HINO NACIONAL
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva
I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
(As margens pacíficas do Ipiranga ouviram)
De um povo heróico o brado retumbante,
(O grito de um povo heróico que, ao longe, pôde ser ouvido)
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
(E o sol da liberdade, com raios que brilhavam muito)
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Brilhou no céu do Brasil naquele momento.
E o penhor desta igualdade
(Se a garantia dessa igualdade)
Conseguimos conquistar com braço forte.
(Conseguimos conquistar com nossas próprias mãos,)
Em teu seio, ó liberdade,
(Por você, que nos deu a liberdade,)
Desafia o nosso peito a própria morte!
(Nosso peito desafia a própria morte!)
Ó pátria amada,
(Ó, país amado,)
Idolatrada,
(Idolatrado,)
Salve! Salve!
(Que você seja abençoado)
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
(Brasil, se a imagem do Cruzeiro do Sul)
De amor e de esperança à terra desce,
(Brilha tanto no teu céu transparente e alegre,)
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
(Um sonho intenso, um raio maravilhoso de amor e de esperança)
A imagem do cruzeiro resplandece.
(Desce até a Terra.)
Gigante pela própria natureza,
(A própria natureza te fez tão grande,)
És belo, és forte, impávido colosso,
(Você é belo, é forte, gigante sem medo)
E o teu futuro espelha essa grandeza.
(E no teu futuro continuará a ser grande.)
Terra adorada,
(Terra que amamos,)
Entre outras mil,
(Entre tantos outros,)
És tu Brasil
(Você, Brasil,)
Ó pátria amada!
(É o país que amamos.)
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
(Você é a bondosa mãe dos que nascem aqui,)
Pátria amada,
(Amada terra natal,)
Brasil!
(Brasil!)
II
Deitado eternamente em berço esplêndido
(Deitado para sempre em um berço grandioso,)
Ao som do mar, e à luz do céu profundo,
(Banhado pelo som do mar e pela luz do céu, que só aqui brilha tanto assim,)
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
(Se destaca, ó Brasil, "preciosidade"da América",)
Iluminado ao sol do novo mundo!
(Banhado pelo sol que ilumina os novos continentes.)
Do que a terra mais garrida,
(Teus alegres e lindos campos,)
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
(Têm mais flores do que a terra mais produtiva;)
"Nossos bosques tem mais vida,"
(Assim como nossas florestas são mais belas)
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
(Nossa vida, quando estamos aqui, tem mais felicidade.)
Ó pátria amada,
(Ó, país amado,)
Idolatrada,
(Idolatrado,)
Salve! Salve!
(Que você seja abençoado)
Brasil, de amor eterno seja símbolo
(Brasil, que para sempre tua bandeira cheia de estrelas,)
O lábaro que ostentas estrelado
(Seja símbolo de amor eterno)
E diga o verde-louro dessa flâmula
(E que o verde-amarelo da bandeira diga)
- Paz no futuro e glória no passado.
(- Paz no futuro e honra e brilho no passado,)
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
(Mas, se um dia você erguer sua arma da justiça em uma guerra,)
Verás que um filho teu não foge à luta,
(Vai ver que um filho teu jamais foge a uma luta,)
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
(E quem te adora, não teme nem a própria morte)
Terra adorada,
(Terra que amamos,)
Entre outras mil,
(Entre tantos outros,)
És tu Brasil
(Você, Brasil,)
Ó pátria amada!
(É o país que amamos.)
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
(Você é a bondosa mãe dos que nascem aqui,)
Pátria amada,
(País que amamos,)
Brasil!
(Brasil!)
Hino Nacional Brasileiro em tupi guarani
Hino Nacional Brasileiro em Tupi
Nheengarissáua Retamauára
Nheengarissáua Retamauára
Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.
Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.
Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !
Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!
Ndê, ixaissú, Brasil!
Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !
Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.
Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.
Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!
Ndê, ixaissú,
Brasil!
Hino Nacional Brasileiro
O Hino Nacional de cada povo expressa, em todas as suas gamas, o modo de ser da psique coletiva de sua gente. A identificação do povo com o Hino é mais do que necessária para que, ao ouví-lo ou cantá-lo, se possa sentir ser ele, realmente, o porta-voz da nação, da alma do povo. Tanto isto é verdade que, no Império, a composição musical da autoria de Francisco Manuel da Silva teve mais de uma letra; os versos, porém, expressavam momentos históricos e não a alma do povo como ocorre com a partitura; esta continuou a ser executada nos grandes momentos e nas solenidades da Pátria, enquanto as letras caíram no esquecimento; “Se o Hino Nacional tivesse, desde o início, letra compatível com a beleza e pujança da música instrumental, teria por certo comprovado sua filiação monárquica e, como tal, jamais poderia continuar vigorando após a Proclamação da República. Providencialmente o Hino Nacional recebeu, no período imperial, diferentes versos, os quais, por sorte, não se ajustavam muito bem aos desenhos musicais e, por isso, nas duas últimas décadas do século passado, era ele conhecido apenas por meio das execuções das bandas militares ou orquestras nos momentos de fervor patriótico, sem vinculação ostensiva com a forma de governo imperante. Assim, aquele brotar de energias humanas, surgido pouco depois da vitória do movimento republicano, pôde ser controlado no seu impulso vivificador antes de se haver constituído em arma positiva contra o velho Hino de Francisco Manuel da Silva.”
Baptista Siqueira tem toda a razão ao elogiar a partitura musical que, pela sua riqueza polifônica, evoca, esplendidamente, a alma brasileira.
As letras do Hino, portanto, com o decorrer do tempo, foram postas de lado, esquecidas, enquanto a música, lídima representante de uma nacionalidade, se fazia presente nos grandes momentos da Pátria.
A atual letra do Hino Nacional ainda não completou seu centenário. É da autoria de Osório Duque Estrada e de outubro de 1909; e o projeto original da letra se encontra na Biblioteca Nacional. O poema, oficializado pelo decreto nº 15.671 de 6 de setembro de 1922, apresenta algumas variantes, mas, em linhas gerais, segue o original de 1909.
A música é, pois, bem anterior à letra; foi feita no Império, na época de Pedro I. O comum é fazer-se a música para a letra. A tarefa de ajustar a partitura musical aos versos de Osório Duque Estrada coube a Alberto Nepomuceno, e o exímio maestro o fez magistralmente.
Depois deste bosquejo histórico, vamos ao poema. Constitui-se ele de duas partes. Em sua execução vocal, tem de ser cantado integralmente. Se a execução é sem acompanhamento vocal, só uma parte se ouve.
A letra do Hino Nacional compõe-se de duas partes, cada uma com vinte e cinco versos, assim distribuídos: doze decassílabos, sete tetrassílabos, dois heptassílabos, dois hendecassílabos e dois trissílabos. Poema de natureza polimétrica afina-se, admiravelmente, com sua música polifônica. E a variedade dos versos enriquece de expressividade a letra.
O decassílabo heróico, pelo seu ritmo bem marcado, confere à narrativa vigor e pujança: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante, / E o sol da liberdade em raios fúlgidos, / Brilhou no céu da Pátria nesse instante.”
A estrofe formada de heptassílabo e hendecassílabo se beneficia do dinanismo que decorre da mudança súbita do número de sílabas dos versos. O hendecassílabo, por ser, naturalmente, mais longo se beneficia disso, o que aviva e refrisa a sua conteudística semântica: “Se o penhor dessa igualdade / Conseguimos conquistar com braço forte, / Em teu seio, ó liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte” - “Do que a terra mais garrida, / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores, / “Nossos bosques têm mais vida”, / “Nossa vida”, no teu seio, “mais amores"!”
Aparecem dois tipos de refrão. O primeiro tem três versos tetrassílabos, cuja mensagem é a divinização da Pátria: “Ó Pátria amada, / Idolatrada, / Salve! Salve!”. O segundo refrão vem assim estruturado: quatro versos tetrassílabos, seguidos de um verso decassílabo e de dois versos trissílabos. Quase todos os versos são curtos, por conseguinte, rápidos e concludentes e cresce o processo de divinização da Pátria, que chega à mitificação: “Terra adorada, / entre outras mil, / És tu, Brasil, / Ó Pátria amada! / Dos filhos deste solo és mãe gentil, / Pátria amada! / Brasil!”
Quanto à tonicidade rímica, aparecem no poema, as agudas, as graves e as esdrúxulas. Estas últimas, pela sua natureza dactílica, podem descrever alongamentos como em plácidas, ou reforçam a intensidade, sema que se detecta no vocábulo fúlgidos. A presença da vogal tônica posterior alta /u/ sugere também intensidade.
O verso medido recorre, não poucas vezes, para efeitos rítmicos, à inversão das palavras na frase. E a letra do Hino Nacional não fugiu à regra. Logo no primeiro verso se nos depara a ordem indireta dos sintagmas: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. O sintagma nominal sujeito: do Ipiranga as margens plácidas vem proposto ao sintagma verbal: Ouviram.
A metonímia do Ipiranga as margens plácidas, naquele momento histórico, configura o Brasil. E o animismo Ouviram expresso no verbo que tem por sujeito, conforme foi dito acima, as margens plácidas do Ipiranga, é empregado para referir-se aos brasileiros.
Além do hipérbato, aparece uma anástrofe: do Ipiranga. A antecipação do determinante põe em relevo o rio e traz-nos à lembrança o acontecimento memorável que fez mudar o destino de nossa Pátria.
Outras mudanças da situação das palavras na frase detectamos no poema, objetivando a métrica, mas, em algumas inversões, podemos reconhecer conotações estilísticas: de um povo heróico; o nosso peito.
O léxico do Hino Nacional merece um comentário especial. O elenco dos substantivos ricos de semas é bem expressivo e avultam os nomes de natureza conotativa: Ipiranga, margens, povo, brado, sol, liberdade, raios, céu, Pátria, instante, penhor, igualdade, braço, seio, liberdade, peito, morte, Pátria, Brasil, sonho, raio, amor, esperança, terra, céu, imagem, Cruzeiro, gigante, natureza, colosso, futuro, grandeza, terra, Brasil, Pátria, filhos, solo, mãe, Pátria, Brasil, berço, som, mar, luz, céu, Brasil, florão, América, Novo Mundo, terra, campos, flores, bosques, vida, vida, seio, amores, Pátria, amor, símbolo, lábaro, verde-louro, flâmula, paz, futuro, glória, passado, justiça, clava, filho, luta, morte, terra, Brasil, Pátria, filhos, solo, mãe, Pátria, Brasil.
Feito o levantamento dos substantivos, salta à vista a repetição dos substantivos Pátria e Brasil, sete vezes cada um. O emprego frequente destes nomes caracteriza bem o conteúdo do poema: Hino de exaltação à Pátria. Ser-nos-ia fácil arrolar outros substantivos da área semântica de Pátria, mas o número dos substantivos mencionados já diz tudo.
Outra presença que merece ser posta em evidência é a dos substantivos, adjetivos e verbos relacionados a brilho e luz: sol, raios, Cruzeiro, luz, florão, sol; fúlgidos, vívido, límpido, esplêndido, iluminado, estrelado; brilhou, resplandece, fulguras. Em parte, o aspecto tropicalístico do Brasil está bem representado aqui pelo sol, luz, Cruzeiro.
A nossa Pátria, pela sua imensa área territorial, é um continente encravado em outro continente: “Gigante pela própria natureza, / És belo, és forte, impávido colosso. / E o teu futuro espelha essa grandeza!”
O vocábulo Pátria vem sempre acompanhado do determinante amada e idolatrada, e terra, do determinante adorada. As palavras desta natureza no refrão sacralizam a Pátria. Já que se fala em religiosidade, há uma passagem do poema em que se implicitam as virtudes teologais: a Fé, a Esperança e a Caridade, se atentarmos bem para a segunda estrofe da primeira parte, constituída de versos decassílabos: “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido / De amor e de esperança à terra desce, / Se em teu formoso céu, risonho e límpido, / A imagem do Cruzeiro resplandece!”. O sujeito, aparentemente composto, Um sonho intenso, um raio vívido, contém em si as duas virtudes teologais: o amor (caridade) e a esperança, e a fé está representada pelo Cruzeiro.
A pessoa originária de uma pequena ou grande cidade, de um simples povoado ou da capital, considera a sua terra natal, qualquer que seja ela, o lugar mais bonito do mundo. Nada se lhe compara em beleza. É um comportamento natural, ditado pelo alto grau de afetividade. Nós, brasileiros, procedemos da mesma maneira. E o autor da letra do Hino Nacional, interpretando admiravelmente a alma do povo, não fez por menos e, com razão, exaltou a beleza de nossa Pátria. E para fazer, houve por bem inserir na letra alguns versos extraídos da Canção do Exílio de Gonçalves Dias: “Do que a terra mais garrida, / Teus risonhos lindos campos têm mais flores, / “Nossos bosques têm mais vida”, / “Nossa vida”, / no teu seio, “mais amores”. E os adjetivos referentes ao Brasil, ou a algo que lhe pertença, são: formoso, belo, risonho, lindo.
A tônica dominante do Hino Nacional é, indiscutivelmente, o amor acima de tudo à Pátria e à liberdade. O número de substantivos, adjetivos e verbos com que se faz profissão de amor ao Brasil é apreciável. O poema composto por Osório Duque Estrada é um belo canto libertário e entrosa-se muito bem com a música de Francisco Manuel da Silva. Ambos os autores, nascidos em épocas bem distintas, se unem pelo sentimento de brasilidade.
Osório Duque Estrada intuiu de maneira bem feliz o fato histórico da nossa Independência, pois atribuiu ao povo heróico o brado retumbante. O imperador, naquele momento, pressionado pelo povo que aspirava a libertar-se de Portugal, foi o legítimo intérprete da vontade popular.
É incompatível com um povo heróico viver sem liberdade, a qual deve vir sempre associada à responsabilidade, à justiça, para que a nação caminhe na realização dos seus altos destinos. Sem o sol da liberdade, não viceja o progresso. O sol está para o dia como a noite está para as trevas. O dia liberta o homem das trevas da noite que o deixa inseguro, e o sol da liberdade o liberta das trevas do medo. Sem liberdade, não há vida, mas um simulacro de vida. A liberdade, bem diz o autor da letra do Hino Nacional, é uma conquista do homem. Viver sem liberdade é ser um vivo-morto. É ser um espectro de gente. “Em teu seio, ó liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte!”. A morte passa a ser uma entidade, concretiza-se. Não temer a morte para defender o direito de viver com dignidade é o que se deve fazer. E não faltam nomes, nas páginas de nossa História, de brasileiros, que ofereceram a sua vida em holocausto para que nós conquistássemos a nossa Independência. Morreram em sua defesa, mas hoje, imortais, vivem no coração da Pátria agradecida.
Baptista Siqueira tem toda a razão ao elogiar a partitura musical que, pela sua riqueza polifônica, evoca, esplendidamente, a alma brasileira.
As letras do Hino, portanto, com o decorrer do tempo, foram postas de lado, esquecidas, enquanto a música, lídima representante de uma nacionalidade, se fazia presente nos grandes momentos da Pátria.
A atual letra do Hino Nacional ainda não completou seu centenário. É da autoria de Osório Duque Estrada e de outubro de 1909; e o projeto original da letra se encontra na Biblioteca Nacional. O poema, oficializado pelo decreto nº 15.671 de 6 de setembro de 1922, apresenta algumas variantes, mas, em linhas gerais, segue o original de 1909.
A música é, pois, bem anterior à letra; foi feita no Império, na época de Pedro I. O comum é fazer-se a música para a letra. A tarefa de ajustar a partitura musical aos versos de Osório Duque Estrada coube a Alberto Nepomuceno, e o exímio maestro o fez magistralmente.
Depois deste bosquejo histórico, vamos ao poema. Constitui-se ele de duas partes. Em sua execução vocal, tem de ser cantado integralmente. Se a execução é sem acompanhamento vocal, só uma parte se ouve.
