucaristia da Festa Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, celebrada este ano um dia após a tumulação da Vidente Lúcia na Basílica do Santuário de Fátima, acabou por celebrar-se precisamente na Basílica, onde agora estão sepultados os três videntes de Fátima. 

“Gostaria que as crianças das escolas de Fátima viessem em procissão da Igreja Paroquial de Fátima até ao Santuário recitando o Rosário (conforme o programa), mas era demasiado violento, por causa da chuva e do frio”, referiu o Reitor do Santuário no início da Eucaristia, acrescentando que “talvez tenha sido uma surpresa que a Irmã Lúcia nos pregou, porque assim, hoje, celebramos esta Festa dos Pastorinhos nesta Basílica onde, desde ontem, os três estão agora tumulados”.
Pela primeira vez fortemente marcada pela presença de vários grupos do estrangeiro; nomeadamente dos Estados Unidos, Polónia, Itália, Alemanha e Espanha; a Eucaristia dos Beatos foi presidida pelo Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, e concelebrada por 80 sacerdotes. Participaram mais de 1200 peregrinos.
Durante a homilia, D. Serafim, constatando que a Basílica se encontrava repleta de gente adulta de vários países do mundo, e numa alusão às Leituras feitas, após uma saudação aos peregrinos nos vários idiomas presentes, convidou os adultos a procurar viver com a pureza e a simplicidade que caracteriza as crianças. “Deus pede-nos uma vida mais santa, mais pura, mais verdadeira, para que o Imaculado Coração de Maria triunfe”. “O segredo da paz está no perdão”, disse D. Serafim.
“A Lúcia não se escravizou, fez um voto de pobreza, de obediência, quis ser serva de Deus, mas em fraternidade, em humildade e na paz. Nós também devemos dar prioridade ao ser”, referiu o Prelado, salientando que “no acumular de bens materiais não está a felicidade”.
Na mesma homilia, D. Serafim Ferreira e Silva recordou que “a Lúcia é que tomou a iniciativa de pedir aos homens que construíssem aqui um lugar mariano”. O Bispo de Leiria-Fátima rezou para que “a Jacinta e o Francisco subam aos altares do mundo mas sobretudo às consciências de todos”.
A respeito da abertura do processo de beatificação da Vidente de Fátima Lúcia o prelado afirmou “não vamos ter pressas”, porque, acima de tudo, a Irmã Lúcia é um “exemplo de amor”, porque “amou a Igreja, amou a vida, consagrou-se a Deus e procurou ser coerente”.
O Reitor do Santuário, Mons. Luciano Guerra, no momento da bênção das crianças, explicou que, embora o corpo da Irmã Lúcia esteja na Basílica ao lado da Beata Jacinta, “à Lúcia ainda não podemos rezar em conjunto, embora individualmente sim, uma vez que ela ainda não foi beatificada”.


No momento final da Missa, a anteceder a bênção das crianças, os mais novos foram convidados a voltarem-se para o túmulo do Beato Francisco Marto e, antes de rezar uma Ave Maria, a pedir ao Pastorinho Beato “que interceda por todos nós, junto de Maria”.
De seguida, o grupo, de cerca de 20 crianças, voltou-se para o túmulo da Beata Jacinta Marto. Antes da Ave Maria, orou-se a Nossa Senhora que todos os meninos sejam como a Jacinta, “que rezem pelos pecadores”. 


A Eucaristia finalizou ao som do Hino dos Pastorinhos Beatos de Fátima. “Cantemos alegres, a uma só voz, Francisco e Jacinta, rogai por nós”, é o refrão do Hino.
D. Serafim durante a Eucaristia usou uma casula que à frente tem bordada, à mão, uma figura da Beata Jacinta Marto e, nas costas, uma outra do Beato Francisco Marto, uma oferta do Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Zakopane, na Polónia, feita a D. Serafim.


Fotos em www.santuario-fatima.pt  , na pasta Arquivo Multimédia.

