Cardeais já estão em Roma aguardando início do Conclave (Foto: Rádio Vaticano)
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Entenda o que acontece durante a Sé vacante
O Trono de Pedro está vago! E agora?
“A
Igreja está unida [...] e implora de Deus o novo Papa como dom da sua
bondade e providência”, diz a Constituição Universi Dominici Grecis
(Foto: Arquivo)
Saiba
o que acontece durante a Sé vacante, o que os católicos devem fazer
neste período e como fica a menção do Papa durante a Missa
André Alves
Da redação
A partir das 20h (Roma) desta
quinta-feira, 28, a Igreja Católica iniciou seu período de vacância,
devido à renúncia do Sumo Pontífice, Bento XVI, anunciada no último dia 11. A Sede vacante é o termo oficial da Igreja utilizado pra denominar o período em que a função de Papa fica vaga.
De acordo com o documento, a Sede
vacante deve durar exatos quinze dias, podendo ser estendidos para
vinte, em caso de extrema necessidade. Esse prazo é oferecido para que
os cardeais resididos em diversas partes do mundo possam se deslocar à
Roma, a fim de participarem da reunião que elege o sucessor do último
Papa – o Conclave.
Segundo o mesmo Motu Proprio, a
decisão pelo Colégio Cardinalício, deve considerar que todos os
cardeais tenham chegado à Roma para o início da eleição papal. O mesmo
documento dá ainda a possibilidade de se prolongar o início da eleição
por alguns dias, se houver motivos graves.
O governo da Igreja
A Constituição explica que, durante o
período de vacância, a Sé Apostólica fica sob o governo do Colégio dos
Cardeais somente para o despacho dos assuntos ordinários ou inadiáveis.
Ao mesmo tempo, os cardeais não têm poder ou jurisdição alguma no que se
refere às questões da competência do Sumo Pontífice.
O mesmo documento também destitui dos
cargos de presidência todos os cardeais que estejam como responsáveis
por Pontifícios Conselhos, assim como o Cardeal Secretário de Estado,
Cardeais Prefeitos e membros de tais conselhos.
De acordo com a Universi Dominici Grecis,
cinco cardeais continuam desempenhando seus trabalhos durante a Sé
vacante: o chamado Camerlengo da Igreja Romana, o Penitenciário-Mor, o
Cardeal Vigário Geral para a diocese de Roma, o Cardeal Arcipreste da
Basílica do Vaticano e o Vigário Geral para a Cidade do Vaticano. Estes
continuam a despachar os assuntos ordinários, submetendo ao Colégio dos
Cardeais o que deveria ser submetido ao Papa. As demais funções
continuam no que é da sua jurisdição.
Os fiéis católicos e o período de vacância
A Constituição Universi Dominici Grecis
considera que a vacância e o Conclave não são fatos isolados do Povo de
Deus e reservado apenas ao Colégio dos eleitores. Segundo a mesma,
trata-se, em certo sentido, de uma ação de toda a Igreja. Por isso, os
fiéis estão convocados a se unirem em orações pelos acontecimentos que
permeiam a Fé Católica durante esse período.
O parágrafo 84 da Constituição, cita:
“Durante a Sé vacante, e sobretudo no período em que se realiza a
eleição do Sucessor de Pedro, a Igreja está unida, de modo muito
particular, com os Pastores sagrados e especialmente com os Cardeais
eleitores do Sumo Pontífice, e implora de Deus o novo Papa como dom da
sua bondade e providência.”
Sendo assim, João Paulo II escreve:
“Estabeleço, portanto, que, em todas as cidades e demais lugares, ao
menos naqueles de maior importância, após ter sido recebida a notícia da
vacância da Sé Apostólica, [...] se elevem humildes e instantes preces
ao Senhor (cf. Mt 21,22; Mc11,24), para que ilumine o espírito dos
eleitores e os torne de tal maneira concordes na sua missão, que se
obtenha uma rápida, unânime e frutuosa eleição, como o exigem a salvação
das almas e o bem de todo o Povo de Deus”.