A letra do Hino Nacional compõe-se de duas partes, cada uma com vinte e cinco versos, assim distribuídos: doze decassílabos, sete tetrassílabos, dois heptassílabos, dois hendecassílabos e dois trissílabos. Poema de natureza polimétrica afina-se, admiravelmente, com sua música polifônica. E a variedade dos versos enriquece de expressividade a letra.
O decassílabo heróico, pelo seu ritmo bem marcado, confere à narrativa vigor e pujança: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante, / E o sol da liberdade em raios fúlgidos, / Brilhou no céu da Pátria nesse instante.”
A estrofe formada de heptassílabo e hendecassílabo se beneficia do dinanismo que decorre da mudança súbita do número de sílabas dos versos. O hendecassílabo, por ser, naturalmente, mais longo se beneficia disso, o que aviva e refrisa a sua conteudística semântica: “Se o penhor dessa igualdade / Conseguimos conquistar com braço forte, / Em teu seio, ó liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte” - “Do que a terra mais garrida, / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores, / “Nossos bosques têm mais vida”, / “Nossa vida”, no teu seio, “mais amores"!”
Aparecem dois tipos de refrão. O primeiro tem três versos tetrassílabos, cuja mensagem é a divinização da Pátria: “Ó Pátria amada, / Idolatrada, / Salve! Salve!”. O segundo refrão vem assim estruturado: quatro versos tetrassílabos, seguidos de um verso decassílabo e de dois versos trissílabos. Quase todos os versos são curtos, por conseguinte, rápidos e concludentes e cresce o processo de divinização da Pátria, que chega à mitificação: “Terra adorada, / entre outras mil, / És tu, Brasil, / Ó Pátria amada! / Dos filhos deste solo és mãe gentil, / Pátria amada! / Brasil!”
Quanto à tonicidade rímica, aparecem no poema, as agudas, as graves e as esdrúxulas. Estas últimas, pela sua natureza dactílica, podem descrever alongamentos como em plácidas, ou reforçam a intensidade, sema que se detecta no vocábulo fúlgidos. A presença da vogal tônica posterior alta /u/ sugere também intensidade.
O verso medido recorre, não poucas vezes, para efeitos rítmicos, à inversão das palavras na frase. E a letra do Hino Nacional não fugiu à regra. Logo no primeiro verso se nos depara a ordem indireta dos sintagmas: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. O sintagma nominal sujeito: do Ipiranga as margens plácidas vem proposto ao sintagma verbal: Ouviram.
A metonímia do Ipiranga as margens plácidas, naquele momento histórico, configura o Brasil. E o animismo Ouviram expresso no verbo que tem por sujeito, conforme foi dito acima, as margens plácidas do Ipiranga, é empregado para referir-se aos brasileiros.
Além do hipérbato, aparece uma anástrofe: do Ipiranga. A antecipação do determinante põe em relevo o rio e traz-nos à lembrança o acontecimento memorável que fez mudar o destino de nossa Pátria.
Outras mudanças da situação das palavras na frase detectamos no poema, objetivando a métrica, mas, em algumas inversões, podemos reconhecer conotações estilísticas: de um povo heróico; o nosso peito.
O léxico do Hino Nacional merece um comentário especial. O elenco dos substantivos ricos de semas é bem expressivo e avultam os nomes de natureza conotativa: Ipiranga, margens, povo, brado, sol, liberdade, raios, céu, Pátria, instante, penhor, igualdade, braço, seio, liberdade, peito, morte, Pátria, Brasil, sonho, raio, amor, esperança, terra, céu, imagem, Cruzeiro, gigante, natureza, colosso, futuro, grandeza, terra, Brasil, Pátria, filhos, solo, mãe, Pátria, Brasil, berço, som, mar, luz, céu, Brasil, florão, América, Novo Mundo, terra, campos, flores, bosques, vida, vida, seio, amores, Pátria, amor, símbolo, lábaro, verde-louro, flâmula, paz, futuro, glória, passado, justiça, clava, filho, luta, morte, terra, Brasil, Pátria, filhos, solo, mãe, Pátria, Brasil.
Feito o levantamento dos substantivos, salta à vista a repetição dos substantivos Pátria e Brasil, sete vezes cada um. O emprego frequente destes nomes caracteriza bem o conteúdo do poema: Hino de exaltação à Pátria. Ser-nos-ia fácil arrolar outros substantivos da área semântica de Pátria, mas o número dos substantivos mencionados já diz tudo.
Outra presença que merece ser posta em evidência é a dos substantivos, adjetivos e verbos relacionados a brilho e luz: sol, raios, Cruzeiro, luz, florão, sol; fúlgidos, vívido, límpido, esplêndido, iluminado, estrelado; brilhou, resplandece, fulguras. Em parte, o aspecto tropicalístico do Brasil está bem representado aqui pelo sol, luz, Cruzeiro.
A nossa Pátria, pela sua imensa área territorial, é um continente encravado em outro continente: “Gigante pela própria natureza, / És belo, és forte, impávido colosso. / E o teu futuro espelha essa grandeza!”
O vocábulo Pátria vem sempre acompanhado do determinante amada e idolatrada, e terra, do determinante adorada. As palavras desta natureza no refrão sacralizam a Pátria. Já que se fala em religiosidade, há uma passagem do poema em que se implicitam as virtudes teologais: a Fé, a Esperança e a Caridade, se atentarmos bem para a segunda estrofe da primeira parte, constituída de versos decassílabos: “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido / De amor e de esperança à terra desce, / Se em teu formoso céu, risonho e límpido, / A imagem do Cruzeiro resplandece!”. O sujeito, aparentemente composto, Um sonho intenso, um raio vívido, contém em si as duas virtudes teologais: o amor (caridade) e a esperança, e a fé está representada pelo Cruzeiro.
A pessoa originária de uma pequena ou grande cidade, de um simples povoado ou da capital, considera a sua terra natal, qualquer que seja ela, o lugar mais bonito do mundo. Nada se lhe compara em beleza. É um comportamento natural, ditado pelo alto grau de afetividade. Nós, brasileiros, procedemos da mesma maneira. E o autor da letra do Hino Nacional, interpretando admiravelmente a alma do povo, não fez por menos e, com razão, exaltou a beleza de nossa Pátria. E para fazer, houve por bem inserir na letra alguns versos extraídos da Canção do Exílio de Gonçalves Dias: “Do que a terra mais garrida, / Teus risonhos lindos campos têm mais flores, / “Nossos bosques têm mais vida”, / “Nossa vida”, / no teu seio, “mais amores”. E os adjetivos referentes ao Brasil, ou a algo que lhe pertença, são: formoso, belo, risonho, lindo.
A tônica dominante do Hino Nacional é, indiscutivelmente, o amor acima de tudo à Pátria e à liberdade. O número de substantivos, adjetivos e verbos com que se faz profissão de amor ao Brasil é apreciável. O poema composto por Osório Duque Estrada é um belo canto libertário e entrosa-se muito bem com a música de Francisco Manuel da Silva. Ambos os autores, nascidos em épocas bem distintas, se unem pelo sentimento de brasilidade.
Osório Duque Estrada intuiu de maneira bem feliz o fato histórico da nossa Independência, pois atribuiu ao povo heróico o brado retumbante. O imperador, naquele momento, pressionado pelo povo que aspirava a libertar-se de Portugal, foi o legítimo intérprete da vontade popular.
É incompatível com um povo heróico viver sem liberdade, a qual deve vir sempre associada à responsabilidade, à justiça, para que a nação caminhe na realização dos seus altos destinos. Sem o sol da liberdade, não viceja o progresso. O sol está para o dia como a noite está para as trevas. O dia liberta o homem das trevas da noite que o deixa inseguro, e o sol da liberdade o liberta das trevas do medo. Sem liberdade, não há vida, mas um simulacro de vida. A liberdade, bem diz o autor da letra do Hino Nacional, é uma conquista do homem. Viver sem liberdade é ser um vivo-morto. É ser um espectro de gente. “Em teu seio, ó liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte!”. A morte passa a ser uma entidade, concretiza-se. Não temer a morte para defender o direito de viver com dignidade é o que se deve fazer. E não faltam nomes, nas páginas de nossa História, de brasileiros, que ofereceram a sua vida em holocausto para que nós conquistássemos a nossa Independência. Morreram em sua defesa, mas hoje, imortais, vivem no coração da Pátria agradecida.
História do Hino
Em 1831, Dom Pedro anunciou que estava deixando o trono de imperador do Brasil para seu filho e voltaria a Portugal. Foi a oportunidade que o músico Francisco Manuel da Silva estava esperando para apresentar a sua composição. Ele colocou a letra de um verso do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva e o hino foi cantado pela primeira vez no dia 13 de abril de 1831, na festa de despedida de Dom Pedro I. Durante algum tempo, porém, a música teve o nome de "Hino 7 de Abril", data do anúncio da abdicação.
A letra de Ovídio Saraiva foi considerada ofensiva pelos portugueses. Eles foram chamados até de "monstros". Por isso, ela foi esquecida em pouco tempo, mas a partitura de Francisco Manuel da Silva começou a ser executada em todas as solenidades públicas a partir de 1837. Para comemorar a coroação de Dom Pedro II, em 1841, o hino recebeu novos versos, de um autor desconhecido. Por determinação de Dom Pedro II, a música passou a ser considerada o Hino do Império e deveria ser tocada todas vezes em que ele se apresentasse em público, em solenidades civis e militares, mas sem letra.
A letra de Ovídio Saraiva foi considerada ofensiva pelos portugueses. Eles foram chamados até de "monstros". Por isso, ela foi esquecida em pouco tempo, mas a partitura de Francisco Manuel da Silva começou a ser executada em todas as solenidades públicas a partir de 1837. Para comemorar a coroação de Dom Pedro II, em 1841, o hino recebeu novos versos, de um autor desconhecido. Por determinação de Dom Pedro II, a música passou a ser considerada o Hino do Império e deveria ser tocada todas vezes em que ele se apresentasse em público, em solenidades civis e militares, mas sem letra.
Era também tocada no exterior sempre que o imperador estivesse presente. Francisco Manuel ficou bastante famoso. Recebeu vários convites para dirigir, fundar e organizar instituições musicais. Mas o Brasil continuava com um hino sem letra.
Quando a República foi proclamada, em 1889, o governo provisório resolveu fazer um concurso para escolher um novo hino. Procurava-se algo que se enquadrasse no espírito republicano. Primeiro escolheram um poema de Medeiros e Albuquerque, que tinha sido publicado no jornal Diário do Comércio do Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1889.
Quando a República foi proclamada, em 1889, o governo provisório resolveu fazer um concurso para escolher um novo hino. Procurava-se algo que se enquadrasse no espírito republicano. Primeiro escolheram um poema de Medeiros e Albuquerque, que tinha sido publicado no jornal Diário do Comércio do Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1889.
É aquele que começa com o verso "Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós". A letra se encontrava à disposição dos maestros que quisessem musicá-la. No primeiro julgamento, dia 4 de janeiro de 1890, 29 músicos apresentaram seus hinos. A Comissão Julgadora selecionou quatro para a finalíssima. No dia 15 de janeiro, numa sessão em homenagem ao Marechal Deodoro no Teatro Santana, perguntaram ao novo presidente se ele estava ansioso pela escolha do novo hino. Ele disse: "Prefiro o velho". Cinco dias depois, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, uma banda marcial composta de 70 figurantes, fanfarra e coro de 30 vozes regida pelo maestro Carlos de Mesquita executou as músicas finalistas.
Na ordem, os hinos de Antonio Francisco Braga, Jerônimo de Queirós, Alberto Nepomuceno e Leopoldo Miguez. Nessa primeira audição, segundo o regulamento, estavam proibidos os aplausos. Após um curto intervalo, a banda executou de novo os quatro hinos. Aí, sim, o público pôde se manifestar. O mais aplaudido foi o do maestro Miguez, que também foi escolhido pela Comissão Julgadora.
O presidente Deodoro e quatro ministros deixaram o camarote oficial e voltaram em seguida. O ministro do Interior, Aristides Lobo, leu o decreto que conservava a música de Francisco Manuel da Silva como hino nacional. Mesmo sem a partitura, a orquestra tocou a música e a platéia delirou. Como prêmio de consolação, a obra de Medeiros e Albuquerque e de Leopoldo Miguez ficou conhecida como o Hino da Proclamação da República.
Só que o problema persistia: o Brasil tinha um hino sem letra. Mas, se a música já era tão bonita, por que precisava de uma letra? Por mais que alguém se habitue a uma música, se ela não tiver letra, fica mais difícil de ser memorizada.
Só em 1909 é que apareceu o poema de Joaquim Osório Duque Estrada. Não era ainda oficial. Tanto que, sete anos depois, ele ainda foi obrigado a fazer 11 modificações na letra. Duque Estrada ganhou 5 contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro. O Centenário da Independência já estava chegando.
Só em 1909 é que apareceu o poema de Joaquim Osório Duque Estrada. Não era ainda oficial. Tanto que, sete anos depois, ele ainda foi obrigado a fazer 11 modificações na letra. Duque Estrada ganhou 5 contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro. O Centenário da Independência já estava chegando.
Aí o presidente Epitácio Pessoa declarou a letra oficial no dia 6 de setembro de 1922.
Como Francisco Manoel já tinha morrido em 1865, o maestro cearense Alberto Nepomuceno foi chamado para fazer as adaptações na música. Finalmente, depois de 91 anos, nosso hino estava pronto!
(Artigo de Marcelo Duarte publicado na revista Almanaque Brasil, da TAM)
(Artigo de Marcelo Duarte publicado na revista Almanaque Brasil, da TAM)
História Hino Nacional
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História do Hino Nacional Brasileiro
O Hino Nacional Brasileiro, segundo alguns autores, foi composto para comemorar a independência da nossa Pátria. Se Francisco Manuel não o escreveu nos quatro últimos meses de 1822, deve tê-lo feito no decorrer de 1823, sendo que, neste último ano, a peça teve sua primeira execução oficial. O compositor ainda não chegara aos 30 – precisando melhor, deveria contar, então, com 27 ou 28 anos de idade.
Francisco Manuel da Silva, escreveu os primeiros compassos, no balcão de um armarinho situado na Rua Senador dos Passos esquina com Rua Regente Feijó.
Capa | Partitura Original para piano |
Essa casa comercial era também o ponto de reunião de um grupo de amigos e cultores da música: Francisco Manuel; o cantor da capela imperial, mais tarde, cônego Zacarias da Cunha Freitas; Laurindo Rebelo, o célebre poeta “Lagartixa”; Bento Fernandes das Mercês; José Rodrigues Cortes; e o proprietário da loja, o clarinetista amador, José Maria Teixeira.
O compositor fez a música sobre uns versos do desembargador e poeta piauiense, Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que circulavam entre os patriotas: “ Os bronzes da tirania / Já no Brasil não rouquejam / Os monstros que a escravizam / Já entre nós não vicejam / Eis se desata / Do Amazonas / Até o Prata “
Manuscrito original
Por ocasião da abdicação de D. Pedro I, ocorrida a sete de abril de 1831, um hino começa a se popularizar sob o título de, Hino Sete de Abril. A música é de Francisco Manuel ; os versos, os de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva. Associado a esses dois eventos de nossa história, o Hino Nacional Brasileiro – que inflama hoje, quando executado, a alma da nossa gente, mas atormenta os pesquisadores em particular – a qual data está realmente vinculado a 7 de setembro ou a 22 de abril ? Foi composto, enfim, em 1822/23, ou 1831?
Um novo acontecimento histórico, a coroação de D. Pedro II, e eis que a primitiva letra sofre uma adaptação para exaltar o soberano brasileiro: “Negar de Pedro as virtudes / Seu talento escurecer / É negar como é sublime / Da bela aurora, o romper”. Medíocre a versalhada, mas a musica só fazia crescer com o tempo no coração dos brasileiros.
Ao ser proclamada a República, os que pretendiam apagar todos os vestígios do Velho Regime, pensaram logo em substituir a música de Francisco Manuel, e não sossegaram enquanto não foi aberto um concurso para a escolha de um novo Hino Nacional Brasileiro.