ORAÇÃO DOS BEATOS JACINTA E FRANCISCO MARTO


Jacinta e Francisco, Pastorinhos de Fátima, queremos aprender convosco o caminho que nos leva a uma vida de verdadeira união com Jesus.

Ensina-nos Jacinta, a amar os outros com todo o nosso coração,a reconhecer neles o Amor de Deus e a dar a vida para que nenhum se perca.Ensina-nos a desejar tão intensamente como tu a conversão dos pecadores,a começar por cada um de nós.

Ensina-nos, Francisco, o teu enorme amor, fiel e silencioso, por Jesus.Faz-nos desejar cada vez mais a sua companhia na oração e identificar-noscom a dor do seu Coração ferido pela ingratidão dos homens.

Pastorinhos de Fátima, pela vossa mão queremos entrar cada vez mais no coração de Maria, nosso refúgio, que nos há de conduzir até Deus.

Ámen 



Irmã Lúcia de Jesus, ocd A Pastorinha mensageira de Fátima

Lúcia de Jesus é a mais nova dos sete filhos de António Santos e Maria Rosa Ferreira. Eram um casal que vivia em perfeita harmonia, com os normais espinhos de qualquer família. Ele, alegre e conciliador; ela, mulher forte e atenta às necessidades do próximo. Entendiam-se bem e consultavam-se mutuamente, atitude que não seria comum na época. Acolhiam os pobres e eram exemplares com os vizinhos. Eram honestos, pobres, trabalhadores, piedosos e generosos. A família vivia unida no trabalho e na oração, dirigida normalmente pelo pai, que também alegrava a intimidade do lar cantando com a sua bela voz e ensinando a catequese aos filhos enquanto se esperava pela ceia. O pai António era paciente e confiante. 
Nunca duvidou sobre a veracidade das Aparições, ao contrário da esposa e outras pessoas da família. Era de bom humor e sabia por água na fervura, quando via a esposa mais preocupada com os problemas, que muito aumentaram a partir de 13 de Maio de 1917. Vivem no lugar de Aljustrel, freguesia de Fátima, uma aldeia perdida na solidão da Serra d’Aire. Lúcia nasceu no dia 28 de Março de 1907. Era Quinta-feira Santa. Recebeu o Baptismo dois dias depois, em Sábado Santo. O nome Lúcia foi escolha e imposição do pai. Lúcia quer dizer «aquela que luz» e, de facto, coube-lhe difundir no mundo a Mensagem de Fátima. Lúcia crescerá neste ambiente de serranias secas e agrestes e também cheio de poesia. 
Em casa, por exemplo, os pais dizem-lhe que tinha vindo do céu, entre rosas e flores, num pequeno açafate que havia lá em casa. Era de rosto moreno e arredondado e de boca larga; nariz achatado, testa curta e dois olhos negros defendidos por duas espessas sobrancelhas. Era decidida e séria. Gostava de se arranjar bem, sobretudo nas festas. A família gostava muito dela por ser inteligente e meiga. Gostava de crianças e entretinha-as com facilidade. Gostava de jogar ao esconde-esconde e ao botão, às pedrinhas e às prendas. Tinha muito jeito para contar histórias, cantar e bailar. Teve também de limar arestas, pois como qualquer mortal teve limitações e defeitos. 
Em criança foi caprichosa e birrenta, mas encontrou na mãe uma educadora austera e pouco dada a caprichos. Num tempo em que os actos de culto chegaram a estar proibidos nos templos, sempre a sua casa foi piedosa. O terço em Maio era rezado em família e de joelhos diante dum crucifixo. Lúcia fez a Primeira Comunhão aos seis anos (e não aos sete, como era costume) graças à intervenção do Servo de Deus Padre Francisco Cruz. Preparou-se para este grande acontecimento com a seriedade que lhe permitiam tão tenros anos.