A menção do Papa durante a Missa
As orações eucarísticas rezadas durante
as Missas mencionam o nome do Santo Padre, assim como, o do Bispo
diocesano. Na Sé vacante, a orientação da Igreja é que o nome do
Pontífice seja omitido, rezando apenas pelo Bispo diocesano. Veja como
exemplo a Oração Eucarística II do Missal Romano:
“Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que
se faz presente pelo mundo inteiro: que ela cresça na caridade,
[omite-se: ‘com o Papa...’ e segue-se] com o nosso Bispo (N.), e todos
os ministros do vosso povo.”
“A menção do Papa na liturgia não tem
significado somente de súplica por ele, mas também de comunhão, de união
da Igreja com o Santo Padre. Assim só se pode celebrar a Santa Missa
porque há comunhão com o Bispo de Roma”, explicou padre Paulo Ricardo em
seu site pessoal.
O período de vacância segue até que, da
“varanda das Bençãos” – no centro da Basílica de São Pedro, no Vaticano –
se ouça o anúncio: Habemus Papam (temos um Papa). A data para o
Conclave ainda não foi divulgada, mas com o início da Sede vacante, os
cardeais já começam a trocar ideias sobre o início da votação.
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- Conclave
Qual a função de um carmelengo?
Sé Vacante
Atualmente, o Cardeal Carmelengo é Dom Tarcísio Bertone
No período de Sé Vacante o Cardeal Carmelengo que gerencia o Vaticano
Michelle Mimoso
Da Redação
O Carmelengo é o encarregado de
gerenciar o Vaticano durante a Sé Vacante. Atualmente, esta função, na
Igreja, está sob a responsabilidade do Cardeal italiano Tarcísio
Bertone. É ele quem preside a Câmara Apostólica e cuida dos bens e
direitos temporais da Santa Sé.
Até que o sucessor do Papa seja
escolhido, o Cardeal Camerlengo serve como o Chefe de Estado atuante do
Vaticano. Ele não é, entretanto, responsável pelo governo da Igreja
Católica durante a Sé Vacante, sendo portanto impossibilitado de tomar
ações próprias do Sucessor de Pedro, como escrever encíclicas, criar ou
unir dioceses, nomear bispos, etc.
Com a morte ou renúncia de um Papa, o
Carmelengo é o único que mantém seu cargo, pois é ele quem cuida de
todos os preparativos para o início do Conclave.
Segundo a Constituição ‘Universi Dominici Gregis’, compete a ele também
lacrar os aposentos e escritórios do Papa até que um novo Pontífice
seja eleito; bem como comunicar oficialmente a morte ou renúncia do Papa
ao Cardeal Vigário de Roma, que por sua vez, dá a notícia ao povo com
notificação especial, e também ao Cardeal Arcipreste da Basílica
Vaticana.
É ele quem decide o dia em que devem
iniciar as congregações gerais para a preparação da eleição do Papa
(art. 11). Neste caso, em especial, o Papa Bento XVI publicou um documento autorizando a antecipação do Conclave caso todos os cardeais estejam presentes em Roma.
Com o início do Conclave, cabe ao
Carmelengo, no início do processo da eleição, assegurar, com a
colaboração externa do Substituto da Secretaria de Estado, o fechamento
da Domus Sancatae Marthae, da Capela Sistina, e dos ambientes
destinados às celebrações litúrgicas às pessoas não autorizadas. Além de
receber o juramento dos cardeais sobre a observância do segredo do voto
(art. 48).
É obrigação dele vigiar com diligência, junto aos três Cardeais Assistentes pro tempore, para que não seja, de modo algum, violada a confidencialidade do que ocorre na Capela Sistina durante o Conclave.
Camerlengo é um título que deriva do latim camerarius e significa “adido à câmara” (ficando geralmente subentendido “do tesouro” e “do soberano”).
O Cardeal Tarcísio Bertone, 78 anos, foi
nomeado camerlengo em abril de 2007. Nascido numa pequena região
italiana do Piemonte, o salesiano esteve ao lado do então Cardeal
Ratzinger [Bento XVI] quando este ainda era prefeito da Congregação para
a Doutrina da Fé (1995-2002). Em 2006, Bertone foi nomeado Secretário
de Estado do Vaticano.
Veja mais informações sobre a Sé Vacante no vídeo com padre Paulo Ricardo, sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá
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