Foi marcada para a tarde de 20 de janeiro de 1890 a escolha solene do melhor hino concorrente. Mas, no dia 4 desse mesmo mês, um vibrante artigo do critico musical, Oscar Guanabarino, abriu a questão em favor do velho hino de Francisco Manuel. Argumentava que o Hino Nacional Brasileiro, nunca fora considerado pelo povo como o hino de D. Pedro II, mas como o Hino da Pátria. E perguntava a Deodoro: “Marechal, nos campos do Paraguai, quando ‘a frente das colunas inimigas a vossa espada conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino Nacional. Qual era a idéia, o nome que acudia a vossa mente no instante indescritível de entusiasmo – Pátria ou o Imperador ? E apelava : “Decidi portanto,digno cidadão, de acordo com a resposta da vossa consciência”. No mesmo dia Deodoro, declarava pessoalmente a Guanabarino: “Li o seu artigo e estou de pleno acordo”. Quando, no dia 15 de janeiro, a Marinha – tida, por alguns, como monarquista - foi saudar o Ministro Wandenkolk e o novo Governo, no Palácio Itamarati, o Major Serzedelo, em nome da imprensa e do povo, fez um pedido a Deodoro: que o antigo Hino Nacional fosse considerado o da Pátria. O Marechal deu um sinal de assentimento a Benjamim Constant, e este declarou que o Hino Nacional seria conservado, “como o da Nação Brasileira” . Logo depois as bandas de música do Exercito e a do 23º de Infantaria atacaram o Hino de Francisco Manuel e Deodoro comovido, foi aclamado no meio de um delírio geral. E “ O Pais “ dois dias depois, Guanabarino comentando o ocorrido, exortava os milhares a guardar “ esse hino que ouviste na infância. Ele representa uma idéia nobre, um nome respeitável, encerra a história de vossas glórias e atesta a vossa gratidão “. E como não era mais possível ao Governo Provisório, cancelar o concurso, ficou resolvido que este apontaria, não o Hino Nacional Brasileiro – que continuava sendo o de Francisco Manuel – mas o Hino da Proclamação da República.
E foi assim que, ‘as 13 hs., do dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, diante de Deodoro, com seus ajudantes de ordens, dos Ministros, do Interior, da Justiça, da Guerra e da Agricultura, foram executados, sucessivamente, por banda regida por Carlos de Mesquita, os quatro hinos finalistas : de Francisco Braga, J. Queirós, Alberto Nepomuceno e Leopoldo Miguez. Repetidos e – ‘a execução do de J. Queirós – muito aplaudidos, a Comissão Julgadora, (Alfredo Bevilaqua, Frederico do Nascimento, Carlos de Mesquita, Paulo Porto Alegre e Miguel Cardoso ) confirmou o veredicto do público, concedendo a palma ao hino de Leopoldo Miguez, que, como os demais, fora feito sobre os versos de Medeiros e Albuquerque. Deodoro e os ministros assinaram então, os decretos de oficialização do Hino Nacional e do Hino da Proclamação da República, e retornaram ao camarote, de onde o Ministro do Interior fez a respectiva leitura. A banda repetiu o hino escolhido e, a pedido do público, foi também executado o hino de Francisco Manuel, o que iria produzir no público presente uma emoção indescritível. Confirmava-se assim, entre todos, a impressão do Marechal Deodoro, o qual, ao ouvir pela primeira vez, o hino de Miguez, dissera “ Prefiro o velho “......
Ao Hino Nacional, só faltava uma letra a altura. O escritor Coelho Neto, em 1906, subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse instante “.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº 15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a 23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
Pequena Biografia e foto de Joaquim Osório Duque-Estrada
Joaquim Osório Duque-Estrada ( nome completo ) nasceu em Pati do Alferes ( RJ ) a 29 de abril de 1870 e faleceu a 05 de fevereiro de 1927, na Cidade do Rio de Janeiro. Filho do Tenente-Coronel, Luiz de Azevedo Coutinho Duque-Estrada e Dna. Mariana Delfim Duque-Estrada, era afilhado do General Osório, Marques do Herval, de quem recebeu o segundo nome. Cursou o Colégio Pedro II onde, em 1887, Silvio Romero o distinguiu entre os alunos prefaciando o seu primeiro livro de poesias, Alvéolos. Recebeu o grau de bacharel em letras em 1888.
Publicou 27 livros – poesias, didáticos, peças teatrais, conferências, traduções e libretos de operas – destacando além de Alvéolos, Flora de Maio, A Arte de Fazer Versos e A Abolição, este com prefácio de Rui Barbosa.
Foi critico-literário, mantendo por muito tempo a secção “ Registro Literário “ no “Correio da Manhã”, no “Imparcial” e no “Jornal do Brasil”.
Em 1888 escreveu os primeiros ensaios como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição. Nesse ano alistou-se nas fileiras republicanas, ao lado de Silva Jardim, entrando para o Centro Lopes Trovão. Em 1891dedicou-se à diplomacia sendo nomeado 2º Secretário de Alegação, no Paraguai. De 1893 a 1896, morou em Minas Gerais, onde foi redator do “Eco de Cataguazes”.
Destacou-se no magistério como professor e inspetor-geral de ensino, até o ano de 1902, quando foi nomeado regente interino da cadeira de História Geral e do Brasil no Colégio Pedro II. Voltou à imprensa e colaborou com quase todos os jornais do Rio de Janeiro.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1915, na vaga de Silvio Romero, sendo o segundo ocupante da cadeira nº 17, que tem como patrono, Hipólito da Costa. Seu discurso de posse foi respondido por Coelho Neto.
Em outubro de 1909 elaborou o seu “Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro” , aprovado oficialmente, por Decreto em 06 de setembro de 1922, véspera da comemoração do centenário da Independência.
Os belos e patrióticos versos do nosso glorioso Hino Nacional, magnificamente adaptados à música de Francisco Manuel da Silva, composta em 1822, consagrou para sempre o nome de Osório Duque Estrada, como bem se expressa Roquete Pinto, seu sucessor na Academia Brasileira de Letras: “Seu pensamento há de palpitar por entre gerações: a gente pequenina, hoje mais feliz que a do meu tempo, pode cantar o Hino de Francisco Manuel”.
Pequena Biografia e foto de Francisco Manuel da Silva
Compositor, regente, violoncelista e professor, nasceu na Cidade do Rio de Janeiro, a 21 de fevereiro de 1795.
Começou a estudar música ainda menino com o padre José Maurício Nunes Garcia. Aos 10 anos passou a estudar violoncelo e, quatro anos depois ingressou como soprano no Coro da Capela Real. Em 1816, passou a estudar contra-ponto e composição. Em 1825, era o Segundo Violoncelo da Capela Imperial. A 14 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara foi executado um hino de sua autoria, que teria sido composto naquele ano para comemorar o “ 7 de abril “ ( abdicação de D. Pedro I ) e que, mais tarde, se transformaria no Hino Nacional Brasileiro. Segundo alguns autores, entretanto, o hino foi composto em 1822/1823, para comemorar a Independência do Brasil.
Em 1833, fundou a Sociedade Beneficência Musical, da qual foi eleito presidente. Em 1841, assumiu o cargo de Mestre Geral da Capela Imperial e em 1842, foi nomeado, Mestre Compositor da Capela Imperial. Ocupou cargos de direção de vários teatros e companhias líricas.
Alem de outros hinos, compôs música instrumental, música vocal e um repertório extenso de música sacra.
Foi condecorado com a “Ordem Rosa”, no grau de Oficial, em 1857.
Em 1863 realizou o lançamento da pedra fundamental da sede do Conservatório de Música. Sua última música foi “Peça para soprano, harpa, harmônio e orquestra” executada na Igreja São Francisco de Paula.
Faleceu a 18 de dezembro de 1865, vitima de Tísica Laringopulmonar.
100 Anos do Hino Nacional Brasileiro
Manuscrito do Hino Nacional Brasileiro
Retirado do site 100 Anos do Hino Nacional Brasileiro
Trecho de artigo da Wikipédia sobre o Hino Nacional Brasileiro
Retirado do site 100 Anos do Hino Nacional Brasileiro
Trecho de artigo da Wikipédia sobre o Hino Nacional Brasileiro
A música do Hino Nacional do Brasil foi composta em 1822, por Francisco Manuel da Silva, chamada inicialmente de “Marcha Triunfal” para comemorar a Independência do país. Essa música tornou-se bastante popular durante os anos seguintes, e recebeu duas letras. A primeira letra, produzida quando Dom Pedro I abdicou do trono, foi de autoria de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, sendo cantada pela primeira vez, juntamente com a execução do hino, no cais do Largo do Paço (ex-Cais Pharoux, atual Praça 15 de Novembro, no Rio de Janeiro), a 13 de abril de 1831, em desacato ao ex-imperador que embarcava para Portugal. A letra dizia o seguinte:Os bronzes da tirania
Já no Brasil não rouquejam;
Os monstros que o escravizavam
Já entre nós não vicejam.(estribilho)
Da Pátria o grito
Eis que se desata
Desde o Amazonas
Até o PrataFerrões e grilhões e forcas
D’antemão se preparavam;
Mil planos de proscrição
As mãos dos monstros gizavamO hino passou assim a se chamar “Hino ao 7 de abril” em alusão à abidicação de Dom Pedro I.Já a segunda letra, na época da coroação de Dom Pedro II, de autoria desconhecida, dizia:Negar de Pedro as virtudes
Seu talento escurecer
É negar como é sublime
Da bela aurora, o romperDurante o segundo reinado, o hino nacional era executado nas solenidades oficiais em que participasse o imperador, sem qualquer canção.Após a Proclamação da República em 1889, um concurso foi realizado para escolher um novo Hino Nacional. A música vencedora, entretanto, foi hostilizada pelo público e pelo próprio Marechal Deodoro da Fonseca. Esta composição (“Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós!…”) seria oficializada como Hino da Proclamação da República do Brasil, e a música original, de Francisco Manuel da Silva, continuou como hino oficial. Somente em 1906 foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino, e o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909, que foi oficializado por Decreto do Presidente Epitácio Pessoa em 1922 e permanece até hoje.
Leia mais: http://www.joildo.net/artigos/100-anos-do-hino-nacional-brasileiro/#ixzz0rv2yZPF6
(Presidente eleitoTancredo Neves, grande guerreiro, fez história e passou para a história do Brasil)
História do Hino Nacional Brasileiro e do Hino
da Proclamação da República
História do Hino Nacional Brasileiro e do Hino da Proclamação da República
(Fonte: A História dos Símbolos Nacionais, de Milton Luz. Fundação da Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura)
(Fonte: A História dos Símbolos Nacionais, de Milton Luz. Fundação da Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura)
As histórias dos dois hinos se coinscidem
Em 300 anos de história, o Brasil a rigor não teve hino algum que fosse seu. Também em Portugal, até o século XVIII, só se cantava o Hino do Rei, que era mudado toda vez que morria um monarca. Pois o Brasil, mesmo depois de sua independência, por nove anos viveu sem hino.
A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música. No entanto ela é riquíssima e reflete, talvez mais do que qualquer outro dos Símbolos Nacionais, os momentos mais importantes de nossa História.
O hino brasileiro nasceu ao calor das agitações populares, num dos momentos mais dramáticos de nossa História, quando a independência do Brasil vacilava em razão dos desmandos autoritários do mesmo soberano que a proclamara. Para comemorar a abdicação de D. Pedro I, forçada pelo clamor dos patriotas, Manuel da Silva (discíplo de José Maurício e, por algum tempo, de Segismundo Newkomn) refez o hino que criara em 1822 para saudar nossa emancipação política e que se transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa.
Por mais incrível que pareça, durante quase um século o Hina Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente, uma letra. As muitas tentativas de acrescentar um texto à música não vingaram. Os versos não eram bons: os primeiros, carregados de ressentimentos, insultavam os portugueses; os outros pecavam pelas bajulações ao soberano reinante. Assim, a composição de Francisco Manuel da Silva - uma marcha destinada à consagração do hino - só em 1909 recebeu uma letra definitiva. E apenas em 1922, finalmente completa, foi oficializada como Hino Nacional Brasileiro.
Francisco Manuel era um dos que aspiravam à abdicação do Imperador. E mais: sofrera na própria pele a prepotência dos irmão Portugal - maestros Marcos e Simão -, pretensos donos da verdade e (então) os ditadores da música oficial. O próprio Marcos Portugal iria ensair aqui mesmo o drama de Antônio Salieri versus Mozart, ao mover insidiosa perseguição ao padre José Maurício, ao Baiano Damião Barbosa e a todos os jovens talentosos compositores nacionais que lhe pudessem fazer a mais leve sombra. Como Mestre da Capela Imperial, o maestro Portugal chegou mesmo ao cúmulo de proibir que ali fosse executada qualquer música que não fosse de sua autoria! Pois bem - foi ao som do hino criado por um de seus perseguidos que a fragata inglesa Volage levantou âncoras levando D. Pedro I e a sua família para o exílio na Europa.
Segundo Luís Heitor de Azevedo Correia, o Hino Nacional Brasileiro foi cantado pela primeira vez no cais do Largo do Paço (ex-cais Faroux, atual Praça 15 de Novembro, no Rio de Janeiro), "executado entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos", quando da partida de D. Pedro I. Portanto, em 13 de abril de 1831.
O 15 de Novembro
Ernesto Sena conta que a Proclamação da República foi ressaltada "com um ato homérico e decisivo". Que ato foi este? Menos teatral que o brado de "Independência ou Morte!" de D. Pedro I, o Marechal Deodora da Fonseca alçou a espada e ordenou às tropas formadas no Campo de Sant´Ana: "Apresentar armas. Toquem o hino!" As tropas se perfilaram e ouviram-se os acordes do Hino Nacional, tocado pelas bandas militares. Estava feita a República.
Ernesto Sena conta que a Proclamação da República foi ressaltada "com um ato homérico e decisivo". Que ato foi este? Menos teatral que o brado de "Independência ou Morte!" de D. Pedro I, o Marechal Deodora da Fonseca alçou a espada e ordenou às tropas formadas no Campo de Sant´Ana: "Apresentar armas. Toquem o hino!" As tropas se perfilaram e ouviram-se os acordes do Hino Nacional, tocado pelas bandas militares. Estava feita a República.
Porém esta não é uma informação históricamente correta.
O ato "homérico e decisivo" iria ocorrer, prosaicamente, muito perto da residência de Deodoro, aquele modesto sobrado que hoje ainda se vê, conservado, na atual Praça da República. Mas o Marechal estava muito enfermo e cuidou-se, mesmo que ele se deslocasse em carruagem para o local da cerimônia, hipótese que naturalmente não cabia aos brios de um velho militar. Assim foi que, não sem certa dificuldade, o Marechal montou o cavalo que lhe fora emprestado pelo alferes Barbosa Jr., o famoso baio n.º 6, que não seria mais montado até a morte do animal, em 1906.
Por outro lado, a dispnéia que atormentava o Marechal não lhe permitia usar o cinturão que sustentaria a pesada arma; daí não ter podido "cingir espada" alguma. Então, depois de transpor o portão do Ministério da Guerra, cavalgando o baio, o marechal não cingiu espada e sim acenou com o quepe, como se vê corretamente documentado no famoso quadro de Henrique Bernardelli, tão freqüentemente reproduzido nos livros escolares. Ou no monumento a Deodoro que se ergue na Praça Paris, na Glória, no Rio de Janeiro.
Sampaio Ferraz, testemunha do episódio, confirma a versão de Ernesto Sena, sem contudo dizer qual o hino foi então tocado. Certamente foi o mesmo velho e glorioso Hino Nacional do Império.
Infelizmente, no alvoroço da mudança de regime, muitos esqueceram nossas mais caras tradições. Tal como ocorrera com a Bandeira Nacional, agora também alguns pretendiam considerar o Hino Nacional como "o hino do ex-imperador". Então, equivocadamente e durante dois meses, tomou-se por empréstimos um hino estrangeiro e a Marselhesa transformou-se em uma espécie de hino nacional provisório.