Aprendeu a ler, apesar de viver num tempo em que as meninas não iam à escola. Vendido o rebanho familiar que lhe tocava guardar, ficou liberta para se matricular, mas sem descurar a aprendizagem de outras artes que fazem falta a uma boa dona de casa. O dia 13 de Maio de 1917 foi um dia inesquecível. Depois da Missa das Almas, às 6h00, os três Pastorinhos regressaram a casa comeram um tijela de caldo quente ou de arroz, puseram a tiracolo a saquita da merenda (pão, azeitonas, bacalhau ou uma sardinha, queijo e fruta), juntaram os rebanhos das duas famílias e lá foram com o rumo algo incerto, até que Lúcia decidiu: «Vamos para a Cova da Iria!». Foi ali, que, inesperadamente, estando o firmamento limpo e azul, se ouve um forte relâmpago, depois outro e um terceiro. Viram, então, sobre uma carrasqueira, uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol.
Segue-se o medo e a surpresa das crianças. Segue-se o enlevo e tornam-se confidentes de Nossa Senhora. Depois das Aparições sobreveio a morte do Francisco e da Jacinta, morreu também o pai, saiu o Pároco, continuam os interrogatórios e a agressividade das pessoas para com Lúcia, uma adolescente ainda. Não tinha vida fácil. O Prior do Olival decide-se a tirá-la dali. Teve-a em sua casa, esteve em Lisboa e Santarém, mas sempre provisoriamente porque a ausência de Fátima causava inquietação nas gentes. Regressou. Havia, porém, que retirá-la e providenciar o seu enriquecimento humano, intelectual e espiritual. Intervei-o o Bispo de Leiria e com o consentimento familiar e da própria é internada no Porto, no Colégio das Irmãs Doroteias. É ali uma desconhecida: tratam-na por Maria das Dores. 
Nascem-lhe os primeiros desejos de se consagrar na Vida Religiosa. Deseja o Carmelo e decide-se pelo Instituto das Irmãs Doroteias. Professa a 3 de Outubro de 1928; e no mesmo dia de 1934 emite os votos perpétuos. Como jovem doroteia destacava-se talvez pela sua atitude na oração, pela pontual observância da Regra e pelo seu amor a Nossa Senhora. Permanece em Espanha até 1946. O Papa Pio XII concede-lhe permissão para entrar no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, o que sucede no dia 25 de Março de 1948. 
Ali viveu por Jesus, fazendo da terra um caminho para o céu. Passou aí cinquenta e sete anos vivendo como qualquer outra Carmelita, mas sempre com um ardente desejo de que a Mensagem que recebeu de Nossa Senhora fosse conhecida e cumprida... Algum tempo antes da sua morte confidenciou às suas Irmãs: Se eu morresse agora, morreria feliz, porque a Mensagem de Nossa Senhora já chegou a todas as partes do mundo. Numa vida de entrega a Deus, a exemplo de Maria, a Irmã Lúcia tinha presente na sua oração diária todas as necessidades do mundo e de modo particular daqueles com quem contactava e que lhe escreviam. Aos 97 anos, no dia 13 de Fevereiro de 2005, Nossa Senhora cumpriu o que lhe prometera e terminando o «mais algum tempo» aqui na terra, tomou-a em seus braços para a levar finalmente a contemplar o rosto da Trindade Santíssima. 
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Formações

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Qual é o Terceiro Segredo de Fátima?

Nenhum sofrimento é vivido em vão se for acolhido na fé
Infelizmente circula na internet um tal “Terceiro Segredo de Fátima”, que muito assusta as pessoas, como se o Papa João Paulo II não tivesse revelado o verdadeiro no ano 2000. No dia 26 de junho deste ano foi revelado, com a devida autorização do Papa, o verdadeiro Terceiro Segredo de Fátima, que tanta curiosidade, medo e, às vezes, pavor, despertava no povo. Na verdade, houve muita fantasia prejudicial às pessoas. Nas suas três partes o Segredo nada tem de previsões sobre o fim do mundo, nem de catástrofes ou flagelos.