"Prefiro o velho!"
Há muito os republicanos pretendiam adotar um novo hino que substituísse o do Império. O bom senso aconselharia confiar a tarefa a um compositor profissional, a um dos poucos e competentes maestros disponíveis da Corte. Porém, seguindo um velho hábito que infelizmente pendura ainda nos nossos dias, preferiram promover, em outubro de 1898, um concurso, de resto concorridíssimo. Daí resultou ser premiado, com mil francos, uma composição com a música de um amador, o farmacêutico Ernesto Fernandes de Sousa, e versos de Medeiros e Albuquerque.
Sabe-se que, após a Proclamação da República, o Governo Provisório convidara Carlos Gomes para compor o novo hino do Brasil; e que este, por gratidão ao velho imperador, respondeu ao convite com um lacônico - "Não posso".
A República viveu então um sério embaraço. O maestro Carlos Gomes recusara o convite e a vultosa importância de 20.000$000 (vinte contos de réis) oferecida pela encomenda. Ernesto Fernandes de Sousa, o dublê de farmacêutico e maestro amador recusara o prêmio de mil francos que lhe fora concedido. Dividiram-se as opiniões. Medeiros e Albuquerque defendia a obra de seu parceiro e queria que o hino fosse oficializado. Com isto não concordava Rodrigues Barbosa, um crítico do Jornal do Commercio, que propunha como saída salvadora um outro concurso para a escolha do novo hino. Por sua vez, o jornalista Oscar Guanabarino lutava pela permanência do antigo Hino Nacional.
Realizado o concurso, Guanabarino denunciou o seu resultado em artigo publicado em 4 de janeiro de 1890. Na verdade, o concurso fora instituído para eleger uma composição musical, pois a letra de Medeiros e Albuquerque já fora previamente escolhida pelo Ministério da Justiça. Guanabarino argumentava que, se para isto tinha havido escolha e não concurso, melhor seria que também se tivesse escolhido um músico profissional capaz de inspirar-se na poesia e produzir um hino correto. E sugeria o maestro Leopoldo Miguez, que poderia aceitar a honrosa incumbência e dela dar cabal conta.
Haviam concorrido 29 produções quando, infelizmente, não tínhamos no Brasil nem seis compositores, mesmo contando os estrangeiros naturalizados. Guanabarino acusava:
"Vimos alguns trabalhos concorrentes e a nossa impressão foi a certeza que aqueles hinos atestam a ignorância completa dos seus autores em matéria de arte musical."
Encerrava a defesa da manutenção do Hino Nacional com este argumento:
"Apelamos para o Chefe do Governo Provisório a quem perguntamos: Marechal, nos campos do Paraguai, quando à frente das colunas inimigas a vossa espada conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino Nacional, qual era a idéia, qual o nome que acudia à vossa mente no instante indescritível do entusiasmo - a Pátria ou o Imperador?"
Este apelo não cairia em terreno estéril pois coincidia com uma firme convicção do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. E, no dia 19 de janeiro de 1890, o Jornal do Commercio publicava esta declaração da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior: "O hino cuja audição será feita no Teatro Lírico em nada prejudica o Hino Nacional, visto ter sido escrito expressamente para comemorar a data da Proclamação da República".
Prevalece a Tradição
Em quase todos os países do mundo há vários hinos oficiais. A Manarquia tinha o Hino da Indepência, o Hino Nacional, o de D. Pedro II e outros. Portugal tem o Hino da Restauração, o da Carta Constitucional e o de D. Carlos I".
Apenas quatro hinos haviam obtido classificação final. Deodoro ouviu todos, na audiência do Teatro Lírico. Gostou. Mas disse: "Ainda assim, prefiro o velho!".
O povo também preferia.
Daí resultou que, no próprio Teatro Lírico e naquela mesma noite de 20 de janeiro 1890, foi redigido pelo Ministro do Interior, Aristides Lobo, um decreto prontamente referendado por todos os outros Ministros ali presentes. O decreto conservava e instituía como Hino Nacional a música de Francisco Manuel e adotava, como Hino da Proclamação da República, a de Leopoldo Miquez.
Este documento dizia, na íntegra, o seguinte:
DECRETO N.º 171, DE 20 DE JANEIRO DE 1890
"Conserva o Hino Nacional e adota o da Proclamação da República."
"O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta:
Art. 1º - É conservada como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.
Art. 2º - É adotada sob o título de Hino da Proclamação da República a composição da maestro Leopoldo Miguez, baseada na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque."
Uma letra para o hino nacional
Até então, versos diferentes tinham sido juntados à composição de Francisco Manuel, muitos deles em adaptações inadequadas, eivadas de regionalismos e que comprometiam irremediavelmente a beleza e a dignidade do hino. E, pior ainda: em cada estado da União, cantava-se o hino com letras diferentes, nem sempre ajustadas ao bom gosto ou ao ritmo da música. Somente em 1906 Coelho Neto propôs à Câmara dos Deputados que fosse dado ao Hino Nacional um só poema. Proposta que só se concretizou 16 anos depois. Assim a letra definitiva do Hino Nacional foi escrita em 1909, por Osório Duque Estrada. Porém só foi oficializada por Epitácio Pessoa em 1922, às vésperas do I.º Centenário da Independência. Por ter sido originalmente criada para execução em orquestra, a música foi adaptada para também poder ser cantada.
Houve uma época no Brasil em que nas escolas tinha aulas de Canto Orfeônico. E nas décadas de 70 e 80, havia também aulas de Música e de EMC e OSPB. Além de ter que saber cantar os Hinos brasileiros (Hino Nacional do Brasil, Hino à bandeira Nacional, Hino da Independência, Hino da Proclamação da República), os alunos eram submetidos a provas e chamadas orais sobre análises das estrofes, o significado de cada frase.
De acordo com o Poder dos MILITANTES de agora, acham que tais matérias eram caracterizadas pela transmissão da ideologia do regime autoritário ao exaltar o nacionalismo e o civismo dos alunos. Dessa forma, no governo FHC, as duas matérias foram condenadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, por terem sido (é o que acham os MILITANTES de agora) impregnadas de um caráter negativo de doutrinação. Alguns estudiosos, no entanto, acreditam que o civismo brasileiro, apesar de tido como obrigação pelo governo militar brasileiro, contribuiu para a auto-estima do País quando abordado sem exageros.
Neste país em que as condutas generalizaram ao ciNismo, parece que querem resgatar um pouco do ciVismo de outrora, como o projeto de lei que torna obrigatória a impressão da letra do Hino Nacional Brasileiro em todos os cadernos fabricados no país e a lei que obriga todas as escolas públicas e particulares, do ensino fundamental do País a executarem o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana.
Creio que poucos dos professores de hoje (e ainda bem que existem alguns) sabem a letra correta do Hino Nacional e os significados de cada frase.
Fico aqui torcendo para que a maioria não criem os "achismo" que qualquer atitude de retomada desta grandeza seja considerado retrocesso.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou, neste ano, projeto de lei que torna obrigatória a impressão da letra do Hino Nacional Brasileiro em todos os cadernos fabricados no país. O projeto ainda precisa ser votado em plenário. E, a partir de 22 de setembro de 2009, o hino nacional brasileiro tornou-se obrigatório em escolas públicas e particulares de todo o país. De autoria do deputado federal Lincoln Portela (PR-MG), a lei foi sancionada na segunda-feira, 21 de setembro, pelo presidente em exercício José Alencar. A lei obriga todas as escolas públicas e particulares, do ensino fundamental do País a executarem o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana.
O Hino Nacional Brasileiro é uma das mais belas obras do repertório nacional: uma bem estruturada composição musical somada a um poema de rara inspiração cívica. Escrito por Joaquim Osório Duque Estrada completa em 2009 cem anos. Desde o descobrimento, o Brasil demorou mais de 300 anos para ter um hino.
Embora o civismo não tenha atualmente a mesma força que teve no passado, não só cantar Hino Nacional, a lei deveria também determinar que os professores das escolas estudem e passem aos alunos ensinamentos e respeito sobre o Hino, trabalhado o conteúdo e aprendendo o significado de cada estrofe, de cada frase.
HISTÓRIA
Embora pouco conhecida, a parte instrumental da introdução do Hino Nacional Brasileiro possuía uma letra, que acabou excluída da sua versão oficial do hino. Essa letra é atribuída a Américo de Moura, natural de Pindamonhangaba, presidente da província do Rio de Janeiro nos anos de 1879 e 1880 e apresenta os seguintes versos :
Que todos cumprai
Com o vosso dever.
Eia avante, brasileiros,
Sempre avante!
Gravai com buril
Nos pátrios anais
Do vosso poder.
Eia avante, brasileiros,
Sempre avante!
Servi o Brasil
Sem esmorecer,
Com ânimo audaz
Cumpri o dever,
Na guerra e na paz
À sombra da lei,
À brisa gentil
O lábaro erguei
Do belo Brasil.
Eia sus, oh sus!
(a palavra "SUS" é uma interjeição motivadora que vem do latim e que significa: eia!, coragem!, ânimo!; suspender, elevar. Neste caso, deve significar "avante, em frente").
A música do Hino Nacional do Brasil foi composta em 1822, por Francisco Manuel da Silva, para comemorar a Independência do país. Chamada inicialmente de "Marcha Triunfal" para comemorar a Independência do país Essa música tornou-se bastante popular durante os anos seguintes, e recebeu duas letras.
A primeira letra, produzida quando Dom Pedro I abdicou do trono, foi de autoria de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, sendo cantada pela primeira vez, juntamente com a execução do hino, no cais do Largo do Paço (ex-Cais Pharoux, atual Praça 15 de Novembro, no Rio de Janeiro), a 13 de abril de 1831, em desacato ao ex-imperador que embarcava para Portugal. O hino passou assim a se chamar "Hino ao 7 de abril" .
A letra dizia o seguinte:
Os bronzes da tirania
Já no Brasil não rouquejam;
Os monstros que o escravizavam
Já entre nós não vicejam.
(estribilho)
Da Pátria o grito
Eis que se desata
Desde o Amazonas
Até o Prata
Ferrões e grilhões e forcas
D’antemão se preparavam;
Mil planos de proscrição
As mãos dos monstros gizavam
Posteriormente, à época da coroação de Dom Pedro II, sua letra foi trocada e a composição, devido a sua popularidade, passou a ser considerada como o hino nacional brasileiro, embora não tenha sido oficializada como tal. A segunda letra, de autoria desconhecida, dizia:
Negar de Pedro as virtudes
Seu talento escurecer
É negar como é sublime
Da bela aurora, o romper
Ambas versões, entretanto, caíram no esquecimento.
Durante o segundo reinado, o hino nacional era executado nas solenidades oficiais em que participasse o imperador, sem qualquer canção.
Após a Proclamação da República em 1889, um concurso foi realizado para escolher e oficializar um novo Hino Nacional. A música vencedora de Leopoldo Miguez, entretanto, foi hostilizada pelo público e pelo próprio Marechal Deodoro da Fonseca.
Com as manifestações populares contrárias à adoção do novo hino, o presidente da República, Deodoro da Fonseca, oficializou como Hino Nacional Brasileiro a composição de Francisco Manuel da Silva, estabelecendo que a composição de (*)Leopoldo Miguez ("Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós!...") seria oficializada como Hino da Proclamação da República do Brasil, e a música original, de Francisco Manuel da Silva, continuou como hino oficial
Somente em 1906 foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino, e o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909.
Durante o centenário da Proclamação da Independência, em 1922, finalmente a letra escrita pelo poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada tornou-se oficial por Decreto do Presidente Epitácio Pessoa e permanece até hoje. A orquestração do hino é de Antônio Assis Republicano e sua instrumentação para banda é do tenente Antônio Pinto Júnior. A adaptação vocal foi feita por Alberto Nepomuceno e é proibida a execução de quaisquer outros arranjos vocais ou artístico-instrumentais do hino.
Diferente do que muitas pessoas pensam, é considerado errado bater palmas após a execução do hino nacional, por ser tido como desrespeito. Uma vez que o Hino Nacional representa o próprio povo (por ser ele, junto com a bandeira e o brasão das armas nacionais, um dos três símbolos máximos da nação), parece descortês aplaudi-lo, pois isso soa como se as pessoas estivessem aplaudindo a si mesmas.
De acordo com o Capítulo V da Lei 5.700 (01/09/1971), que trata dos símbolos nacionais, durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio. Civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações. Além disso, é vedada qualquer outra forma de saudação (gestual ou vocal como, por exemplo, aplausos, gritos de ordem ou manifestações ostensivas do gênero, sendo estas desrespeitosas ou não).
Hino executado em continência à Bandeira Nacional e ao presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, assim como em outros casos determinados pelos regulamentos de continência ou cortesia internacional. Sua execução é permitida ainda na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas de caráter patriótico e antes de eventos esportivos internacionais.
Segundo a Seção II da mesma lei, execuções simplesmente instrumentais devem ser tocadas sem repetição e execuções vocais devem sempre apresentar as duas partes do poema cantadas em uníssono. Portanto, em caso de execução instrumental prevista no cerimonial, não se deve acompanhar a execução cantando.
Em caso de cerimônia em que se tenha que executar um hino nacional estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.
História da Bandeira do Brasil
Bandeira do Brasil
Adotada pelo decreto de lei nº 4 de 19 de Novembro de 1889, a bandeira atual consiste em uma adaptação da antiga bandeira do império idealizada em 1820 por Jean-Baptiste Debret. O disco azul central foi idealizado pelo pintor Décio Vilares, já as estrelas, por Benjamin Constant. A inscrição “Ordem e Progresso” é fruto da influência do positivismo de Augusto Comte. Até hoje, a bandeira brasileira permanece inalterada, com exceção das estrelas, que segundo a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, devem ser atualizadas no caso de criação ou extinção de algum Estado.
Em seu sentido original, as cores verde e amarela simbolizavam respectivamente, as oliveiras em torno da casa real de Bragança e a casa imperial dos Habsburgos. Posteriormente, esses significados foram adaptados: a cor verde passou a simbolizar as nossas matas e florestas; o amarelo, o ouro e as riquezas minerais; a azul, o céu; a branca, a paz. Cada estrela disposta na bandeira corresponde a um Estado brasileiro; a única estrela que é situada acima na inscrição “Ordem e Progresso” é Spica, representante do Estado do Pará.
Por Tiago Dantas
Equipe Brasil Escola
As Bandeiras em Nossa História O significado das estrelas
As estrelas da bandeira brasileira têm significados.
Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola
A bandeira nacional do Brasil foi adotada em 19 de novembro de 1889, tendo suas cores e dimensões estabelecidas pelo decreto-lei número quatro, de 19 de novembro de 1889, sofrendo poucas alterações desde então. Tem por base um retângulo verde com proporções de 07:10, sobrepondo-se um losango amarelo e um círculo azul, no meio do qual está atravessada uma faixa branca com o lema nacional, "Ordem e Progresso", em letras verdes, além de vinte e sete estrelas brancas.
A atual bandeira nacional é a segunda republicana e o terceiro estandarte oficial do Brasil desde sua independência.
Podem-se considerar como as primeiras representações vexilológicas brasileiras, as bandeiras marítimas privativas, usadas pelos navios mercantes portugueses, que navegavam para o Brasil.
Até 1692, era usada uma bandeira com listras verdes e brancas. As cores verde e branca, deveriam-se referir às cores da Casa de Bragança, sendo consideradas, igualmente, as cores nacionais de Portugal até 1797. Em 1692, esta bandeira deixou de ser usada pelos navios que navegavam para o Brasil, passando a ser a bandeira das embarcações mercantes costeiras de Portugal.