Com a revelação do Segredo, feita através da Sagrada Congregação da Fé, com uma interpretação feita, a pedido do Papa, pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje o Papa Bento XVI, prefeito da citada congregação na época, viu-se que se trata de uma visão do século XX, século este impregnado de mártires do comunismo, do nazismo e de outras forças inimigas da Igreja e de Deus. Milhões morreram pela fé.

Na entrevista que Dom Tarcísio Bertone, então Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, teve com a Irmã Lúcia, por ordem do Sumo Pontífice, em 27 de abril de 2000, no Carmelo de Coimbra, onde vivia a religiosa, esta, lúcida e calma, concordou com a interpretação do Segredo, segundo a qual a terceira parte do Segredo de Fátima consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada. Ela reafirmou a sua convicção de que a visão de Fátima se refere “sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos” e descreve os duros sofrimentos das milhões de vítimas do século XX.

Irmã Lúcia confirmou que a principal personagem do Segredo era o Santo Padre e recordou como os Pastorinhos tinham pena dele. Com relação ao "Bispo vestido de branco" (o Papa), que é ferido de morte e cai por terra, a Irmã concordou plenamente com a afirmação do saudoso Papa João Paulo II: "Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Santo Padre deteve-se no limiar da morte" (Meditação com os Bispos italianos na Policlínica Gemelli, 13 de maio de 1994).

É interessante destacar o que diz a Irmã Lúcia: "Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa." A ela foi dada a visão, não a interpretação. Mais uma vez vemos aí a importância da Igreja e do Pontífice. E a Irmã concordou com a interpretação dada pela Igreja. Na interpretação do Segredo, já bastante publicado e conhecido, feita pelo Cardeal Ratzinger, alguns pontos merecem ser destacados:

1 - A palavra-chave da primeira e segunda parte do Segredo é "Salvar as almas"; a palavra-chave da terceira parte é "Penitência, penitência, penitência". O mesmo cardeal lembrou que a Irmã Lúcia lhe disse que o objetivo de todas as Aparições da Santíssima Virgem era fazer crescer cada vez mais a fé, a esperança e a caridade.

2 - A visão do anjo com a espada de fogo representa o perigo da destruição da humanidade por si mesma, por meio da guerra e de outras formas. O brilho da Mãe de Deus aparece como a força capaz de vencer as forças da terrível destruição.

3 - O sentido da visão não é mostrar um filme sobre o futuro, mas uma forma de orientar a liberdade humana a buscar o bem. Há que se evitar, portanto, as interpretações fatalistas do Segredo, como se tudo já fosse traçado para acontecer, sem respeitar a liberdade dos homens. O futuro é visto como que num espelho, de maneira simbólica.

4 - Três sinais aparecem: uma montanha alta; uma grande cidade meio em ruínas e uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade são o lugar da história humana, de convivência, mas de luta; como uma subida árdua no qual o homem destrói, com as próprias mãos, o que ele mesmo construiu (cidade em ruínas). No alto da montanha está a Cruz, meta e orientação da história humana, sinal da miséria humana e promessa de salvação.

A visão mostra o caminho da Igreja como uma Via-Sacra, ladeado de violência, destruição e morte, mas de esperança. Diz o cardeal que nesta imagem pode-se ver a história de um século que se finda. O século dos mártires, dos sofrimentos e das perseguições à Igreja. Século de duas guerras mundiais e de muitas guerras locais. No espelho desta visão vemos passar as testemunhas da fé deste século.

O cardeal fez questão de recordar o que a Irmã Lúcia disse ao Papa João Paulo II, em 12 de maio de 1982, um ano após o atentado sofrido por ele: "A terceira parte do segredo se refere às palavras de Nossa Senhora: "Se não [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas."