Provavelmente, em 1692, foi introduzida uma nova bandeira para as embarcações na navegação para o Brasil. Esta nova bandeira era branca com uma esfera armilar dourada. A esfera armilar era, inicialmente, o emblema pessoal do Rei D. Manuel I. Durante o seu reinado ela foi amplamente usada nas bandeiras hasteadas nos navios portugueses, acabando por se tornar um emblema nacional de Portugal e, mais especificamente, do Império Português. De observar que, provavelmente na mesma altura, foi introduzida uma bandeira para as embarcações portuguesas que navegavam para a Índia, muito semelhante, mas com a esfera armilar vermelha.
Apesar da esfera armilar representar todo o Ultramar Português, ela começou a ser usada mais intensivamente no Brasil - o seu maior e mais desenvolvido território da época - não só em bandeiras marítimas, mas também em moedas e em outros suportes. Por isso, acabou por se tornar no emblema oficioso do Brasil.
A bandeira com a esfera armilar dourada é considerada, em alguns trabalhos sobre vexilologia, como sendo o pavilhão privativo do Príncipe do Brasil - título do príncipe herdeiro do trono de Portugal, a partir do reinado de D. João IV. No entanto, aparentemente, nunca foi usada como tal, sendo apenas uma das bandeiras marítimas portuguesas.
Outra bandeira marítima portuguesa ligada ao Brasil, usada durante o século XVIII, era a chamada "Bandeira para converter a América", que incluía as Armas Reais de Portugal, a esfera armilar e um frade segurando uma cruz na mão direita, tudo assente sobre um campo branco. Esta bandeira destinava-se a ser hasteada nas embarcações portuguesas empregues no comércio com a Região das Missões, do Sul do Brasil.[1][2]
A Carta de Lei de 1816 refere Que o Reino do Brasil tenha por Armas uma Esfera Armilar de Ouro em campo azul. A mesma carta de lei refere que o Escudo Real Português (representando Portugal e Algarve) assente sobre a dita Esfera Armilar de Ouro em campo azul (representando o Brasil), com uma Coroa sobreposta passasse a constituir as Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
A Carta de Lei não se refere a modelos específicos de bandeiras, mas refere que os emblemas então criados passassem a ser usados em todos os estandartes, bandeiras, selos reais, cunhagens de moedas e nas demais utilizações como se tinha feito, até então, das armas antecedentes.[3]
Tem-se especulado sobre a existência de uma bandeira armorial brasileira, que reproduziria as armas atribuídas ao Reino do Brasil, usada entre 1816 e 1822. Essa bandeira teria uma esfera armilar dourada sobre um campo azul.
Na verdade, é muito pouco provável que essa bandeira tenha, alguma vez, existido. O uso limitado que era feito das bandeiras na época - basicamente apenas um uso militar e naval - indica que só tenham sido usadas as armas completas do Reino Unido. O que aconteceu até, foi a diminuição do uso da esfera armilar sozinha, já que os suportes onde ela era usada assim - por exemplo, nas moedas em curso no Brasil - passaram também a ostentar o escudo português assente sobre a esfera.
Por outro lado, se, eventualmente, foi feito um uso restrito de uma bandeira exclusivamente brasileira, ela seria provavelmente de campo branco, com o azul a ocupar apenas a base da esfera armilar, como acontecia na Bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.[2]
Na Revolução Pernambucana de 1817, os revolucionários não usaram uma bandeira com a esfera armilar, mas sim uma bandeira semelhante à atual bandeira do estado de Pernambuco.
A nova bandeira ainda preservava muitos dos elementos do antigo reino, como a esfera armilar e a cruz da Ordem de Cristo, muito semelhante à bandeira da província da Cisplatina. Novos elementos foram introduzidos: a combinação auriverde a ordenação de três figuras no campo, presentes até hoje, bem como os ramos de café e tabaco, ainda utilizados como suportes do brasão nacional. Sobre os significados dos elementos, contudo, muito se especula, uma vez que nada consta no dispositivo legal que instituiu o pavilhão nem em fonte oficial alguma conhecida.
Acredita-se, porém, que o campo verde representava a Casa de Bragança (dinastia de D. Pedro I) e o amarelo do losango - formato dos brasões femininos na heráldica portuguesa - representava a Casa de Habsburgo (dinastia de D. Leopoldina). Os ramos de café e tabaco, colocados como suportes, representavam as duas culturas que passavam a destacar-se na produção nacional. As estrelas, dezenove, representavam as províncias de então, inclusive a Cisplatina.
Foi relevante a descoberta, nos anos 1940, de projeto de bandeira atribuído a Debret por encomenda de D. João VI, em 1820, e que se encontrava no arquivo pessoal do rei, em Lisboa. O achado, efetuado pelo historiador português Augusto de Lima Júnior, suscita ainda mais questões sobre a verdadeira coautoria e as finalidades originais do pavilhão brasileiro, cujos elementos perduram até hoje.[4] O esboço do artista francês apresenta um desenho já muito parecido com o que viria a ser o pavilhão do príncipe real: em campo verde, um losango amarelo sobre o qual pousava um brasão muito parecido com aquele que viria a ser o dos Bragança brasileiros – uma cruz da Ordem de Cristo sob uma esfera armilar, circundada por dezenove estrelas, tudo suportado por um ramo de cana-de-açúcar e outro de fumo e encimado por uma coroa real. De fato, o brasão apresenta elementos já utilizados para simbolizar o Brasil desde, pelo menos, o século XVI (a cruz e a esfera armilar). Não há certezas sobre as intenções do monarca ao pedir o estudo a Debret – se para criar o estandarte pessoal dos príncipes reais, um novo pavilhão para o Reino do Brasil ou mesmo a bandeira de uma futura nação independente – nem os motivos pelos quais o projeto ficou esquecido por, pelo menos, um ano – quando D. Pedro encomendaria a confecção de estandarte similar para o título de príncipe real. Seja como for, é uma indicação contundente de que a bandeira nacional brasileira antecede em muito a Independência.
A única alteração efetuada na bandeira imperial ocorreria já no Segundo Reinado, quando, por volta de 1870, D. Pedro II resolveu acrescentar a vigésima estrela para adequar o pavilhão à organização territorial do País, ato que careceu de instrumentação jurídica formal: a perda da Cisplatina foi compensada pela criação de duas províncias: Amazonas e Paraná, resultado da divisão das províncias do Grão-Pará e de São Paulo respectivamente. Ainda que seus significados tenham mudado, muitos dos elementos da bandeira imperial permaneceram após o advento da República.
Cabe ressaltar que, durante os primeiros anos da República, não houve uma total uniformização do estandarte pelo território, havendo diversos exemplares com pequenas imprecisões ou mesmo outras completamente diferentes, criadas de maneira informal. Dentre essas versões alternativas, as que mais foram usadas apresentavam uma estrela vermelha de cinco pontas – símbolo republicano – sobre o brasão imperial ou tomando todo o centro do losango amarelo.
A atual bandeira nacional mantém, ainda que em proporções e tonalidades cromáticas diferentes, o campo verde e o losango amarelo. Substituiu-se a esfera armilar pelo círculo que, como a anterior, também representa a esfera celeste; a faixa eclíptica pela faixa azimutal e a cruz da Ordem de Cristo pelo Cruzeiro do Sul.
A ideia da atual bandeira foi desenvolvida por um grupo formado pelo positivista Raimundo Teixeira Mendes, vice-diretor do Apostolado Positivista do Brasil, por Miguel Lemos, diretor do Apostolado Positivista do Brasil, e por Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. O desenho do disco azul foi executado pelas mãos firmes do pintor Décio Vilares e, por indicação de Benjamin Constant, acrescentou-se em meio às estrelas a constelação do Cruzeiro do Sul, com as estrelas Acrux e Gacrux equilibradas no instante 13 sideral.
Embora não houvesse mais modificações quanto às dimensões e as suas formas, a bandeira adotada pelo decreto n.° 4, de 19 de novembro de 1889, permanece intacta até hoje, à parte o acréscimo de algumas estrelas, no círculo azul, representativas dos novos Estados, e leve alteração em suas posições para corresponderem corretamente às coordenadas astronômicas.
As estrelas da bandeira brasileira têm significados.
A bandeira do Brasil foi implantada em 19 de novembro de 1889, a idéia da bandeira atual foi elaborada pelo professor Raimundo Teixeira Mendes que contou também com a participação do Dr. Miguel Lemos e o professor Manuel Pereira Reis e quem realizou a confecção do desenho foi o pintor Décio Vilares.
Quanto às estrelas dispostas na bandeira brasileira elas não são uniformes e cada uma possui um significado. Cada estrela presente na Bandeira representa um Estado brasileiro, além disso, todas possuem a mesma configuração, todas têm cinco pontas. Outro item que difere uma estrela da outra é quanto ao tamanho, existem cinco distintos.
A distribuição das estrelas na bandeira brasileira foi feita a partir das características do céu do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1889.
A estrela Spica se encontra acima da faixa que expressa “Ordem e Progresso” e representa o Estado do Pará, esse no ano de 1889 correspondia ao maior território acima do paralelo do Equador. O Distrito Federal é representado pela estrela do tipo sigma do Octante.
Quanto às estrelas dispostas na bandeira brasileira elas não são uniformes e cada uma possui um significado. Cada estrela presente na Bandeira representa um Estado brasileiro, além disso, todas possuem a mesma configuração, todas têm cinco pontas. Outro item que difere uma estrela da outra é quanto ao tamanho, existem cinco distintos.
A distribuição das estrelas na bandeira brasileira foi feita a partir das características do céu do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1889.
A estrela Spica se encontra acima da faixa que expressa “Ordem e Progresso” e representa o Estado do Pará, esse no ano de 1889 correspondia ao maior território acima do paralelo do Equador. O Distrito Federal é representado pela estrela do tipo sigma do Octante.
Estados | Significado |
ACRE | Gama da Hidra Fêmea |
AMAPÁ | Beta do Cão Maior |
AMAZONAS | Procyon (Alfa do Cão Menor) |
PARÁ | Spica (Alfa de Virgem) |
MARANHÃO | Beta do Escorpião |
PIAUÍ | Antares (Alfa do Escorpião) |
CEARÁ | Epsilon do Escorpião |
RIO GRANDE DO NORTE | Lambda do Escorpião |
PARAÍBA | Capa do Escorpião |
PERNAMBUCO | Mu do Escorpião |
ALAGOAS | Teta do Escorpião |
SERGIPE | Iota do Escorpião |
BAHIA | Gama do Cruzeiro do Sul |
ESPÍRITO SANTO | Epsilon do Cruzeiro do Sul |
RIO DE JANEIRO | Beta do Cruzeiro do Sul |
SÃO PAULO | Alfa do Cruzeiro do Sul |
PARANÁ | Gama do Triângulo Austral |
SANTA CATARINA | Beta do Triângulo Austral |
RIO GRANDE DO SUL | Alfa do Triângulo Austral |
MINAS GERAIS | Delta do Cruzeiro do Sul |
GOIÁS | Canopus (Alfa de Argus) |
MATO GROSSO | Sirius (Alfa do Cão Maior) |
MATO GROSSO DO SUL | Alphard (Alfa da Hidra Fêmea) |
RONDÔNIA | Gama do Cão Maior |
RORAIMA | Delta do Cão Maior |
TOCANTINS | Epsilon do Cão Maior |
BRASILIA (DF) | Sigma do Oitante |
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola
Bandeira do Brasil
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bandeira do Brasil | |
---|---|
Aplicação | |
Proporção | 7:10 |
Adoção | 19 de novembro de 1889 |
(versão com 21 estrelas) |
11 de maio de 1992 |
(versão com 27 estrelas) | |||||||||
Cores |
|
A atual bandeira nacional é a segunda republicana e o terceiro estandarte oficial do Brasil desde sua independência.
Índice[esconder] |
[editar] História
América Portuguesa (1500–1816)
Podem-se considerar como as primeiras representações vexilológicas brasileiras, as bandeiras marítimas privativas, usadas pelos navios mercantes portugueses, que navegavam para o Brasil.
Até 1692, era usada uma bandeira com listras verdes e brancas. As cores verde e branca, deveriam-se referir às cores da Casa de Bragança, sendo consideradas, igualmente, as cores nacionais de Portugal até 1797. Em 1692, esta bandeira deixou de ser usada pelos navios que navegavam para o Brasil, passando a ser a bandeira das embarcações mercantes costeiras de Portugal.
Provavelmente, em 1692, foi introduzida uma nova bandeira para as embarcações na navegação para o Brasil. Esta nova bandeira era branca com uma esfera armilar dourada. A esfera armilar era, inicialmente, o emblema pessoal do Rei D. Manuel I. Durante o seu reinado ela foi amplamente usada nas bandeiras hasteadas nos navios portugueses, acabando por se tornar um emblema nacional de Portugal e, mais especificamente, do Império Português. De observar que, provavelmente na mesma altura, foi introduzida uma bandeira para as embarcações portuguesas que navegavam para a Índia, muito semelhante, mas com a esfera armilar vermelha.
Apesar da esfera armilar representar todo o Ultramar Português, ela começou a ser usada mais intensivamente no Brasil - o seu maior e mais desenvolvido território da época - não só em bandeiras marítimas, mas também em moedas e em outros suportes. Por isso, acabou por se tornar no emblema oficioso do Brasil.
A bandeira com a esfera armilar dourada é considerada, em alguns trabalhos sobre vexilologia, como sendo o pavilhão privativo do Príncipe do Brasil - título do príncipe herdeiro do trono de Portugal, a partir do reinado de D. João IV. No entanto, aparentemente, nunca foi usada como tal, sendo apenas uma das bandeiras marítimas portuguesas.
Outra bandeira marítima portuguesa ligada ao Brasil, usada durante o século XVIII, era a chamada "Bandeira para converter a América", que incluía as Armas Reais de Portugal, a esfera armilar e um frade segurando uma cruz na mão direita, tudo assente sobre um campo branco. Esta bandeira destinava-se a ser hasteada nas embarcações portuguesas empregues no comércio com a Região das Missões, do Sul do Brasil.[1][2]
Reino do Brasil (1816–1824)
Na sequência da elevação do Brasil a reino unido ao de Portugal e Algarves, em 1815, por Carta de Lei de 13 de maio de 1816 foram criadas armas para o novo reino, que passaram a estar incluídas nas armas do novo Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.A Carta de Lei de 1816 refere Que o Reino do Brasil tenha por Armas uma Esfera Armilar de Ouro em campo azul. A mesma carta de lei refere que o Escudo Real Português (representando Portugal e Algarve) assente sobre a dita Esfera Armilar de Ouro em campo azul (representando o Brasil), com uma Coroa sobreposta passasse a constituir as Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
A Carta de Lei não se refere a modelos específicos de bandeiras, mas refere que os emblemas então criados passassem a ser usados em todos os estandartes, bandeiras, selos reais, cunhagens de moedas e nas demais utilizações como se tinha feito, até então, das armas antecedentes.[3]
Tem-se especulado sobre a existência de uma bandeira armorial brasileira, que reproduziria as armas atribuídas ao Reino do Brasil, usada entre 1816 e 1822. Essa bandeira teria uma esfera armilar dourada sobre um campo azul.
Na verdade, é muito pouco provável que essa bandeira tenha, alguma vez, existido. O uso limitado que era feito das bandeiras na época - basicamente apenas um uso militar e naval - indica que só tenham sido usadas as armas completas do Reino Unido. O que aconteceu até, foi a diminuição do uso da esfera armilar sozinha, já que os suportes onde ela era usada assim - por exemplo, nas moedas em curso no Brasil - passaram também a ostentar o escudo português assente sobre a esfera.
Por outro lado, se, eventualmente, foi feito um uso restrito de uma bandeira exclusivamente brasileira, ela seria provavelmente de campo branco, com o azul a ocupar apenas a base da esfera armilar, como acontecia na Bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.[2]
Na Revolução Pernambucana de 1817, os revolucionários não usaram uma bandeira com a esfera armilar, mas sim uma bandeira semelhante à atual bandeira do estado de Pernambuco.
Império do Brasil (1822–1889)
A bandeira imperial do Brasil foi criada, originalmente, como pavilhão pessoal do Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, a pedido de D. Pedro de Alcântara, ainda como príncipe-regente. Seu autor foi Jean-Baptiste Debret, ainda que fontes divirjam sobre um possível co-autor: alguns afirmam ter sido José Bonifácio de Andrada e Silva, outros D. Leopoldina. O fato é que, entre setembro e dezembro de 1822, o pavilhão passou a ser utilizado para representar a nação, que ainda era considerada reino. Apenas com a sagração de D. Pedro I é que foi substituída a coroa real do brasão, pela imperial. Em Portugal, o título para indicar o herdeiro aparente do trono passou a ser o de Príncipe Real de Portugal, e, no Brasil, o de Príncipe Imperial do Brasil.A nova bandeira ainda preservava muitos dos elementos do antigo reino, como a esfera armilar e a cruz da Ordem de Cristo, muito semelhante à bandeira da província da Cisplatina. Novos elementos foram introduzidos: a combinação auriverde a ordenação de três figuras no campo, presentes até hoje, bem como os ramos de café e tabaco, ainda utilizados como suportes do brasão nacional. Sobre os significados dos elementos, contudo, muito se especula, uma vez que nada consta no dispositivo legal que instituiu o pavilhão nem em fonte oficial alguma conhecida.
Acredita-se, porém, que o campo verde representava a Casa de Bragança (dinastia de D. Pedro I) e o amarelo do losango - formato dos brasões femininos na heráldica portuguesa - representava a Casa de Habsburgo (dinastia de D. Leopoldina). Os ramos de café e tabaco, colocados como suportes, representavam as duas culturas que passavam a destacar-se na produção nacional. As estrelas, dezenove, representavam as províncias de então, inclusive a Cisplatina.
Foi relevante a descoberta, nos anos 1940, de projeto de bandeira atribuído a Debret por encomenda de D. João VI, em 1820, e que se encontrava no arquivo pessoal do rei, em Lisboa. O achado, efetuado pelo historiador português Augusto de Lima Júnior, suscita ainda mais questões sobre a verdadeira coautoria e as finalidades originais do pavilhão brasileiro, cujos elementos perduram até hoje.[4] O esboço do artista francês apresenta um desenho já muito parecido com o que viria a ser o pavilhão do príncipe real: em campo verde, um losango amarelo sobre o qual pousava um brasão muito parecido com aquele que viria a ser o dos Bragança brasileiros – uma cruz da Ordem de Cristo sob uma esfera armilar, circundada por dezenove estrelas, tudo suportado por um ramo de cana-de-açúcar e outro de fumo e encimado por uma coroa real. De fato, o brasão apresenta elementos já utilizados para simbolizar o Brasil desde, pelo menos, o século XVI (a cruz e a esfera armilar). Não há certezas sobre as intenções do monarca ao pedir o estudo a Debret – se para criar o estandarte pessoal dos príncipes reais, um novo pavilhão para o Reino do Brasil ou mesmo a bandeira de uma futura nação independente – nem os motivos pelos quais o projeto ficou esquecido por, pelo menos, um ano – quando D. Pedro encomendaria a confecção de estandarte similar para o título de príncipe real. Seja como for, é uma indicação contundente de que a bandeira nacional brasileira antecede em muito a Independência.
A única alteração efetuada na bandeira imperial ocorreria já no Segundo Reinado, quando, por volta de 1870, D. Pedro II resolveu acrescentar a vigésima estrela para adequar o pavilhão à organização territorial do País, ato que careceu de instrumentação jurídica formal: a perda da Cisplatina foi compensada pela criação de duas províncias: Amazonas e Paraná, resultado da divisão das províncias do Grão-Pará e de São Paulo respectivamente. Ainda que seus significados tenham mudado, muitos dos elementos da bandeira imperial permaneceram após o advento da República.
República do Brasil (1889–)
Após a proclamação da República, um dos líderes civis do movimento, o advogado Rui Barbosa, propôs um desenho para a bandeira da nova nação, fortemente inspirado na bandeira dos Estados Unidos da América. Hasteada apenas na redação do jornal A Cidade do Rio e no navio "Alagoas", que conduziu a família imperial brasileira ao exílio, a bandeira de Barbosa foi usada por apenas quatro dias, de 15 de novembro a 19 de novembro de 1889, quando o marechal Deodoro da Fonseca vetou o desenho. Ele, que foi monarquista por toda a sua vida, aceitou e proclamou a República devido à instabilidade política, e sugeriu então a nova bandeira republicana, baseada na bandeira imperial. A bandeira desenhada por Barbosa serviu de base para, primeiramente, a bandeira do Estado de Goiás, apesar de outras bandeiras estaduais serem semelhantes, como as dos estados de Sergipe e do Piauí. Outra bandeira republicana vetada foi a que atualmente representa o estado de São Paulo, criada em 1888 pelo abolicionista Júlio Ribeiro.Cabe ressaltar que, durante os primeiros anos da República, não houve uma total uniformização do estandarte pelo território, havendo diversos exemplares com pequenas imprecisões ou mesmo outras completamente diferentes, criadas de maneira informal. Dentre essas versões alternativas, as que mais foram usadas apresentavam uma estrela vermelha de cinco pontas – símbolo republicano – sobre o brasão imperial ou tomando todo o centro do losango amarelo.
A atual bandeira nacional mantém, ainda que em proporções e tonalidades cromáticas diferentes, o campo verde e o losango amarelo. Substituiu-se a esfera armilar pelo círculo que, como a anterior, também representa a esfera celeste; a faixa eclíptica pela faixa azimutal e a cruz da Ordem de Cristo pelo Cruzeiro do Sul.
A ideia da atual bandeira foi desenvolvida por um grupo formado pelo positivista Raimundo Teixeira Mendes, vice-diretor do Apostolado Positivista do Brasil, por Miguel Lemos, diretor do Apostolado Positivista do Brasil, e por Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. O desenho do disco azul foi executado pelas mãos firmes do pintor Décio Vilares e, por indicação de Benjamin Constant, acrescentou-se em meio às estrelas a constelação do Cruzeiro do Sul, com as estrelas Acrux e Gacrux equilibradas no instante 13 sideral.
Embora não houvesse mais modificações quanto às dimensões e as suas formas, a bandeira adotada pelo decreto n.° 4, de 19 de novembro de 1889, permanece intacta até hoje, à parte o acréscimo de algumas estrelas, no círculo azul, representativas dos novos Estados, e leve alteração em suas posições para corresponderem corretamente às coordenadas astronômicas.
Projetos rejeitados
Inúmeros projetos foram criados para o estandarte nacional, estando aqui listados os mais conhecidos. É de se notar que vigorou entre as primeiras alternativas à bandeira imperial a combinação tricolor rubro-alvinegra, inspirada na tese histórica de Carl Friedrich Philipp von Martius de que os povos fundadores do Brasil seriam os das etnias indígena, europeia e africana.[5]Projeto de Júlio Ribeiro, criado em 1888. Atualmente, esta é a bandeira de São Paulo. | Projeto de Antônio da Silva Jardim, criado em torno de 1890. | Projeto de José Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio Branco, criado em 1890. | |
Evolução da atual bandeira nacional
Número de |
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estrelas | Desenho | Estados representados |
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pelas novas estrelas | Em vigor | Duração |
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21 | Amazonas, Pará, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Piauí, Ceará, |
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, |
Bahia,Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, |
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal | 19 de novembro de 1889– |
1 de junho de 1960 | 70 anos | ||
22 | Guanabara | 1 de junho de 1960– |
28 de maio de 1968 | 8 anos | ||
23 | Acre e Mato Grosso do Sul | 28 de maio de 1968– |
11 de maio de 1992 | 23 anos | ||
27 | Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins | 11 de maio de 1992– |
Atual | 18 anos |
Bandeiras estaduais semelhantes
Muitas bandeiras estaduais do Brasil foram inspiradas no pavilhão nacional, seja no primeiro desenho, de Rui Barbosa, seja no desenho atual.Atual bandeira de Sergipe. | Antiga bandeira de Sergipe (1951-1952). | Atual bandeira do Piauí. | Antiga bandeira do Piauí (1922–1937 e 1946–2005). |
Atual bandeira de Goiás. | Atual bandeira do Ceará. | Antiga bandeira do Ceará (1922-1937 e 1947-1967). | Atual bandeira do Mato Grosso. |
Significado
Apesar de muito se especular, o decreto que originalmente determina os símbolos da nova nação, assinado aos 18 de setembro de 1822, nada oficializa sobre os possíveis significados das formas e cores adotadas.[6] É difundido, todavia, a crença de que, originalmente, a cor verde simbolizava a casa de Bragança, da qual fazia parte D. Pedro I, em referência ao estandarte pessoal de D. Pedro II de Portugal, ao passo que a amarela simbolizava a casa de Habsburgo, da qual fazia parte D. Leopoldina. O losango é um símbolo heráldico ligado ao feminino, reforçando a associação à imperatriz.Ainda hoje, não foi expedido decreto que defina oficialmente os significados de cada cor e forma, sendo todavia difundida a interpretação especulativa de que o verde representa as florestas, o amarelo, os minérios, e o azul, o céu. As estrelas, que representam os Estados que formam a União, e a faixa branca estão de acordo, respectivamente, com os astros e o azimute no céu carioca na manhã de 15 de novembro de 1889, às 8h30 (doze horas siderais), e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste.
Sobre o lema
A inscrição "Ordem e Progresso", sempre em verde, é uma forma abreviada do lema político positivista cujo autor é o francês Auguste Comte: O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim (em francês: "L'amour pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but").[7]Euclides da Cunha, aluno de Benjamin Constant, declarou: "O lema da nossa bandeira é uma síntese admirável do que há de mais elevado em política".[8]
Sobre as estrelas
A estrela Espiga, situada acima da faixa branca, representa o estado do Pará, que, à época da proclamação da República, era o Estado cuja capital, Belém, era a mais setentrional do país. As estrelas do Cruzeiro do Sul representam os cinco principais Estados de então: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo. O Distrito Federal, inicialmente na cidade do Rio de Janeiro, e em 1960 transferido para Brasília, foi representado pela estrela sigma da constelação do Oitante, também chamada de Polaris Australis ou Estrela Polar do Sul, por situar-se no Polo Sul celestial (em contrapartida a Polaris, situada no Polo Norte celestial). Apesar de ser pouco brilhante e estar próxima ao limite de visualização a olho nu, essa estrela tem uma posição única no céu do hemisfério sul, pois é em torno dela que todas as estrelas visíveis giram. Além disso, Polaris Australis sempre está acima da linha do horizonte e pode ser vista a qualquer dia e hora de quase todos os lugares ao sul da linha do Equador.Quanto à posição das estrelas, é interessante comparar o que dispõem as leis n.° 5.443, de 28 de maio de 1968 e n.º 5.700, de 1 de setembro de 1971:
Como até hoje a comissão de astrônomos não chegou a uma conclusão definitiva para explicar o tipo de relatividade implícito, tem-se que seja dia ou que seja noite, as doze siderais permanecerão sempre as mesmas bem como as letras na legenda Ordem e Progresso continuarão escritas em cor verde oliva e centradas ao meio do dístico branco.
- Lei 5.700, de 1 de setembro de 1971
- Artigo 3:
- § 1.º - As constelações que figuram na Bandeira Nacional correspondem ao aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889 (doze horas siderais) e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste.
- Lei 8.421, de 11 de Maio de 1992
- Artigo 3:
- § 1.º - As constelações que figuram na Bandeira Nacional correspondem ao aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 20 horas, 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889 (doze horas siderais) e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste.
A posição e dimensões exatas de cada componente da bandeira são definidas em lei, bem como a associação das estrelas das constelações com os estados do Brasil.[9]
As duas faces da bandeira são exatamente iguais, sendo vedado fazer uma face como avesso da outra.
Quanto à constelação do Cão Maior, na figura acima caberiam as seguintes correções: a estrela número 4 (de quarta magnitude), correspondente a Rondônia, chama-se Muliphen (com n final) e é designada pela letra grega γ; a estrela número 6 (de segunda magnitude), correspondente a Roraima, chama-se Wezen e é designada pela letra δ; a estrela número 8, Adhara, é de segunda magnitude. A estrela número 7, Mirzam, designada pela letra β, astronomicamente de segunda magnitude, frequentemente aparece representada com magnitude 3 (cf. a figura da bandeira do Brasil que encabeça este artigo) – o que se tentaria justificar considerando que é, de fato, menos brilhante que ε e δ. Ainda mais frequente é representar-se ε como sendo de terceira magnitude (cf. a figura acima e a figura abaixo) – o que de modo algum se poderia aceitar, já que se trata da segunda estrela mais brilhante do Cão Maior, astronomicamente intermediária entre as magnitudes 1 e 2.
[editar] Dimensões exatas
A feitura da bandeira nacional obedecerá às seguintes regras:- Para cálculo das dimensões, tomar-se-á por base a largura desejada, dividindo-se esta em 14 partes iguais. Cada uma das partes será considerada uma medida ou módulo.
- O comprimento será de vinte módulos (20m).
- A distância dos vértices do losango amarelo ao quadro externo será de um módulo e sete décimos (1,7m).
- O círculo azul no meio do losango amarelo terá o raio de três módulos e meio (3,5m).
- O centro dos arcos da faixa branca estará dois módulos (2m) à esquerda do ponto do encontro do prolongamento do diâmetro vertical do círculo com a base do quadro externo.
- O raio do arco inferior da faixa branca será de oito módulos (8m); o raio do arco superior da faixa branca será de oito módulos e meio (8,5m).
- A largura da faixa branca será de meio módulo (0,5m).
- As letras da legenda Ordem e Progresso serão escritas em cor verde. Serão colocadas no meio da faixa branca, ficando, para cima e para baixo, um espaço igual em branco. A letra P ficará sobre o diâmetro vertical do círculo. As letras da palavra Ordem e da palavra Progresso terão um terço de módulo (0,33 m) de altura. A largura dessas letras será de três décimos de módulo (0,30 m). A altura da letra da conjunção E será de três décimos de módulo (0,30 m). A largura dessa letra será de um quarto de módulo (0,25 m).
- As estrelas serão de cinco dimensões: de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta grandezas. Devem ser traçadas dentro de círculos cujos diâmetros são: de três décimos de módulo (0,30 m) para as de primeira grandeza; de um quarto de módulo (0,25 m) para as de segunda grandeza; de um quinto de módulo (0,20 m) para as de terceira grandeza; de um sétimo de módulo (0,14 m) para as de quarta grandeza; e de um décimo de módulo (0,10 m) para a de quinta grandeza.
[editar] Cores
[10]Verde | Amarelo | Azul | Branco | |
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RGB | 0/146/62 | 248/193/0 | 40/22/111 | 255/255/255 |
Hexadecimal | 00923E | F8C100 | 28166F | FFFFFF |
CMYK | 100/0/100/0 | 0/10/100/0 | 100/70/0/20 | 0/0/0/0 |
Pantone | PMS 355 | PMS Yellow | PMS 280 | nenhum |
Normas de apresentação
A bandeira do Brasil pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico dos brasileiros, de caráter oficial ou particular. Nas solenidades oficiais, há várias formalidades a serem seguidas. Nas festas particulares, principalmente aquelas que se realizam nas ruas e nos estádios, com grande aglomeração de pessoas, a informalidade prevalece.Existem, a respeito da matéria, normas protocolares de diversos órgãos governamentais e das Forças Armadas que, embora divirjam nos detalhes, concordam na maioria dos procedimentos. Segundo essas normas, a bandeira poderá ser apresentada das seguintes formas:
- hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares, templos, campos de esporte, escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas e praças, e em qualquer lugar em que lhe seja assegurado o devido respeito;
- distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves ou balões, aplicada sobre parede ou presa a um cabo horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mastros;
- reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves;
- compondo, com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças semelhantes;
- conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo individualmente;
- distendida sobre ataúdes, até a ocasião do sepultamento.