Os Papas deste século tiveram um papel preponderante na árdua "subida da montanha" do Segredo. Desde Pio X até João Paulo II, todos os Santos Padres sofreram no caminho que leva à Cruz.

5 - Destaca o mesmo cardeal que o fato de o Papa não ter não ter morrido no atentado de 13/5/81 significa que não existe um destino imutável (na visão Sua Santidade aparece morta), e se a mão de Nossa Senhora guiou a bala para que não o matasse é porque a força da oração e da penitência é maior do que as balas, e a fé é mais poderosa do que os exércitos. Tudo pode ser mudado pela oração e pela conversão!

6 - Por fim a visão mostra os anjos que recolhem da cruz o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O Sangue de Cristo e o dos mártires são vistos juntos a significar que o nosso sofrimento completa a salvação do mundo (cf. Cl 1, 24). O sangue dos mártires é semente de novos cristãos, como dizia Tertuliano. E assim, o terceiro Segredo termina com uma forte mensagem de esperança: nenhum sofrimento é vivido em vão se é acolhido na fé. É de todo o sofrimento e de todo o sangue derramado pela Igreja, no século XX, que brotarão as forças de um novo Cristianismo no século XXI. Haverá uma forte purificação e um renovamento que já se faz sentir no coração da Igreja. É a eficácia salvífica que brota do Sangue de Cristo misturado ao dos Seus mártires.

7 - Os acontecimentos, a que se refere o Segredo, já são do passado; fica o permanente apelo à oração e à penitência para a salvação das almas. O cardeal termina afirmando que a certeza de Nossa Senhora de que por fim "o meu Imaculado Coração triunfará" significa que um coração voltado inteiramente para Deus é mais forte do que as pistolas ou as outras armas de fogo. A mensagem do Terceiro Segredo é uma mensagem de confiança no Cristo que venceu o mundo (cf Jo 16, 33).

Estive em Portugal, logo após a morte de Irmã Lúcia, em Coimbra, com a Dra. Branca, que cuidou da religiosa até a sua morte. A médica disse-me que Irmã Lúcia concordou inteiramente com a revelação feita pela Igreja sobre o Segredo e que mais nada havia a revelar. Portanto, é preciso cessar a divulgação de um falso Terceiro Segredo de Fátima, como se a Igreja não tivesse revelado o verdadeiro.
Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de Aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe
Site do autor: www.cleofas.com.br
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O Terceiro Segredo de Fátima

 

(Texto Original e

 

Comentários feitos pelo Vaticano


APRESENTAÇÃO
 
Na passagem do segundo para o terceiro milênio, o Papa João Paulo II decidiu tornar público o texto da terceira parte do « segredo de Fátima ». 
Depois dos acontecimentos dramáticos e cruéis do século XX, um dos mais tormentosos da história do homem, com o ponto culminante no cruento atentado ao « doce Cristo na terra », abre-se assim o véu sobre uma realidade que faz história e a interpreta na sua profundidade segundo uma dimensão espiritual, a que é refractária a mentalidade actual, frequentemente eivada de racionalismo.
A história está constelada de aparições e sinais sobrenaturais, que influenciam o desenrolar dos acontecimentos humanos e acompanham o caminho do mundo, surpreendendo crentes e descrentes. Estas manifestações, que não podem contradizer o conteúdo da fé, devem convergir para o objecto central do anúncio de Cristo: o amor do Pai que suscita nos homens a conversão e dá a graça para se abandonarem a Ele com devoção filial. Tal é a mensagem de Fátima, com o seu veemente apelo à conversão e à penitência, que leva realmente ao coração do Evangelho.
Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. A primeira e a segunda parte do « segredo », que são publicadas em seguida para ficar completa a documentação, dizem respeito antes de mais à pavorosa visão do inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial, e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade.
Em 1917, ninguém poderia ter imaginado tudo isto: os três pastorinhos de Fátima vêem, ouvem, memorizam, e Lúcia, a testemunha sobrevivente, quando recebe a ordem do Bispo de Leiria e a autorização de Nossa Senhora, põe por escrito.