- diariamente nos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, nas missões diplomáticas brasileiras e nas unidades da Marinha Mercante;
- nos dias de festa e de luto nacional, também nos estabelecimentos de ensino e sindicatos;
- pelo menos uma vez por semana, em caráter solene, nas escolas públicas ou particulares.
Quando várias bandeiras são hasteadas ou arriadas simultaneamente, a bandeira brasileira é a primeira a atingir o topo e a última a dele descer.
Se a bandeira estiver a meio-mastro ou a meia-adriça, em sinal de luto, no hasteamento ou arriamento, deve ser levada inicialmente até o topo. Em marcha, o luto é assinalado por um laço de crepe atado junto à lança.
Hasteia-se a bandeira em funeral, em todo o País, quando o presidente da República decretar luto oficial, salvo nos dias em que o luto coincida com alguma festa nacional. Quando não for decretado luto oficial, o hasteamento em funeral fica limitado à Casa Legislativa ou ao Tribunal em que haja ocorrido o falecimento de um de seus membros.
A bandeira deve sempre ocupar lugar de honra, em posição central, destacada à frente de outras bandeiras e à direita de tribunas, púlpitos, mesas de reunião ou de trabalho. Nas missões diplomáticas em países estrangeiros, estas regras podem-se tornar mais flexíveis em atenção às leis, usos e costumes do país hospedeiro.
A lei federal 12.157, de 23 de dezembro de 2009, passa a obrigar o hasteamento da bandeira do Mercosul junto à bandeira do Brasil.[11]
Modo de dobrar
A bandeira nacional brasileira, no arriamento, após ser desenvergada, é dobrada da seguinte forma :- segura pela tralha e pelo lais, é dobrada ao meio em seu sentido longitudinal, ficando para baixo a parte em que aparecem a estrela isolada Espiga e a parte do dístico Ordem e Progresso;
- ainda segura pela tralha e pelo lais, é, pela segunda vez, dobrada ao meio, novamente no seu sentido longitudinal, ficando voltada para cima a parte em que aparece a ponta de um dos ângulos obtusos do losango amarelo; a face em que aparece o dístico deve estar voltada para a frente da formatura;
- a seguir é dobrada no seu sentido transversal, em três partes, indo a tralha e o lais tocarem o pano, pela parte de baixo, aproximadamente na posição correspondente às extremidades do círculo azul que são opostas; permanece voltada para cima e para a frente a parte em que aparecem a estrela isolada e o dístico;
- ao final da dobragem, a Bandeira Nacional apresenta a maior parte do dístico para cima e é passada para o braço flexionado do mais antigo, sendo essa a posição para transporte;
- para a guarda, pode ser feita mais uma dobra no sentido longitudinal, permanecendo o campo azul voltado para cima.
- em posição de "ombro arma", o porta-bandeira a conduz apoiada em seu ombro direito, inclinada, com o conto mais abaixo, mantendo, com a mão direita, o pano seguro na altura do peito e naturalmente caído ao lado recobrindo seu braço;
- desfilando em continência, o Porta-bandeira desfralda-a e posiciona-a verticalmente, colocando o conto no talabardão e, com a mão direita, cotovelo lançado para fora, auxiliada pela outra, segura a haste na altura do ombro.
O mastro da Praça dos Três Poderes
Um exemplar especial da bandeira, com 280 metros quadrados de área, está permanentemente a cem metros de altura, no alto do mastro plantado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A construção em aço é considerada a maior do gênero no mundo, para bandeiras nacionais.A substituição desta bandeira, que frequentemente se rasga pela ação do vento, é feita em solenidades especiais no primeiro domingo de cada mês. O novo exemplar deve atingir o topo do mastro antes que o exemplar substituído comece a ser arriado. A cada hasteamento, revezam-se na guarda de honra soldados de uma das três armas militares (Marinha, Exército e Aeronáutica). As mais diversas entidades costumam doar bandeiras para a ocasião.
O mastro é uma estrutura cônica tubular com 24 tubos, dispostos ao redor de seções circulares centrais, e que se fecham na direção do vértice do cone, terminando em um tubo único de maior calibre que sustenta a bandeira. O número de tubos é representativo da quantidade de unidades da federação (estados) na época da construção do mastro, no início da década de 1970. Além da necessidade de imposição da bandeira nacional, a altura do mastro se deve também em razão da necessidade que a bandeira ficasse acima das representações de cada poder, sendo o prédio central do congresso nacional o mais alto da praça, fez-se necessário que o mastro ficasse em altura superior.
[editar] Críticas
A bandeira nacional do Brasil vem sendo alvo de críticas no que se refere ao seu apuro estético. Evitando-se a discussão de argumentos subjetivos, como o uso simultâneo de tantas cores (verde, amarelo, azul e branco), resta-nos a análise pelo ponto de vista heráldico e vexilológico, que além de apontar erros atesta o fato de ser essa uma bandeira custosa e de difícil reprodução.[12] A começar pela sobreposição de tantos elementos soltos: o losango melhor estaria se como na bandeira original, com seus vértices encostados nos limites do campo verde. Todavia, as críticas mais contudentes recaem sobre o círculo azul e o lema.Até hoje não há um consenso sobre a posição correta das estrelas na data e hora pretendidas.[13] Além disso, críticos apontam a dificuldade de reproduzir fielmente o modelo proposto em lei, sendo muito comum encontrar bandeira brasileira em que as estrelas estejam confecionadas de maneira errada – ou suas posições, ou suas grandezas ou mesmo sua quantidade. Já o lema é objeto de duros protestos por se relacionar com obscura seita oitocentista, o positivismo, que poucos iniciados fez no Brasil.[14] Questiona-se também a conveniência de haver algo escrito na bandeira, dificultando ainda mais sua fiel reprodução. Esses elementos, o círculo estrelado e o lema, obrigam a bandeira a ter seus dois lados exatamente iguais, exigindo maior quantidade de tecido e tornando assim mais cara ainda sua confecção.
Independentemente dos possíveis erros técnicos e a falta de praticidade, a atual bandeira brasileira conquistou o imaginário de sua população e é tida reconhecidamente como um símbolo nacional.
[editar] Outras bandeiras oficiais do Brasil
Jaque nacional. |
Tancredo Neves
Quem foi este grande brasileiro?
Tancredo de Almeida Neves | |
Presidente do Brasil | |
Mandato |
Não assumiu | |
Vice-presidente | José Sarney |
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Precedido por | João Batista de Oliveira Figueiredo |
Sucedido por | José Sarney |
Primeiro-ministro do Brasil | |
Mandato |
8 de setembro de 1961 até |
21 de julho de 1962 | |
Precedido por | Afonso Celso de Assis Figueiredo (1889) |
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Sucedido por | Francisco de Paula Brochado da Rocha |
Governador de Minas Gerais | |
Mandato |
1983 até |
1984 | |
Precedido por | Francelino Pereira dos Santos |
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Sucedido por | Hélio Carvalho Garcia |
Nascido em | 4 de março de 1910 |
São João del-Rei, MG | |
Morreu em | 21 de abril de 1985 (75 anos) |
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São Paulo, SP | |
Partido político | Partido Progressista (de Minas Gerais), Partido Nacionalista Mineiro (PMN), Partido Social Democrático, MDB, Partido Popular, PMDB |
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Esposa | Risoleta Neves |
Profissão | Advogado, empresário e político |
Em 15 de janeiro de 1985 foi eleito presidente do Brasil pelo voto indireto de um colégio eleitoral, mas adoeceu gravemente, em 14 de março de 1985, véspera da posse, morrendo sem ter sido oficialmente empossado. Apesar da versão oficial dizer que Tancredo foi vítima de diverticulite, a causa da sua morte até hoje não foi devidamente esclarecida, existindo fortes suspeitas de que tenha sido envenenado por setores radicais das Forças Armadas, que não admitiam a redemocratização. [1]. Apesar de ter falecido antes de ser empossado,por previsão legal, seu nome deve figurar em todas as galerias de presidentes do Brasil. Tancredo foi o último mineiro a ser eleito presidente do Brasil.
Foi casado com Risoleta Guimarães Tolentino, com quem teve três filhos. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra. Era chamado por seus próximos por "Doutor Tancredo". É avô de Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais.
Carreira como advogado
Tancredo nasceu em São João del-Rei, no estado de Minas Gerais, de ascendência portuguesa e austríaca.[2] Filho de Francisco de Paula Neves e Antonina de Almeida Neves, transferiu-se para Belo Horizonte, após concluir os estudos em sua cidade natal e na capital mineira. Ingressou na Faculdade de Direito onde, simpatizante da Aliança Liberal que levou Getúlio Vargas ao poder com a eclosão da Revolução de 1930.Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo exercido o cargo de promotor-público.
[editar] Político à mineira
Durante a República Velha fez oposição a Artur Bernardes, sendo um antibernadista. São João del-Rei era uma das poucas cidades em que Bernardes não ganhava.Foi lançado na política pelo líder político municipal de São João del Rey, Augusto Viegas, pelo qual sempre guardou gratidão.
Quando perguntado, pela revista Pasquim, sobre os partidos políticos ao qual pertenceu, explicou que escolheu partido político, como todos fazem em Minas Gerais, por questões municipais.
Filiou-se ao "Partido Progressista", um partido surgido após a revolução de 1930, formado por membros do Partido Republicano Mineiro que apoiaram a Revolução de 1930, e depois se filiou ao Partido Nacionalista Mineiro (PNM) quando foi extinto o Partido Progressista.
Tancredo não pôde viabilizar sua candidatura a deputado estadual, em 1934, mas, em 1935, foi eleito vereador em São João del-Rei chegando à presidência da Câmara Municipal, quando chegou a assumir a prefeitura municipal interinamente. Quando as câmaras municipais foram fechadas, com o advento do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, Tancredo era o presidente da Câmara de vereadores de São João del Rey.
Extinto seu mandato de vereador, retornou à advocacia. Exerceu, também, por algum tempo, a profissão de empresário do setor têxtil.
A redemocratização do Brasil em 1945 - Tancredo deputado e ministro
Pressionado pela conjuntura internacional ditada pela iminente vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial e cada vez mais suscetível a pressões e contestações internas, Getúlio Vargas põe em marcha um estratagema de liberalização do regime e com isso um quadro político erigido sob os auspícios democráticos viu nascer novas agremiações políticas.Assim em 8 de abril de 1945 foi criado o Partido Social Democrático (PSD), que, em Minas Gerais estava sob o controle de Benedito Valadares, nomeado interventor federal em Minas Gerais em 15 de dezembro de 1933, e que governou Minas Gerais até Getúlio Vargas ser deposto em 29 de outubro de 1945.
A deposição de Getúlio Vargas, em 29 de outubro de 1945, abriu caminho para as eleições de 2 de dezembro onde foram escolhidos o Presidente da República e os membros da Assembleia Nacional Constituinte, que promulgaria a nova constituição brasileira em 18 de setembro de 1946. Sob a vigência da constituição de 1946, foram realizadas eleições, em 19 de janeiro de 1947, para governador de estado, para eleger os membros do Congresso Nacional e também os que comporiam os legislativos estaduais.
Tancredo Neves foi eleito deputado estadual mineiro, pelo PSD de Benedito Valadares, sendo designado um dos relatores da constituição estadual mineira, e, uma vez findos os trabalhos constituintes, assumiu a liderança da bancada do PSD e comandou a oposição ao governo de Milton Campos, da União Democrática Nacional (UDN), que havia chegado ao Palácio da Liberdade após uma cisão no PSD mineiro. Devido a um incêndio ocorrido no antigo edifício da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, pouco restou dos documentos daquela constituinte.
Em 1950, Tancredo Neves foi eleito deputado federal e seu líder Juscelino Kubitschek foi eleito governador de Minas Gerais derrotando o situacionista Gabriel Passos. Em 1953,surgindo uma vaga de ministro da justiça que caberia a um deputado do PSD mineiro, JK e Getúlio acordaram na indicação do nome de Tancredo. Tancredo licenciou-se do mandato e exerceu o cargo de ministro da justiça a partir de 26 de junho de 1953 e até 24 de agosto de 1954.
Entregou o cargo de ministro quando do suicídio de Getúlio Vargas, ocorrido vinte dias após o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda e resultou na morte do major da Força Aérea Brasileira Rubens Florentino Vaz, atentado, o qual, gerou um grave crise política.
Segundo consta nos arquivos da Fundação Getúlio Vargas, Tancredo teria recebido das mãos do próprio Getúlio Vargas uma das cópias da carta-testamento de Getúlio Vargas que seria divulgada por ocasião da morte do político gaúcho. Esta carta foi lida, por João Goulart, no enterro de Getúlio Vargas, em São Borja, no qual Tancredo estava presente. De Getúlio, Tancredo ganhou uma caneta-tinteiro Parker 21, que atualmente pertence a Aécio Neves.
No livro Carlos Castelo Branco - O jornalista do Brasil, o jornalista Pedro Jorge de Castro narra o episódio da caneta Parker-21, dizendo que encerrada a reunião ministerial, Getúlio sobe as escadas do Palácio do Catete para ir ao seu apartamento. Vira-se e despede-se do ministro da justiça Tancredo Neves, dando a ele uma caneta Parker-21 de ouro e diz, pouco antes de se matar:
Para o amigo certo das horas incertas!" |
— Getúlio Vargas[3] |
Fiel à memória de Getúlio, Tancredo fez oposição ao governo de João Café Filho e foi um dos articuladores da candidatura de Juscelino Kubitschek à presidência da república nas eleições em 1955. Tancredo Neves não disputou a reeleição para deputado federal, em outubro de 1954, por não ter se desligado do ministério de Getúlio em tempo hábil. Foi nomeado presidente do Banco de Crédito Real de Minas Gerais pelo governador Clóvis Salgado da Gama, substituto legal de JK, quando este renunciou, em 31 de janeiro de 1955, ao cargo de governador, para concorrer à presidência da república. JK foi eleito presidente em 3 de outubro de 1955.
Em 1956, Juscelino Kubitschek nomeou Tancredo para uma diretoria do Banco do Brasil, a carteira de redesconto, cargo que deixou, em 1958, ao ser nomeado secretário de fazenda do governo de Bias Fortes, fato que o impediu de disputar as eleições legislativas em 1958. Permaneceu no cargo de secretario da fazenda até 1960, deixando o cargo para disputar o governo de Minas Gerais.
Em 1960 foi derrotado, por Magalhães Pinto, na disputa pelo governo de Minas Gerais.
Primeiro ministro
Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, articulou a instalação do parlamentarismo evitando que João Goulart fosse impedido de assumir a presidência por um Golpe Militar. Como primeiro-ministro, entre 8 de setembro de 1961 e 12 de julho de 1962, logrou êxito parcial na sua meta para pacificar os ânimos políticos nacionais. Foi obrigado a renunciar, junto com vários ministros, para poder se candidatar às eleições seguintes, de 3 outubro de 1962, ao Congresso Nacional, nas quais, foi eleito deputado federal por Minas Gerais.Deste período, como primeiro ministro, destacam-se a lei nº 4.070, de 15 de junho de 1962, que elevou o Território do Acre à categoria de Estado, e a lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Entre 8 de setembro e 12 de outubro de 1961, Tancredo ocupou interinamente o cargo de ministro da justiça. O pernambucano Estácio Gonçalves Souto Maior, pai do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet, foi o ministro da saúde do gabinete Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, ministro da indústria e comércio, e Franco Montoro, ministro do trabalho e previdência social.
] Oposição ao regime militar
De volta à Câmara dos Deputados manteve o apoio ao governo João Goulart até que o mesmo fosse deposto por um golpe militar em 31 de março de 1964. Tancredo foi um dos poucos políticos que foram se despedir de João Goulart no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, quando este partiu para o exílio no Uruguai.Extinto o pluripartidarismo foi convidado a ingressar na ARENA, oferta polidamente recusada em razão da presença de adversários seus da UDN, especialmente José de Magalhães Pinto, na agremiação situacionista, a ARENA.