Para a exposição das primeiras duas partes do « segredo », aliás já publicadas e conhecidas, foi escolhido o texto escrito pela Irmã Lúcia na terceira memória, de 31 de Agosto de 1941; na quarta memória, de 8 de Dezembro de 1941, ela acrescentará qualquer observação.
A terceira parte do « segredo » foi escrita « por ordem de Sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da (…) Santíssima Mãe », no dia 3 de Janeiro de 1944.
Existe apenas um manuscrito, que é reproduzido aqui fotostaticamente. O envelope selado foi guardado primeiramente pelo Bispo de Leiria. Para se tutelar melhor o « segredo », no dia 4 de Abril de 1957 o envelope foi entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo, foi avisada a Irmã Lúcia pelo Bispo de Leiria.
Segundo apontamentos do Arquivo, no dia 17 de Agosto de 1959 e de acordo com Sua Eminência o Cardeal Alfredo Ottaviani, o Comissário do Santo Ofício, Padre Pierre Paul Philippe OP, levou a João XXIII o envelope com a terceira parte do « segredo de Fátima ». Sua Santidade, « depois de alguma hesitação », disse: « Aguardemos. Rezarei. Far-lhe-ei saber o que decidi ».(1)
Na realidade, a decisão do Papa João XXIII foi enviar de novo o envelope selado para o Santo Ofício e não revelar a terceira parte do « segredo ».
Paulo VI leu o conteúdo com o Substituto da Secretaria de Estado, Sua Ex.cia Rev.ma D. Ângelo Dell’Acqua, a 27 de Março de 1965, e mandou novamente o envelope para o Arquivo do Santo Ofício, com a decisão de não publicar o texto.
João Paulo II, por sua vez, pediu o envelope com a terceira parte do « segredo », após o atentado de 13 de Maio de 1981. Sua Eminência o Cardeal Franjo Seper, Prefeito da Congregação, a 18 de Julho de 1981 entregou a Sua Ex.cia Rev.ma D. Eduardo Martínez Somalo, Substituto da Secretaria de Estado, dois envelopes: um branco, com o texto original da Irmã Lúcia em língua portuguesa; outro cor-de-laranja, com a tradução do « segredo » em língua italiana. No dia 11 de Agosto seguinte, o Senhor D. Martínez Somalo devolveu os dois envelopes ao Arquivo do Santo Ofício.(2)
Como é sabido, o Papa João Paulo II pensou imediatamente na consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria e compôs ele mesmo uma oração para o designado « Acto de Entrega », que seria celebrado na Basílica de Santa Maria Maior a 7 de Junho de 1981, solenidade de Pentecostes, dia escolhido para comemorar os 1600 anos do primeiro Concílio Constantinopolitano e os 1550 anos do Concílio de Éfeso. O Papa, forçadamente ausente, enviou uma radiomensagem com a sua alocução. Transcrevemos a parte do texto, onde se refere exactamente o acto de entrega:
« Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo, acolhei o nosso brado, dirigido no Espírito Santo directamente ao vosso Coração, e abraçai com o amor da Mãe e da Serva do Senhor aqueles que mais esperam por este abraço e, ao mesmo tempo, aqueles cuja entrega também Vós esperais de maneira particular. Tomai sob a vossa protecção materna a família humana inteira, que, com enlevo afectuoso, nós Vos confiamos, ó Mãe. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança ». (3)
Mas, para responder mais plenamente aos pedidos de Nossa Senhora, o Santo Padre quis, durante o Ano Santo da Redenção, tornar mais explícito o acto de entrega de 7 de Junho de 1981, repetido em Fátima no dia 13 de Maio de 1982. E, no dia 25 de Março de 1984, quando se recorda o fiat pronunciado por Maria no momento da Anunciação, na Praça de S. Pedro, em união espiritual com todos os Bispos do mundo precedentemente « convocados », o Papa entrega ao Imaculado Coração de Maria os homens e os povos, com expressões que lembram as palavras ardorosas pronunciadas em 1981:
« E por isso, ó Mãe dos homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos directamente ao vosso Coração: Abraçai, com amor de Mãe e de Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.
De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade.
“À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”! Não desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação! ».
Depois o Papa continua com maior veemência e concretização de referências, quase comentando a Mensagem de Fátima nas suas predições infelizmente cumpridas:
« Encontrando-nos hoje diante Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: “Eu consagro-Me por eles — foram as suas palavras — para eles serem também consagrados na verdade” (Jo 17, 19). Queremos unir-nos ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação.
A força desta consagraçãopermanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua história e que, de facto, despertou nos nossos tempos.
Oh quão profundamente sentimos a necessidade de consagração pela humanidade e pelo mundo: pelo nosso mundo contemporâneo, em união com o próprio Cristo! Na realidade, a obra redentora de Cristo deve ser participada pelo mundo por meio da Igreja.
Manifesta-o o presente Ano da Redenção: o Jubileu extraordinário de toda a Igreja.
Neste Ano Santo, bendita sejais acima de todas as criaturas Vós, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento Divino!
Louvada sejais Vós, que estais inteiramente unida à consagração redentora do vosso Filho!
Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais Vós esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo.
Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso Coração materno.
Oh Imaculado Coração! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal, que se enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro!
Da fome e da guerra, livrai-nos!

Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável, e de toda a espécie de guerra, livrai-nos!
Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!
Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!
De todo o género de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!
Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!
Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!
Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!

Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!
Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado do sofrimento de todos os homens! Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!
Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todo o pecado: o pecado do homem e o “pecado do mundo”, enfim o pecado em todas as suas manifestações.
Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica infinita da Redenção: a força do Amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no vosso Imaculado Coração, a luz da Esperança! ».(4)
A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: « Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 » (carta de 8 de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento. 
Na documentação apresentada, para além das páginas manuscritas da Irmã Lúcia inserem-se mais quatro textos:
1) A carta do Santo Padre à Irmã Lúcia, datada de 19 de Abril de 2000;
2) Uma descrição do colóquio que houve com a Irmã Lúcia no dia 27 de Abril de 2000;
3) A comunicação lida, por encargo do Santo Padre, por Sua Eminência o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, em Fátima no dia 13 de Maio deste ano;
4) O comentário teológico de Sua Eminência o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Uma orientação para a interpretação da terceira parte do « segredo » tinha sido já oferecida pela Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre a 12 de Maio de 1982, onde dizia: 
« A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas” (13-VII-1917).
A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condicionada ao facto de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, etc”.
Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos ainda, como facto consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da violência, etc.
E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens são responsáveis».(5)
A decisão tomada pelo Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do « segredo » de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas de poder e de iniquidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja.
Acção de Deus, Senhor da história, e corresponsabilidade do homem, no exercício dramático e fecundo da sua liberdade, são os dois alicerces sobre os quais se constrói a história da humanidade.
Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte activa e responsável.
Tarcisio Bertone, SDB
Arcebispo emérito de Vercelli
Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé
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O PAPA DE FÁTIMA
De 11 a 14 de maio deste ano, o Papa Bento XVI fará uma viagem apostólica a Portugal, e em meio aos recentes ataques a nossa Igreja Católica, o povo português espera com alegria e ansiedade a visita de nosso Santo Padre. Mais uma prova da fé inabalável de nossa Igreja e testemunho daquilo que o próprio Jesus falou: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16,18)
Portugal e mais precisamente a cidade de Fátima nestas últimas décadas recebeu 3 visitas do Papa João Paulo II em atos solenes de profundo amor e gratidão a Nossa Senhora.

1ª visita: 1982

Esta grande ligação entre o Pontífice Romano e Fátima fez-lhe ganhar para os portugueses o cognome do “Papa de Fátima”, pois foi com ele que se tornou mais próxima a relação do Vaticano com as Aparições de 1917.

 
Vítima de um atentado em plena Praça de São Pedro, em Roma, a 13 de Maio de 1981, João Paulo II atribuiu desde sempre à protecção de Nossa Senhora de Fátima o facto de ter escapado com vida às balas do turco Ali Agca.
Para pessoalmente testemunhar essa gratidão, o Papa decidiu, um ano depois do atentado, deslocar-se ao Santuário para “agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular”.
Ignorava então que voltaria a correr perigo na noite de dia 13, desta vez pelo ex-sacerdote integrista Juan Khron, mas João Paulo II escapou ileso, podendo agradecer mais uma vez à Virgem a salvação da sua vida.
Nesta primeira viagem a Portugal, entre 12 e 15 de Maio, Fátima foi o destino inicial de uma deslocação que o levou a dois outros Santuários marianos portugueses: Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, e Nossa Senhora do Sameiro, em Braga.

2ª visita: 1991

Nove anos depois, João Paulo II regressou a Portugal para uma visita (10 a 13 de Maio) que, disse logo no início, disse ser uma viagem apostólica, deslocando-se às dioceses de Lisboa, Angra do Heroísmo e Funchal , antes de mais uma vez rumar a Fátima.
Um dos pontos culminantes data viagem voltou a ser o encontro com os jovens, desta vez no Estádio do Restelo,  em Lisboa, a 10 de Maio.
Em Fátima o Papa reza o Acto de Confiança a Nossa Senhora de Fátima, onde agradece de novo a protecção da Virgem Maria no atentado que sofreu em 1981 e Lhe pede que continue a proteger o mundo, na sequência das convulsões que acabariam por levar ao fim do comunismo.
“Sim, continuai a mostrar-vos Mãe para todos, porque o mundo tem necessidade de vós. As novas situações dos Povos e da Igreja são ainda precárias e instáveis. Existe o perigo de substituir o marxismo por uma outra forma de ateísmo, que adulando a liberdade tende a destruir as raízes da moral humana e cristã”, sublinhou.

3ª visita: 2000

A terceira e última visita realizou-se em 2000 (12-13 de Maio) e resumiu-se a uma deslocação ao Santuário de Fátima, para presidir às cerimónias de beatificação de dois dos Pastorinhos: Jacinta e Francisco.


A visita realizou-se contra os desejos dos serviços burocráticos do Vaticano, que tinham marcado a cerimónia de beatificação de Jacinta e Francisco para 9 de Abril, na Praça de São Pedro, em Roma.
Mas em Novembro de 1999, ao receber os bispos portugueses, João Paulo II anuncia inesperadamente que estará a 13 de Maio em Fátima para a cerimónia de beatificação e para renovar o agradecimento pela protecção da Virgem Maria.

No dia 13 de Maio, no final da celebração, o cardeal Ângelo Sodano, secretário de Estado do Vaticano, anunciou, em nome do Papa, que a terceira parte do chamado “segredo de Fátima”, que durante gerações alimentou a imaginação de milhões de pessoas em todo o mundo, estava relacionada precisamente com o atentado de que João Paulo II fora alvo em 1981.
A terceira parte do segredo é então revelada, acompanhada de um comentário preparada pela Congregação da Doutrina da Fé, presidida pelo então cardeal Joseph Ratzinger, que visita Portugal, e Fátima também, entre 11 e 14 de Maio.

Fonte: Site oficial da visita do Papa Bento XVI a Portugal

2 comentários:

SuperintendênciaPatrim.Hist.Cult.deAracoiaba disse...

Muito importante essa matéria sobre Nossa Senhora de Fátima. Parabéns Rose

Lusmar Paz Leite disse...

Rose,
Obrigado pela atenção e pelo carinho ao visitar meu blog.
Deus lhe dê paz, saúde e vida longa.
Abraços,
LusmarPaz