Apesar de ter sido primeiro-ministro de João Goulart e seu amigo, Tancredo não teve seus direitos políticos cassados durante o regime militar devido ao seu prestígio junto aos militares..[4]
Opositor moderado do Regime Militar de 1964 logo procurou abrigo sob a legenda do MDB sendo reeleito deputado federal em 1966, 1970 e 1974. Em sua atuação parlamentar evitou sobremaneira criar atritos com o governo militar e fez parte da ala moderada do MDB não se negando, inclusive, ao diálogo com as forças situacionistas, postura contrária àquela adotada pelo grupo "autêntico" do MDB. Em 1978, foi eleito senador por Minas Gerais.
Com a reforma partidária de 1979, durante o governo do presidente João Figueiredo, a qual recriou o pluripartidarismo no Brasil, Tancredo aglutinou os moderados do MDB e da ARENA em torno de si, (inclusive Magalhães Pinto) e fundou o Partido Popular, em 1980, sendo eleito seu presidente.
No ano seguinte defendeu a incorporação do PP ao PMDB em face de dificuldades criadas pelas regras eleitorais a serem aplicadas nas eleições de 1982, e, com isso foi escolhido vice-presidente nacional do PMDB, em 1982, e, nesse mesmo ano, foi eleito Governador de Minas Gerais, após uma renhida disputa com o candidato Eliseu Resende do Partido Democrático Social (PDS). Fundamental para sua eleição foi o apoio do seu vice-governador Hélio Garcia profundo conhecedor dos pequenos municípios mineiros, chamados, por Tancredo, de "grotões".
Na sua posse, pronunciou a frase célebre:
Mineiros, o primeiro compromisso de Minas é com a liberdade! |
— Tancredo Neves |
"Diretas Já" e o colégio eleitoral
Tão logo foram empossados, em 15 de março de 1983, os governadores eleitos em 1982, começaram os debates em torno da sucessão do presidente João Figueiredo. A ausência de um nome de consenso nas hostes do PDS denotava fissuras na agremiação governista, pois já em sua mensagem de fim de ano o Presidente da República abdicou de coordenar os debates em torno da sucessão presidencial e remeteu a questão ao partido e nisso surgiram nomes como do Ministro do Interior Mário Andreazza, do senador Marco Maciel e do deputado federal Paulo Maluf, cada qual trazendo consigo uma porção considerável do PDS. O vice-presidente Aureliano Chaves logo entrou em atrito com o presidente Figueiredo, o que complicou o quadro sucessório.As articulações para a candidatura Tancredo começaram logo em 1983 quando recebeu a visita de 15 senadores do PMDB, liderados por José Fragelli, propondo sua candidatura a presidente na eleição pelo colégio eleitoral marcada para 15 de janeiro de 1984, assim contado na biografia do senador Fragelli:
"Fragelli teve como um momento significativo a sua participação ativa, em 1983, na articulação da candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República. No início desse ano organizou um grupo de 14 senadores, todos desconhecidos, para uma visita ao Governador Tancredo Neves, que estavam dispostos a trabalhar por seu nome para Presidente da República. Foi o próprio Senador Fragelli, logo depois desse encontro, quem procurou o Senador Pedro Simon para dizer que, se o PMDB fosse ao Colégio Eleitoral, o candidato seria Tancredo Neves."[5].
Outros segmentos da oposição ao regime militar, por sua vez, agiram de maneira diversa ao inserir em sua agenda o restabelecimento das eleições diretas para Presidente da República sendo que o primeiro ato dessa campanha ocorreu no município pernambucano de Abreu e Lima em 31 de março de 1983, dia em que o Regime Militar de 1964 completava dezenove anos de existência. Convocada por políticos do PMDB, a manifestação havida no Nordeste do Brasil resultou em um manifesto divulgado em São Paulo, em 26 de novembro de 1983, dos dez governadores da oposição (nove do PMDB e um do PDT) exigindo o restabelecer das eleições diretas para presidente da república.
No dia seguinte, um comício pró-Diretas se realizou na capital paulista reunindo dez mil pessoas após uma convocação feita pelo PT. Vários comícios pró-diretas foram realizados entre janeiro e abril de 1984, que receberam o nome de Campanha das Diretas Já, frustrado pela rejeição da emenda constitucional Dante de Oliveira, em 25 de abril de 1984, apesar de a proposta contar com um apoio significativo dentro do próprio PDS.
Ciente dos riscos que se avizinhavam em razão de tamanha fragmentação do PDS, o senador José Sarney, presidente do PDS, propôs a realização de prévias eleitorais, junto aos filiados do PDS, para a escolha do candidato governista à presidência da república, proposta esta logo rechaçada pelos malufistas que a interpretaram como uma tentativa de inviabilizar a candidatura do líder, fato que levou Sarney a deixar a presidência do PDS e dias depois abandonar o partido, no que foi seguido pelo também senador Jorge Bornhausen.
Dez dias mais tarde, os governadores do PMDB, e mais Leonel Brizola do PDT, anunciaram seu apoio ao nome de Tancredo Neves como candidato oposicionista na eleições no Colégio Eleitoral, (que havia sido eleito nas eleições de 1978 e que se compunha do Congresso Nacional e representantes das assembleias legislativas), ao passo que, no PDS, houve a retirada dos nomes de Aureliano Chaves e Marco Maciel da disputa, o que deixou Paulo Maluf e Mário Andreazza como postulantes à vaga de candidato, todavia a vitória de Maluf fez com que os seus adversários passassem a apoiar Tancredo.
Após um acordo firmado entre o PMDB e a dissidência Frente Liberal do PDS ficou estabelecido que Tancredo Neves seria o candidato a presidente e José Sarney (ex-ARENA, deixa o PDS para se filiar ao PMDB) seria o candidato a vice-presidente. A Frente Liberal surgiu em 1984, de uma dissidência no PDS, que posteriormente tornou-se o partido político PFL, Partido da Frente Liberal, atual Democratas. Essa dissidência foi aberta no PDS quando Paulo Maluf, ex-governador de São Paulo, venceu a disputa interna dentro do PDS, contra o ministro do Interior Mário Andreazza, e foi escolhido, pelo PDS, para ser seu candidato à presidência da República e enfrentar Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985.
Os rebelados do PDS, liderados pelo vice-presidente da República Aureliano Chaves e pelos senadores Marco Maciel e Jorge Bornhausen, entre outros, criaram uma ala dentro do PDS chamada Frente Liberal que viria a ser o embrião do PFL, e que votou em Tancredo Neves no colégio eleitoral.
O PMDB estava em minoria no colégio eleitoral, porisso precisava de votos do PDS para conseguir eleger o presidente da república.
Não era, naquela época, permitidas as coligações partidárias, os candidatos a presidente e a vice-presidente da república tinham que serem do mesmo partido. Sarney podia se filiar ao PMDB por ter sido eleito senador maranhense, pela ARENA, em 1978, partido que havia sido extinto. Assim, sua troca de partido não era considerada, pela lei eleitoral da época, uma infedelidade partidária, sujeita a perda de mandato eletivo, pois Sarney não estaria deixando o partido pelo qual fora eleito. O que não era o caso de Marco Maciel que não podia trocar de partido pois fora eleito senador por Pernambuco, pelo PDS, em 1982. Aureliano Chaves não podia se candidatar a presidente pelo PMDB, mesmo tendo sido eleito vice-presidente da república pela ARENA, em 1978, pois assumira a presidência da república várias vezes como substituto de João Figueiredo, tornando-se inelegível para a presidência. Aureliano era inelegível também para a vice-presidência pois não era permitida, na época, a reeleição.
Tancredo foi lançado candidato por ser aceito por grande parte dos militares e tido como moderado. Na área militar foi decisivo o apoio do ex-presidente Ernesto Geisel. Essa moderação, porém, era alvo de críticas do PT que não aceitava o colégio eleitoral. Sob sua moderação Tancredo dizia:
Se é mineiro não é radical, se é radical não é mineiro! |
— Tancredo Neves |
Trair a Revolução de 1964 é apoiar Maluf para presidente''! |
— Antônio Carlos Magalhães |
— Tancredo Neves |
A chapa Tancredo-Sarney foi então oficializada e assim os oposicionistas foram às ruas para defender suas propostas em comícios tão concorridos quanto os da campanha pelas Diretas Já. Saudado como candidato da conciliação, Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, numa terça-feira, 15 de janeiro de 1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções. A maioria destas abstenções foi de parlamentares do Partido dos Trabalhadores, partido este que expulsou de seus quadros os parlamentares que, desobedencendo a orientação do partido, votaram em Tancredo Neves: Foram expulsos do PT: a deputada federal Beth Mendes e os deputados federais Aírton Soares e José Eudes.
Sua vitória foi entusiasticamente recebida pela população e é tida ainda hoje como uma das mais complexas e bem-sucedidas operações políticas na história política do Brasil.
Um exemplo dessas dificuldades e dessas manobras: No final de 1984, as pesquisas de intenção de votos, mostravam que Tancredo tinha a maioria do colégio eleitoral. Receoso de uma manobra de João Figueiredo tentando prorrogar seu mandato em dois anos, estabelecendo eleições diretas para seu sucessor, Tancredo foi à televisão e declarou que Paulo Salim Maluf ia renunciar à sua candidatura. Maluf reagiu e garantiu que não renunciaria. Assim com Maluf firme na disputa, João Figueiredo e o PDS nada puderam fazer para mudarem as regras do jogo sucessório.[6]
Assim que foi eleito, Tancredo fez um giro internacional encontrando se com vários chefes de estado para conquistar apoio à sua posse, considerada incerta, e só aceitou ser submetido à operação cirúrgica, depois que vários chefes de estado já haviam chegado à Brasília para a sua posse.
Tão bem-sucedidas foram as suas articulações que fizeram com que até mesmo Ulisses Guimarães, o "Senhor Diretas", abdicasse da disputa para apoiá-lo. O acordo político teria incluído até mesmo um futuro apoio a Ulisses para sucedê-lo nas eleições seguintes que seriam diretas. Ulisses, na passagem do ano de 1984 para 1985, de férias em Nova Iorque, se lançou candidato a presidente para provocar Tancredo. Este afirmou, na televisão, que Ulisses sempre foi o candidato natural do PMDB, o que esvaziou a candidatura Ulisses, que não mais voltou ao assunto.
A doença e a morte
Tancredo havia se submetido a uma agenda de campanha bastante extenuante, articulando apoios do Congresso Nacional e dos governadores estaduais e viajando ao exterior na qualidade de presidente eleito da República. Tancredo vinha sofrendo de fortes dores abdominais durante os dias que antecederam a posse. Aconselhado por médicos a procurar tratamento, teria dito: "Façam de mim o que quiserem - depois da posse".Tancredo temia que os militares da chamada linha-dura se recusassem a passar o poder ao vice-presidente. Tancredo decidiu só anunciar a doença no dia da posse, 15 de março, quando já estivessem em Brasília os chefes de estados esperados para a cerimônia de posse, com o que ficaria mais difícil uma ruptura política. Porém, a sua saúde não resistiu e, na véspera da posse (14 de março de 1985), adoeceu com fortes e repetidas dores abdominais durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Bosco, em Brasília. Foi, às pressas, internado no Hospital de Base de Brasília. Ao primo Francisco Dornelles, indicado à época para assumir o Ministério da Fazenda, Tancredo afirmara[7] que só aceitaria se submeter à cirurgia se tivesse garantias que Figueiredo iria empossar o vice-presidente (José Sarney).
José Sarney assumiu a Presidência em 15 de março, aguardando o restabelecimento de Tancredo. Existia grande tensão na época devido à possibilidade de uma interrupção na abertura democrática em andamento. Caso Sarney não assumisse, poderia ser empossado em seu lugar o então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães do PMDB. O grande risco era que ocorresse um retrocesso, já que na época os setores militares mais conservadores, a chamada linha-dura, tentavam desestabilizar a redemocratização e manter o regime militar. Na madrugada de 14 para 15 de março, em uma reunião em que estavam presentes Ulisses, [[Fernando Henrique Cardoso, Sarney e o ministro do exército Leônidas Pires Gonçalves, a opinião deste sobre a interpretação da constituição de 1967 prevaleceu e na manhã de 15 de março, as 10:00 horas, o Congresso Nacional deu posse a Sarney.[8]
Devido às complicações cirúrgicas ocorridas - para o que concorreram as péssimas condições ambientais do Hospital de Base do Distrito Federal, que estava com a Unidade de Tratamento Intensivo demolida, em obras -, o estado de saúde se agravou, e teve de ser transferido em 26 de março para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Durante todo o período em que ficou internado, Tancredo sofreu sete cirurgias. No entanto, em 21 de abril (na mesma data da morte de Tiradentes), Tancredo faleceu vítima de infecção generalizada, aos 75 anos. A morte de Tancredo foi tristemente anunciada pelo então porta-voz oficial da presidência para a imprensa, Antônio Britto.
Na época, havia rumores que Tancredo já havia morrido há dias e sua morte não era anunciada a espera de se resolverem os problemas políticos resultantes da formação do novo governo presidido por José Sarney e para a data da morte coincidir com a data da morte de Tiradentes.
Lamento informar que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite no Instituto do Coração, às 10 horas e 23 minutos [...]. |
— Antônio Britto, porta-voz oficial - 1985 |
O epitáfio que o presidente eleito previra certa vez numa roda de amigos, em conversa no Senado, não chegou a ser gravado na lápide, no cemitério, ao lado da Igreja de São Franscisco, em São João del-Rei:
"Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves".
Seu enterro, em São João del Rei, foi transmitido em rede nacional de televisão, tendo discursado a beira do túmulo 85, que lembra o ano em que foi eleito presidente, o deputado federal Ulisses Silveira Guimarães, na época, presidente da Câmara dos Deputados.
No cemitério da Igreja de São Francisco há uma placa comemorativa da visita do presidente francês François Mitterrand que conhecera Tancredo, quando este viajara à Europa. Em Março de 2008 a sepultura de Tancredo foi violada e a peça de mármore da parte superior do túmulo foi quebrada.[9]
Na cidade de São João del Rey, foi homenageado com a colocação de uma estátua sua ao lado da estátua de Tiradentes.
[editar] Tancredo hoje e homenagens
Vinte anos após, o corpo médico do Hospital de Base de Brasília revelou que não divulgou o laudo correto da doença à época, que não teria sido diverticulite, mas sim um tumor. Embora benigno, o anúncio de um tumor poderia ser interpretado como câncer, causando efeitos imprevisíveis no andamento político no momento.Assumiu a Presidência da República o vice José Sarney, encerrando o período de governos militares, chamado de Anos de chumbo, iniciado com o Golpe de 1964 ou Revolução de 1964.
Mesmo sem nunca ter tomado posse, Tancredo Neves é, por força de lei, elencado entre os ex-presidentes do Brasil. Pela lei nº 7.465, de 21 de abril de 1986, "o cidadão Tancredo de Almeida Neves, eleito e não empossado, por motivo do falecimento, figurará na galeria dos que foram ungidos pela Nação brasileira para a Suprema Magistratura, para todos os efeitos legais".
Em 2010, ocorre o centenário de nascimento de Tancredo Neves, evento comandado por seu neto e governador mineiro Aécio Neves. Em 1º de março de 2010, foi lançado um selo comemorativo do centenário de nascimento do ex-presidente. O evento fez parte de uma série de homenagens que seguem até data de morte dele.
É lembrado "como político conciliador e hábil articulador político" [10].
A cidade baiana Presidente Tancredo Neves foi nomeada em sua homenagem.
Deixou dois depoimentos que saíram em livros: o primeiro: "Tancredo Neves, A trajetória de um liberal", a partir de uma entrevista dada à sua sobrinha Lucília de Almeida Neves, narra sua tragetória política até 1954 apenas, pois Tancredo parou a entrevista para se dedicar integralmente à eleição no colegial eleitoral que ocorreria em 1985. O segundo livro entrevista foi "Tancredo fala de Getúlio", onde dá seu depoimento sobre o antigo presidente e a sua atuação política ao lado de Getúlio.
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